🎉 GIRO #250: Edição aberta neste dia especial
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Entre setembro e outubro, o seu GIRO LATINO está diante de grandes marcas: se neste sábado (21) chega em sua caixa de e-mail a edição de número 250 – ou seja, esta é a 250ª semana que você termina totalmente atualizado sobre a vizinhança – no mês que vem nosso projeto também comemora o aniversário de cinco anos no batente do jornalismo independente.
Ainda que muito recompensador, não foi nada fácil sair de uma singela thread semanal no (falecido e na época ainda não destruído por Elon Musk) Twitter e se tornar, em alguns anos, a maior e mais extensa newsletter brasileira sobre o noticiário da América Latina. Nessa jornada, construímos parcerias longevas e pontuais com grandes veículos, como The Intercept Brasil e Agência Pública, vimos nosso podcast inédito sobre mulheres presidentas virar matéria no Nexo e até nos tornamos objeto de estudo em renomadas universidades do país, como a UnB e a USP.
Nosso trabalho também se fez presente em grandes eventos envolvendo a comunidade latino-americana. Só nas Olimpíadas de Paris 2024, foram nada menos que dezenove (!) edições extra – isto é, fora da conta das 250 semanais – para trazer atualizações diárias, em áudio, sobre o desempenho dos atletas do continente nas competições (ouça o balanço do torneio🎙️).
O GIRO segue sempre alerta para as grandes reviravoltas da região – e por isso trouxemos a este espaço, em primeira mão, informações bem explicadas sobre o golpe fracassado na Bolívia no final de junho. Nossa primeira edição extra, por sinal, também foi sobre um golpe boliviano (aquele, infelizmente consumado): em 2019, na derrubada de Evo Morales, quando esta newsletter ainda engatinhava e contava apenas cinco edições regulares até ali.
Como você bem sabe, o acesso integral à newsletter do GIRO virou um conteúdo exclusivo para assinantes que contribuem financeiramente com o projeto – decisão difícil, mas indispensável para termos uma remuneração justa por nosso trabalho constante de curadoria, apuração, redação e edição.
No marco de nossa edição #250, a newsletter de hoje será inteiramente gratuita, mas vem acompanhada de um pedido para quem ainda não se juntou ao nosso grupo de apoiadores: aproveite a oportunidade para conhecer nosso trabalho mais a fundo e, se curtir, contribua para que o GIRO siga em frente clicando no botão abaixo.
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Agradecemos por seu apoio nestas 250 edições e esperamos que a próxima meia década de América Latina seja ainda mais fascinante. No que depender de nós, você continuará recebendo nosso conteúdo em sua caixa de entrada, sempre bem explicado e com o contexto necessário para entender as nuances de cada canto da região.
Abrazos,
Giro Latino
Un sonido:
DESTAQUES
🇨🇴 Colômbia: Petro põe processo de paz com ELN em xeque após atentado que matou dois militares – “Uma ação que encerra um processo de paz com sangue” foi como o presidente Gustavo Petro descreveu, na terça (17), o atual momento das abaladas negociações entre seu governo e o Exército de Libertação Nacional (ELN), principal, maior e mais longeva guerrilha ainda em atividade em território colombiano. A declaração se deu após um atentado que feriu 28 agentes e matou dois deles na base militar de Puerto Jordán, entre dois municípios do departamento de Arauca, na região leste do país. O governo atribuiu as ofensivas com explosivos ao ELN, ainda que o grupo armado não tenha reivindicado a ação até o fechamento deste GIRO. A busca pela paz, é bem verdade, já vinha cambaleante, e não apenas com a maior das guerrilhas ativas. Parte de um plano de “paz total”, defendido por Petro desde os tempos de campanha como forma de fechar feridas históricas, a iniciativa tropeçou várias vezes na falta de consenso, fazendo com que acordos de cessar-fogo começassem e acabassem de uma semana para a outra. As tratativas de paz com o ELN se tornariam o ponto nevrálgico da crise, chegando a contar com a participação de vizinhos latino-americanos – como Venezuela, Brasil, México, Cuba e Chile – e governos europeus no papel de países garantes. O novo episódio joga ainda mais dúvidas sobre o futuro das negociações e poderia, no limite, anulá-las de forma definitiva – o que, no entanto, não havia sido confirmado oficialmente por nenhum dos dois lados da mesa até a noite de sexta-feira (20).
