Influência chinesa: Honduras também abandona Taiwan
América Latina vê cada vez mais países se alinharem a Pequim em busca de parceria comercial. Honduras iniciou aproximação nesta semana; tema também é pauta no Paraguai
Parecia ser só uma promessa de campanha vazia em Honduras. Mas, na terça-feira (14), a presidenta Xiomara Castro confirmou ter instruído seu chanceler, Eduardo Reina, a iniciar negociações para estabelecer relações diplomáticas com a China. Na prática, o movimento significa que a nação centro-americana vai se afastar do laço histórico que mantém com Taiwan, enfraquecendo ainda mais a já precária posição da ilha asiática que historicamente tinha na América Latina um dos seus principais redutos de reconhecimento – sem Honduras, cairia para 13 o número de países do mundo que veem os taiwaneses como a “verdadeira China”, dando as costas para Pequim.
Castro, que devolveu a esquerda ao poder hondurenho no início de 2022, tinha avisado durante o pleito que sua intenção era mesmo abrir conversas com a China “vermelha”, mas seu primeiro ano de governo não teve qualquer avanço nesse sentido. Pelo contrário: após tomar posse, a mandatária se afastou das próprias promessas ao dizer que esperava manter os laços com Taiwan. As expectativas de Taipei por uma manutenção do status quo, porém, foram enfim frustradas nesta semana, vendo cada vez mais seu cinturão latino-americano ruir – na última década e meia, países da região como Costa Rica (2007), Panamá (2017), El Salvador (2018) e Nicarágua (2021) também trocaram de lado, atraídos por robustos investimentos chineses em infraestrutura (e assustados pelo endividamento que muitas vezes vem junto, com condições menos vantajosas para quem não mantém uma diplomacia simpática). Embora não esteja claro o motivo decisivo para que Honduras finalmente levasse adiante as antigas ambições, observadores internacionais acreditam que a clássica estratégia de Pequim também pesou por lá: o gigante asiático vem colocando dinheiro na construção de três barragens para a instalação de hidrelétricas, na ordem de cerca de US$ 300 milhões até agora. Taiwan, por sua vez, não dispõe dos mesmos recursos para manter a parceria diplomática tão atrativa.
Confirmando-se a queda hondurenha, a porção latina das Américas que ainda endossam o posicionamento taiwanês é reduzida a apenas três países: a Guatemala, onde um governo conservador não dá indícios de mudar de ideia no curto prazo; o Haiti, onde a ausência de um governo funcional sequer permite que o tema entre em pauta; e o Paraguai, único sul-americano que resiste aos avanços de Pequim, mas que pode ver uma mudança de postura a depender do resultado das eleições presidenciais marcadas para o final de abril. O candidato opositor, Efraín Alegre, vem falando abertamente sobre a necessidade de “reavaliar” o posicionamento do país, herdado dos tempos da ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989). Já o situacionista Santiago Peña, ainda o favorito nas pesquisas, promete manter as coisas como estão, apesar das crescentes pressões para se abrir à China – o atual presidente, Mario Abdo Benítez, chegou a visitar Taipei em fevereiro, numa mostra da disposição do Partido Colorado em seguir a tradição.
