🇧🇴 Bolívia: queimadas devastam área do tamanho da Bélgica em 2024
GIRO #248 | Fogo descontrolado consumiu pelo menos 3 milhões de hectares no que vai do ano na Bolívia, que sofre com repetição de eventos similares nas últimas décadas
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Zonas inteiras evacuadas, aulas ameaçadas pela má qualidade do ar e milhões de hectares consumidos pelo fogo. Poderia ser uma frase sobre o Brasil nos últimos dias, onde as queimadas voltaram a dominar as preocupações ambientais e sanitárias, mas é uma realidade que se repete – de forma ainda mais intensa – na Bolívia, um dos países que mais perdem bosques no mundo para os incêndios florestais. Segundo a Autoridade de Bosques e Terras (ABT), entidade governamental responsável pelo assunto, já são cerca de 3 milhões de hectares afetados no que vai deste ano, uma área do tamanho da Bélgica.
Até o fechamento desta edição, os departamentos de Santa Cruz, Beni e Pando concentravam quase todos os focos de incêndio, sendo Santa Cruz o mais afetado. Os impactos do fogo descontrolado, porém, vão além dessas áreas.
Mesmo enormes, os incêndios que voltam a atormentar os bolivianos sequer podem ser definidos como uma catástrofe sem precedentes: são, na verdade, a repetição de um inferno bem conhecido que parece jamais ter fim – um estudo de 2021 revelou que, nos 20 anos anteriores, a Bolívia viu incêndios consumirem 3,7 milhões de hectares anuais, em média, o equivalente a 10 campos de futebol por minuto. No próprio ano final da série histórica, 2020, esse número havia sido extrapolado, chegando a 4,5 milhões de hectares devastados em 12 meses.
Entre 2001 e 2020, o acumulado de queimadas – que inclui fogos em áreas repetidas – chegou a 74 milhões de hectares, ou 740 mil km², um número equivalente a dois terços do território boliviano.