🇪🇨 Sob olhares dos EUA, Noboa quer reforma constitucional para reinstalar bases militares estrangeiras no Equador – Caminhando cada vez mais à direita, o presidente Daniel Noboa apresentou, na segunda-feira (16), um projeto de reforma parcial à Constituição do país para modificar um artigo que proíbe a instalação de bases militares estrangeiras em território equatoriano. Em um comunicado oficial publicado nas redes sociais, o mandatário cita uma “batalha contra o crime transnacional”, o que segundo ele exigiria “uma resposta contundente em escala nacional e internacional”. Em 2023, o Equador liderou estatísticas de violência na América Latina, primordialmente em função de disputas entre grupos narco, o que virou pretexto para Noboa mirar a aplicação do ‘modelo Nayib Bukele’ no país. A ideia do presidente, agora, é reformular o artigo 5º da Carta Magna, retirando a proibição sobre bases militares e definindo o país, de forma bastante genérica, como “um território de paz”. Para que o projeto seja submetido a votações obrigatórias na Assembleia Nacional, necessita, primeiro, ser aprovado pela Corte Constitucional (CC), que vai decidir se o tema deve ser tratado como reforma ou emenda à Constituição. Um veredito deve demorar, no mínimo, mais 20 dias a contar da publicação desta edição, e pode forçar a realização de um novo referendo, dando aos equatorianos o poder de decidir se concordam ou não com a mudança. Noboa comunicou sua intenção de mexer no dispositivo legal desde a Base Aérea de Manta, na região costeira do país, local que há exatos 15 anos deixou de ser utilizado pelos EUA como um centro de operações para o combate ao narcotráfico na região, entre 1999 e 2009. No entanto, o trecho que permitia instalações dessa natureza foi alterado desde que o país aprovou uma nova Constituição em 2008, já sob o governo de Rafael Correa (2007-2017), que alegava que tais acordos violavam a soberania nacional. Enquanto o presidente aguarda uma decisão da CC para tentar reescrever o texto, quem estreita relações com Quito é o governo em Washington, dando sequência ao atual momento de aproximação desde o início da atual gestão andina – sinalizando que, no que depender da Casa Branca, a reinstalação de bases estrangeiras seria bem aceita. Somente nos últimos dias, foram assinados pactos de cooperação entre a Guarda Costeira dos EUA e a Marinha do Equador e um acordo de segurança “contra o crime organizado” que prevê um investimento estadunidense na ordem de US$ 25 milhões.
🇭🇹 Sem eleições desde 2016, Haiti cria conselho eleitoral para tentar voltar às urnas – Em um país onde quem decide as coisas ultimamente são conselhos políticos, o Conselho Presidencial de Transição (CPT) anunciou na quarta-feira (18) a criação de outro órgão desse tipo, que terá a responsabilidade de organizar eleições. Não é a primeira vez que uma iniciativa dessa natureza ocorre nos últimos anos – o ex-premiê Ariel Henry já havia organizado um conselho nos mesmos moldes, que fracassou. Porém, é outro passo do CPT na busca por concretizar o ambicioso plano de chegar a fevereiro de 2026 com um presidente eleito e em condições de tomar posse. Isso implicaria, necessariamente, na convocação da população às urnas em algum momento do ano que vem. A montanha a escalar é muito mais alta do que pode parecer: imerso em crises e com a segurança pública em colapso, o Haiti não consegue realizar eleição alguma desde 2016. O passo a passo desde então é de sucessiva erosão de qualquer resquício de normalidade democrática: sem conseguir escolher representantes legislativos em 2019, o Haiti começou o ano seguinte sem Parlamento funcional, em função da falta de quórum; o então presidente Jovenel Moïse, cuja própria vitória eleitoral havia sido foco de outra crise anterior, passou a governar por decreto; em 2021, Moïse foi assassinado ainda no cargo, dando início a uma breve disputa de poder para sucedê-lo. Quem “herdou” o poder executivo, na ocasião, foi o primeiro-ministro Ariel Henry, que passou anos prometendo (sem avançar) que as eleições aconteceriam logo – enquanto isso, em 2023, os últimos senadores eleitos do país viram seus mandatos chegarem ao fim; embora eles já não pudessem votar há três anos pela falta de quórum na Casa, o episódio foi simbólico, pois, desde aquele momento, o Haiti não tem qualquer representante eleito ocupando cargo algum. Os intermináveis adiamentos de Henry fizeram com que, no início de 2024, sua situação atingisse um nível insustentável: organizações armadas aproveitaram a ausência e o impediram de retornar ao país após uma viagem oficial ao Quênia, causando sua renúncia forçada e deixando o poder nas mãos do atual CPT, formado com intermediação estrangeira. Agora, além da convocação de policiais quenianos e agentes de países caribenhos para atuar no Haiti, até os EUA parecem dispostos a bancar uma missão mais robusta, nos moldes da antiga – e malsucedida – Minustah, que operou entre 2004 e 2017 e teve protagonismo brasileiro. Por enquanto, há muitos planos e nenhum cronograma eleitoral concreto.
🇧🇴 Evo Morales convoca, abandona e depois volta a liderar marcha contra governo de ex-aliado Luis Arce – Os intermináveis conflitos internos do Movimento ao Socialismo (MAS), o partido governista, tiveram uma nova escalada violenta durante a semana com a realização de protestos contra o governo de Luis Arce, convocados pela ala favorável ao ex-presidente Evo Morales (2006-2019). A marcha começou na terça-feira (17) em Caracollo, uma cidade a 190 km de La Paz, com a promessa de avançar diariamente até chegar à sede do governo na próxima segunda-feira (23). O próprio Evo encabeçou o movimento em um primeiro momento e, após conflitos pelo caminho deixarem um rastro de 26 feridos, chegou a anunciar que se retiraria da mobilização, embora continuasse apoiando o protesto. Líderes camponeses, porém, depois afirmaram que o presidente havia mudado de ideia, e continuaria junto ao grupo – algo que efetivamente ocorreu. A manifestação, tachada de golpista por membros do governo Arce, é novo desdobramento da briga para tentar viabilizar uma candidatura de Morales nas eleições presidenciais de 2025: como este GIRO vem contando há meses, a relação entre os dois políticos, que já foi muito próxima, não apenas esfriou como chegou à inimizade, com inúmeras trocas de acusações. A rivalidade se tornou especialmente virulenta após as altas cortes do país definirem, no final do ano passado, que Evo não poderia mais tentar chegar à Presidência – revertendo uma antiga decisão dos mesmos tribunais que havia garantido a possibilidade de reeleições indefinidas para o antigo mandatário. Desde então, “arcistas” e “evistas” disputam a autoridade sobre o MAS, e os grupos alinhados a Evo vêm organizando uma série de protestos tentando garantir que ele possa concorrer. Por enquanto, a decisão judicial que barra a candidatura de Evo Morales segue em pé, mas tampouco está claro que Arce poderá buscar a reeleição pelo próprio partido. Tentando acalmar os ânimos, o governo acenou com a convocação de uma reunião para dialogar com Evo na sexta-feira (20), mas o ex-presidente não compareceu, dizendo que jamais recebeu um convite oficial.
🇭🇳 Honduras: ambientalista é morto a tiros e amplia agonia de defensores da terra; país é 3º mais letal do mundo para a classe, ao lado do México – Um filme grotesco que se repete: o líder ambientalista Juan López, conhecido por se opor às agressões de grandes companhias aos recursos naturais hondurenhos, foi cruelmente assassinado a tiros no sábado (14), quando saía de uma igreja no município de Tocoa, no departamento de Colón. “Um crime vil”, descreveu pelas redes sociais a presidenta Xiomara Castro, que também prometeu sérias investigações e pediu “justiça por López”. Ninguém havia sido preso até o fechamento deste GIRO. O ativista era líder do Comitê de Defesa dos Bens Comuns e Públicos de Tocoa e ferrenho defensor do Rio Guapinol, que vive sob o fantasma da seca e da contaminação causados pela mineração. De forma bastante simbólica, o crime também foi repudiado por organizações indígenas outrora dirigidas por Berta Cáceres, uma famosa liderança originária morta em 2016 em circunstâncias similares – por sua feroz defesa do meio ambiente, foi atacada por sicários contratados por grandes corporações. Apontando o dedo para o Estado hondurenho, entidades ligadas a Cáceres, hoje coordenadas pela filha da ativista, lembraram que López já contava com medidas cautelares outorgadas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pelas constantes ameaças que sofria. O caso aumenta a agonia de um país que ocupou, ao lado do México, a terceira colocação entre as nações com mais mortes de ambientalistas em todo o planeta em 2023 – foram 18 homicídios. O país só fica atrás de Colômbia (79) e Brasil (25), que são consideravelmente maiores em território e população. Segundo um novo relatório da Global Witness, entre 2012 e o ano passado, 149 hondurenhos que defendiam a natureza perderam suas vidas de forma violenta. No ano passado, a América Latina concentrou 85% das mortes registradas contra pessoas dessa categoria.
🇻🇪 Venezuela prende estrangeiros acusados de conspirar para matar Maduro; opositor Edmundo González assina carta reconhecendo derrota eleitoral, mas diz que foi “coagido” – Mais uma semana atribulada no país vizinho, que começou com uma leva de prisões de cidadãos estrangeiros acusados de planejar um atentado contra o presidente Nicolás Maduro. As informações foram divulgadas no sábado (16), e segundo o ministro do Interior, Justiça e Paz, Diosdado Cabello, o ‘número 2’ do chavismo, a operação apreendeu 400 rifles vindos dos EUA, além de deter três estadunidenses, dois espanhóis e um tcheco. Cabello garantiu em coletiva de imprensa que tudo é parte de um plano para “desestabilizar” o país e “suas riquezas”. Em resposta, o Departamento de Estado em Washington até reconheceu a detenção de um homem que seria integrante de suas Forças Armadas, mas classificou de “totalmente falsas” as declarações de suposto envolvimento da CIA em operações contra o país sul-americano. Além do imbróglio entre Caracas e a Casa Branca, há um impasse que também envolve a Espanha – que na segunda (16) cobrou informações sobre seus cidadãos detidos. O pedido da chancelaria em Madri acontece dias após uma série de conflitos de microfone entre os dois países, com direito a declarações espanholas – na mesma linha das que foram dadas pelos EUA – negando quaisquer tentativas de “desestabilizar a Venezuela politicamente”. Mais a fundo, tudo isso ocorre na esteira da saga envolvendo o opositor venezuelano Edmundo González, ex-candidato presidencial, que recebeu asilo político em território espanhol e já está em Madri com a família (saiba mais nos destaques do GIRO anterior). González voltou ao noticiário durante a semana após o governo em Caracas revelar, na quarta-feira (18), uma carta na qual o opositor reconheceria a decisão judicial que, após dias de incerteza, ratificou a contestada vitória de Nicolás Maduro nas eleições de 28/7. O ex-candidato alega, no entanto, que foi coagido a assinar tal documento, gerando uma nova guerra de narrativas. Seja como for, parece que faltou combinar com o resto do bloco opositor de quem Edmundo foi representante nas urnas: após a história da carta vir à tona, lideranças do grupo de adversários do chavismo ficaram entre rechaçar uma carta que disseram não ter “valor algum” e sequer comentar o assunto, como foi o caso da principal figura antichavista, a ex-candidata e ex-deputada María Corina Machado.
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REGIÃO 🌎
Teve de tudo na lista de posições dos países latino-americanos frente a uma nova resolução da Assembleia-Geral da ONU, aprovada na quarta-feira (18), que exige de Israel o fim de sua presença ilegal no território palestino. A medida não é vinculante – ou seja, tecnicamente nada muda, nem mesmo faz frente ao irrestrito banho de sangue promovido pelos militares israelenses contra civis em Gaza, agressões antigas que se intensificaram desde outubro de 2023. Mera medida política, a resolução, no entanto, funciona como uma espécie de termômetro ideológico, revelando o que pensam os governos a respeito de um dos temas geopolíticos mais importantes devido ao elevado número de vítimas na Palestina. A maioria dos países da América Latina esteve entre as 124 nações que votaram a favor do texto, como Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, El Salvador, Honduras, México, Nicarágua e Peru. Há também a turma da abstenção, que contou com Costa Rica, República Dominicana, Equador, Guatemala, Panamá e Uruguai – a posição guatemalteca chama a atenção, já que é o único país da lista governado por um político à esquerda do espectro. Recebidos sem surpresas, porém, foram os votos contrários à resolução, ao lado dos EUA e de Israel. O bloco do contra tem a Argentina, atualmente governada por uma extrema direita pró-Israel, e o Paraguai, conhecido por posições diplomáticas pouco convencionais – como seus laços formais com Taiwan, por exemplo – e por viver um momento de proximidade com o país do Oriente Médio (saiba mais na seção paraguaia desta edição). Haiti e Venezuela não votaram.
ARGENTINA 🇦🇷
[Alerta de gatilho – estupro] O lateral Gonzalo Montiel, jogador da Seleção Argentina e do clube espanhol Sevilla, viajou da Europa à terra natal na terça (17) para comparecer ante à Justiça em função de acusações que enfrenta por supostos crimes sexuais. O atleta é suspeito de ter estuprado a ex-companheira junto com outros dois homens na virada de 2019 para 2020. A vítima, à época com 23 anos, estaria inconsciente no momento da agressão, e também acusa Montiel de tê-la drogado de forma proposital: “Me drogaram até que eu ficasse inconsciente, isso já foi comprovado na investigação”, disse; a defesa do jogador nega. A despeito das denúncias, a carreira de Montiel não sofreu qualquer abalo; pelo contrário, o lateral viveu uma ascensão esportiva desde então, consolidando-se no portenho River Plate até 2021, quando se transferiu para a Espanha. O jogador viveria o auge na Copa do Mundo do Catar, em 2022, quando converteu o último pênalti que consagrou o terceiro título mundial albiceleste. Mais informações.
A crise climática que vem fazendo grande parte da América do Sul sofrer com estiagem e incêndios florestais também está afetando o comércio fluvial que utiliza o Rio Paraná – um trajeto importante para o escoamento da produção de grãos de países como Bolívia, Paraguai, Brasil e a própria Argentina, que controla o trecho final. Dados da Bolsa de Comércio de Rosario mostram que o rio está outra vez se aproximando da mínima histórica: é o segundo menor nível já registrado para essa época do ano, atrás apenas, por enquanto, do visto em uma estiagem parecida em 2021. Para conseguir navegar sem bater no fundo, os barcos têm circulado cada vez menos carregados, com uma carga em média 15% abaixo da capacidade. Na sexta (20), a medição oficial da Prefeitura Naval Argentina apontava que o Paraná marcava um nível de apenas 0,35 m na régua de Rosario, ante uma média histórica de 2,50 m para esse período do ano.
CHILE 🇨🇱
Vai ser necessário “começar do zero”. É esse o entendimento do Google, o gigante da tecnologia, a respeito de um megaprojeto que pretende construir um imenso data center em Santiago. Avaliado em US$ 200 milhões, o plano chegou a receber licença para ser levado adiante em 2020, mas passou à mira da opinião pública, de ambientalistas e residentes da capital pelos riscos ambientais que representa – até ser parcialmente revertido por tribunais ambientais mais cedo este ano. O timing é o pior possível: enquanto o país andino sofre há anos (como muitos de seus vizinhos sul-americanos) com secas extremas, o empreendimento poderia afetar aquíferos chilenos por exigir o uso de pelo menos 7,6 milhões de litros de água subterrânea apenas para o resfriamento de seus equipamentos. Em função das pressões, a empresa reconheceu, na terça (17), a necessidade de dar um passo atrás, dizendo oportunamente que “a sustentabilidade está no centro” de seus processos e que a empreitada no Chile “não será uma exceção”. A companhia, por fim, prometeu criar uma estratégia que opere “com energia livre de carbono” e com estratégias de resfriamento “conscientes” – promessas incertas, mas que foram bem recebidas pelo Ministério da Economia. Não há um prazo para que tudo saia do papel.
Os nascimentos caíram 29% no Chile na última década, fazendo o país atingir a menor taxa de fecundidade da região: apenas 1,17 filho por mulher, muito abaixo do número necessário para a reposição populacional (2,10). O número chileno é tão baixo que já fica atrás de países que famosamente vêm perdendo população, como o Japão, onde a taxa de fecundidade é 1,21. O aumento do custo de vida, a dificuldade de conciliar a maternidade com a entrada no mercado de trabalho e a falta de políticas de Estado para ajudar novas famílias são citadas como as causas para a queda abrupta nos nascimentos no país, vista como excessivamente rápida mesmo quando comparada a países desenvolvidos. “O que levou décadas na Europa, estamos vendo no Chile em 10 ou 20 anos”, comentou uma socióloga ouvida pelo canal T13.
COSTA RICA 🇨🇷
A impressão que se tem é que o presidente Rodrigo Chaves vai seguir arrumando intrigas com praticamente todo mundo até o dia em que passar a faixa presidencial. Capítulo novo de uma novela corriqueira, o mandatário direitista, agora, colocou na mira os magistrados da Corte Suprema de Justiça, a quem acusou de “persegui-lo” após uma operação de busca e apreensão dentro do Ministério da Saúde, no desdobramento de um caso que investiga o próprio Chaves por abuso de autoridade. As acusações do mandatário não ficaram sem resposta: na quinta-feira (19), membros do alto tribunal rechaçaram as declarações, garantindo que atuam “apegados à legislação processual penal vigente” e que a ordem de busca apenas cumpre pedidos do Ministério Público. O MP, por sinal, também precisou se pronunciar após insinuações do presidente: um dia antes, o procurador-geral do país, Carlo Díaz, classificou as críticas de Chaves ao Poder Judicial de “palavas mal intencionadas que pretendem questionar a objetividade e a independência” das instituições. Apesar das várias denúncias contra o presidente, algumas delas já convertidas em investigação, ele segue blindado de ser convocado a interrogatórios em função da imunidade atrelada ao cargo presidencial.
CUBA 🇨🇺
Drama que acompanha a ilha há anos e que se agravou durante a pandemia – quando sanções mais severas sob Donald Trump passaram a sufocar ainda mais a já abalada economia cubana – problemas relacionados à escassez de produtos básicos voltaram à pauta em Havana nas primeiras semanas de setembro. No outra quinta (12), o governo de Miguel Díaz-Canel anunciou a redução do peso e do preço do pão da cesta básica de consumo, problema que afeta o país pela falta de farinha. Segundo Anayra Cabrera Martínez, autoridade do Ministério da Indústria Alimentar (Minal), a mudança “não é definitiva” e foi tomada “de forma temporária para não afetar a produção e para que o pão chegue a todos igualmente”, mantendo a oferta atual. Dessa forma, a gramagem do pão subsidiado passa de 80 a 60 gramas, de maneira que o item será vendido a 75 centavos. Parte de um quadro dramático fruto de sanções econômicas, problemas climáticos e espirais inflacionárias, diversos setores da economia de Cuba passam por dificuldades. Além do ramo do tabaco e do açúcar, outrora pujantes e fundamentais para a Revolução, outro setor que vive um cenário crítico é o da pesca. De acordo com representantes da indústria, o déficit de recursos, os problemas energéticos, a escassez de equipamentos e a pesca ilegal estão entre as razões que solapam a oferta de pescados em todo o território nacional atualmente.
Un nombre:
República Independente de Hualqui – Após a declaração de Independência do Chile, em 1818, o país se viu mergulhado em um grande conflito interno conhecido como Guerra a Muerte, que prosseguiu até 1824. Esse período marcado por embates entre monarquistas e nacionalistas também deu espaço para o surgimento de uma nação meteórica na região de Bío Bío, no centro-sul chileno: cansada do abandono estatal, a cidade de Hualqui proclamou um governo independente em 1823 – mas não durou muito. Dois dias depois, o batalhão da cidade de Concepción controlou os revoltosos, que não tinham verdadeiras aspirações separatistas, mas queriam chamar a atenção do governo nacional para suas reivindicações. A República Independente de Hualqui foi proclamada novamente em 1914, dessa vez com o intuito de protestar contra uma suposta fraude nas eleições locais. A cidade hoje tem um clube de futebol, uma escola e uma rádio comunitária com o nome que homenageia esse breve episódio histórico.
EL SALVADOR 🇸🇻
Sem qualquer oposição, o que o presidente Nayib Bukele fala vira lei. E a última fala teve um tom ambicioso para a economia: no último domingo (15), em seu discurso pelos 203 anos da Independência de El Salvador, o mandatário anunciou que vai apresentar uma proposta orçamentária com déficit zero nas contas públicas para 2025. A medida deve ser votada – só para constar – em um Congresso amplamente governista no próximo dia 30. Críticos questionam a viabilidade da proposta – cuja ideia é barrar o aumento das dívidas interna e externa – e quais serviços essenciais poderiam sofrer com a novidade, já que o orçamento deste ano previa um déficit de US$ 338 milhões para a máquina pública funcionar.
GUATEMALA 🇬🇹
O presidente guatemalteco Bernardo Arévalo foi uma das raras confirmações da América Latina em uma reunião que… não vai acontecer mais. O evento, agora cancelado, seria uma conversa entre líderes regionais e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que buscava demonstrar o apoio latino-americano à causa de Kiev – em vez disso, acabou comprovando que o tema divide (ou mantém indiferentes) os governos da região. A ideia de Zelensky era aproveitar a Assembleia-Geral da ONU, que reunirá chefes de Estado na próxima terça-feira (24), para um tête-à-tête em Nova York. Temendo passar uma imagem oposta ao que desejava, a Ucrânia desistiu da ideia e só vai tentar de novo em 2025 – liberando a agenda de Arévalo naquela que será sua primeira expedição à ONU como líder máximo da Guatemala. Mais informações.
MÉXICO 🇲🇽
Era de se esperar que uma ruptura interna no Cartel de Sinaloa, um dos mais poderosos e violentos da América Latina, acabaria em banho de sangue. E é exatamente isso que tem acontecido: desde o início de setembro, mais de 100 pessoas morreram ou desapareceram em meio à balacera provocada pela formação de duas facções dentro do mesmo grupo narco, segundo informações do secretário da Defesa Nacional, Luis Cresencio Sandoval. O chefe da pasta mais convulsionada do país quebrou o silêncio na terça (17), depois de semanas de apreensão pela crise que se alastrava pela região, há anos dominada pelo narcotráfico. Sandoval confirmou que pelo menos dois militares morreram em operações de segurança nas zonas conflagradas, ao passo que dezenas de pessoas foram presas. No total, 2,2 mil agentes do Exército foram enviados para a porção noroeste do estado de Sinaloa, em uma tentativa de controlar um verdadeiro jogo de xadrez e morte. O cerne da crise está na disputa pelo poder entre Ismael ‘El Mayo’ Zambada, ‘decano’ chefão narco preso no final de julho, e o grupo denominado ‘Los Chapitos’, formado pelos filhos de Joaquín ‘El Chapo’ Guzmán, hoje preso nos EUA. Se Mayo acredita que tem direito ao controle do cartel por ser um dos mais experientes, a prole de Chapo enxerga uma sucessão natural por serem eles os herdeiros de um dos homens mais poderosos do crime. A rivalidade é ainda maior porque a detenção de El Mayo ocorreu após um “ato de traição” de um dos filhos de Guzmán, que teria colaborado para entregar o decano às autoridades dos EUA. Enquanto os dois lados se digladiam e acertam que estiver no caminho, o governo corre contra o tempo para evitar mais massacres: durante a semana, o presidente sainte Andrés Manuel López Obrador e sua futura substituta, Claudia Sheinbaum, que toma posse em outubro, já começaram a traçar novas diretrizes de segurança.
NICARÁGUA 🇳🇮
Um líder indígena do povo Misquito foi detido pelo Exército da Nicarágua no último final de semana. A notícia, que não renderia grandes manchetes normalmente, chamou atenção graças à revelação de veículos opositores como o Confidencial e o 100% Noticias, portais que operam do exílio: o preso foi Steadman Fagoth Müller, ex-assessor do governo para relações com os povos originários na região, indicando uma discordância interna com Daniel Ortega. De fato, na semana passada, pouco antes da detenção, Fagoth Müller chegou a conceder uma entrevista para veículos locais denunciando a invasão de territórios indígenas na costa caribenha do país – embora tenha eximido o próprio Ortega de culpa, o representante indígena criticou duramente as autoridades locais, vinculadas ao governo.
PANAMÁ 🇵🇦
Fósforo e pólvora que fizeram explodir massivos protestos no país contra danos ambientais causados pela mineração em 2023 (relembre o caso no GIRO #205), a firma canadense First Quantum Minerals (FQM), de quem a empresa Minera Panamá é subsidiária, apresentou um plano de aposentadoria voluntária para funcionários, segundo informações divulgadas pela Reuters na segunda-feira (16). A iniciativa buscaria reduzir custos da operação enquanto segue o imbróglio que mantém suspensas as atividades da maior mina de cobre a céu aberto da América Central – há anos na mira de defensores do meio ambiente. Segundo o governo de José Raúl Mulino, que tomou posse em julho, decisões a respeito do funcionamento da empresa só devem entrar na pauta em janeiro de 2025, o que não resolveria o impasse envolvendo centenas de trabalhadores ainda vinculados à FQM. Segundo representantes sindicais, alguns já teriam aceitado o acordo voluntário, ao passo que outros optaram por seguir trabalhando em regime de carga horária reduzida. Mesmo buscando diálogo, a companhia diz que o recomeço de suas atividades seria crucial para a administração de sua dívida, e no mês passado levou o caso aos tribunais contra o Estado panamenho, pedindo indenizações milionárias. A novela segue.
Un hilo:
PARAGUAI 🇵🇾
Após seis anos, Israel voltou a ter uma embaixada funcionando no Paraguai nesta quarta-feira (18). A história da reabertura da representação diplomática é um exemplo do intrincado vaivém que envolve calos pisados de forma inesperada e disputas internas em Assunção: os dois países têm laços históricos de amizade, sem grandes conflitos no cenário internacional – de fato, uma proximidade tão grande que, em maio de 2018, nos estertores de seu mandato, fez o então presidente Horacio Cartes (2013-2018) ordenar a transferência da embaixada paraguaia em solo israelense de Tel Aviv para Jerusalém. O movimento, sempre controverso, tem sido encarado como um reconhecimento de Jerusalém como a verdadeira capital de Israel, uma medida particularmente ofensiva à causa palestina. O problema: três meses mais tarde, em agosto de 2018, Cartes deixou o poder sem que a transferência fosse concluída – e o novo presidente da época, Mario Abdo Benítez, imediatamente tornou sem efeito o decreto do antecessor. Abdo Benítez e Cartes são do mesmo partido, a Associação Nacional Republicana (muito mais conhecida como Partido Colorado), mas de alas opostas, o que explica as decisões que não se conversam. Só que a reversão de expectativas, embora em nada mudasse o que já acontecia na prática há décadas, foi encarada como “gravíssima” por Israel – que decidiu romper as relações diplomáticas. Desde 2023, o Paraguai está outra vez sob nova direção: o atual presidente, Santiago Peña, também é colorado, mas desta vez é um apadrinhado político de Cartes, e anunciou em junho que vai retomar os planos de colocar diplomatas do país em Jerusalém – o que motivou o governo de Benjamin Netanyahu a reatar os velhos laços diplomáticos. A nova fase também se inicia com a promessa israelense de enviar um “especialista em água” (sic) para Assunção no mês que vem, um gesto de boa vontade para o país sul-americano que enfrenta uma seca histórica. Como prova do bom relacionamento, o Paraguai inclusive votou esta semana contra uma nova resolução da ONU que pede o fim da ocupação ilegal de Israel em Gaza e na Cisjordânia – um voto tão atípico que representa a posição de apenas 14 dos 181 países participantes, incluindo os próprios israelenses e (claro) os EUA. Na América Latina, o único país ao lado do Paraguai no quesito é a Argentina de Javier Milei (saiba mais sobre a posição de outros países da vizinhança acima nesta edição, na seção de região). Mais informações.
PERU 🇵🇪
Numa semana morreu Fujimori, na outra… Hitler. Ok, não era aquele Hitler, mas a coincidência de nomes associados a facínoras chamou a atenção. Poucos depois de ver a morte do ex-ditador Alberto Fujimori (1990-2000), no último dia 11, o Peru foi surpreendido pelo falecimento precoce do deputado Hitler Saavedra, nesta terça-feira (17). Aos 46 anos, o congressista do Somos Perú – um partido conservador – conhecido pelo nome infeliz foi vitimado por um mal súbito do coração, conforme atestou a necrópsia dois dias após o óbito. Ele havia sido encontrado sem vida em seu quarto de hotel em Cusco, sem sinais de violência. O mais famoso Hitler peruano estava longe de ser a única pessoa nascida no país a homenagear o genocida alemão: sem grande controle cartorial para impedir a indesculpável referência, mais de 2 mil pessoas carregam o infame nome em solo peruano. Ele não foi o único a entrar na política: um Hitler Alba – também do Somos Perú – já governou o distrito de Yungar nos anos 2010, inclusive tendo que enfrentar na Justiça uma tentativa de banimento de sua candidatura promovida por… um sujeito chamado Lenin Vladimir.
Situação recorrente em vários países da região no último mês (leia sobre o drama da Bolívia aqui e aqui), os incêndios florestais também levaram o Peru a decretar estado de emergência na quarta-feira (18), com a decisão da presidenta Dina Boluarte após uma sequência de devastação ambiental que também havia deixado – naquela altura – um rastro de 16 mortes. O decreto vale por 60 dias e contempla as regiões de San Martín, Amazonas e Ucayali, abrindo caminho para destinar ainda mais recursos aos esforços de mitigação. Além do desastre para a natureza, em solo peruano a preocupação também diz respeito aos sítios arqueológicos, igualmente ameaçados pelas chamas sem controle.
PORTO RICO 🇵🇷
Sem piedade: eleitores que queriam prorrogar o prazo para regularizar sua situação não vão ter nem um dia a mais, após autoridades da ilha definirem na terça-feira (17) que a data final está mantida – uma decisão que teve como protagonistas os próprios partidos que concorrem. Isso significa que todos os porto-riquenhos devem constar nos registros eleitorais até este sábado (21), independentemente do tamanho das filas, sob pena de ficarem de fora da festa da democracia. As eleições de Porto Rico acontecem em paralelo às dos Estados Unidos, em novembro, embora os votantes na ilha não possam escolher o líder em Washington: quem puder comparecer às urnas terá a chance de eleger o governador, o comissário residente (representante porto-riquenho sem direito a voto no Congresso estadunidense) e votar em mais um dos infindáveis referendos sobre o status político da ilha, que há anos vêm dando os mesmos resultados – o desejo de se juntar aos EUA como 51º estado, algo que depende da boa vontade do Legislativo em Washington para avançar. Mais informações.
REPÚBLICA DOMINICANA 🇩🇴
Ela levou 15 anos para ser concluída, no início de 2024, mas para quem foi desalojado por sua construção a história ainda não acabou: moradores das comunidades alagadas para a construção da represa de Monte Grande voltaram a reclamar, na quinta (19), que o governo não entregou o prometido quando obrigou a população a se realocar. Ao todo, 560 famílias tiveram que deixar a área em função da construção de uma hidrelétrica, mas, embora tenham recebido casas para morar, nunca ganharam as terras para plantar – ao menos, é o que denunciam os representantes da comunidade. Segundo os líderes dos desalojados, há até situações de fome por não poder praticar a agricultura, uma situação que “está provocando que muitas pessoas abandonem as casas e acabem indo a outros lugares reconstruir sua vida”, disse um dos representantes. Mais informações.
URUGUAI 🇺🇾
Acontece no fim de semana, em Montevidéu, uma competição que dificilmente conseguiria ser mais uruguaia: o Torneo Mundial de Asadores 2024, uma disputa para definir – como não? – quem faz o melhor churrasco do planeta, ainda que o grosso dos participantes seja da América Latina mesmo. Ao todo, 41 equipes de 12 países vão apresentar seus dotes em diversas categorias, que incluem habilidades em preparar costela bovina, paleta de ovelha, porco, frango, peixe e até sobremesas na brasa, além do indispensável choripán. Os prêmios podem chegar a US$ 3 mil para a equipe que se consagrar campeã mundial, um título apurado entre todas as modalidades possíveis para se assar um pedaço de carne.
De saída, o presidente Luis Lacalle Pou recebeu na quinta (19) resultados de uma nova pesquisa de opinião sobre seu governo, com números bem divididos: 45% dos consultados aprovaram a gestão, contra 40% com opiniões negativas – além de 15% com avaliações neutras ou que não opinaram. Em relação a ex-presidentes nessa mesma época de seus governos, a de Lacalle Pou está entre as mais baixas: segundo o mesmo instituto, Tabaré Vázquez tinha 63% de aprovação ao final do seu primeiro mandato (2009) e José Mujica apontava com 52% no final de sua gestão (2014). Só o próprio Vázquez, no final de sua segunda passagem pelo governo (2019), tinha um número menor, na casa de 34% – não à toa, ele não conseguiu fazer sucessor, abrindo caminho para a vitória eleitoral do próprio Lacalle Pou. No Uruguai, não há reeleição imediata, então o atual mandatário não pode concorrer – o paisito vai às urnas para o primeiro turno no próximo 27/10, com a esquerda ainda favorita para retomar o poder após um hiato de cinco anos.
Amo essa newsletter me sinto honrado por poder dizer que acompanho desde o começo e como passou rápido o tempo 🤧❤️
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