A dificuldade taiwanesa em manter aliados também esbarra na realidade concreta: apesar de ameaças de uma situação complexa após a transição, nenhum dos países da região que viraram a casaca dão sinais de ter passado por dificuldades como consequência disso. Ainda assim, Taiwan voltou à carga alertando que Honduras não deve “tentar saciar sua sede com veneno”. A ilha contou com eco dos Estados Unidos, que – ironicamente para ouvidos latinos – afirmaram que a China “faz muitas promessas e não cumpre”. A chancelaria em Tegucigalpa alega, como parte da motivação para se aproximar da China, que seus pedidos por mais auxílio econômico vindo de Taiwan teriam sido ignorados, assim como sua tentativa de renegociar uma dívida de US$ 600 milhões – afirmações que Taipei nega, garantindo que sempre teria sido receptiva às demandas hondurenhas. Enrique Reina, o ministro de Relações Exteriores de Honduras, reiterou na quarta (15) que seu país está atolado “até o pescoço” em problemas financeiros. “A situação global é complicada, precisamos nos abrir”, resumiu
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🇪🇨 Documentos que facilitariam impeachment não implicam presidente – Alívio, mesmo que momentâneo, para o presidente Guillermo Lasso: uma série de documentos que a oposição via como “bala de prata” para viabilizar definitivamente o impeachment do mandatário teve seu sigilo suspenso durante a semana e… não comprometeu Lasso de forma alguma. Nem o presidente e nem seus familiares apareciam nos papéis obtidos junto à Superintendência de Companhias, órgão que regula e fiscaliza a atividade de empresas no país. Havia expectativa, agora frustrada, de que a documentação comprovasse o vínculo de Lasso ou seu círculo próximo com acusações de corrupção citadas no recente relatório recomendando a destituição do presidente, que o Congresso aprovou no início do mês. “Não há uma só pista que envolva o senhor Guillermo Lasso. Que valor pode ter [o processo de impeachment] se não há nenhuma vinculação”, questionou, na quarta (15), o deputado Ricardo Vanegas, do partido Pachakutik – que, embora vinculado à Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), velha dor de cabeça do presidente e que vem cobrando sua renúncia, não tem dado apoio unânime à tentativa de impeachment. Opositores prometem seguir investigando para fazer o processo vingar. Via Reuters.
🇵🇪 Reportagem desmente governo e demonstra uso de força letal contra manifestantes – Ao contrário do que alega o governo de Dina Boluarte, a polícia peruana atirou para matar nas recentes manifestações contra a gestão da presidenta, que já deixaram pelo menos 48 mortes desde dezembro. Utilizando vídeos de câmeras de segurança, gravações feitas por pessoas que estavam na rua em meio aos protestos e consultando especialistas em armamentos, uma extensa investigação do New York Times conseguiu demonstrar que pelo menos oito vítimas foram alvo de “força excessiva” e uso de munição letal, inclusive com rifles de assalto.
🇨🇴 Colômbia prolonga triste rotina de desastres mineiros – Uma explosão em uma mina de carvão em Sutatausa, a 75 km da capital Bogotá, deixou 21 trabalhadores mortos na quarta-feira (15). Inicialmente, autoridades haviam confirmado 11 vítimas no momento da explosão, mas seguiam com esperança de resgatar os demais mineiros presos nos escombros – no dia seguinte, porém, os desaparecidos foram localizados sem vida. A hipótese inicial é que o acúmulo de gás nos túneis tenha provocado o desastre. As atividades de mineração no subsolo, frequentemente em condições precárias, são velhas conhecidas dos obituários na América Latina, como contamos na edição #144. Só na Colômbia, segundo um levantamento da agência AFP, foram 148 mortes em minas ao longo de 2021, o último ano com dados compilados. No G1.
🇸🇻 Pesquisa eleitoral precoce volta a indicar reeleição tranquila de Bukele – Cerca de 70% dos salvadorenhos estão dispostos a votar no presidente Nayib Bukele para um novo mandato presidencial, demonstrou uma pesquisa divulgada pela imprensa local na terça (14). Apesar de teoricamente proibido pela Constituição do país, as portas para um mandato consecutivo foram abertas por uma nova interpretação feita pela Suprema Corte em 2021, após o órgão judicial ser repovoado por nomes alinhados ao governo – e Bukele já disse que pretende concorrer no pleito previsto para fevereiro de 2024. Na enquete do La Prensa Gráfica, 68% dos 1.500 consultados disseram apoiar a reeleição, contra 13% contrários, além de outros 19% que não souberam ou não responderam. Grande parte da popularidade de Bukele vem da campanha ativa contra as gangues do país – aliás, houve nova prorrogação do estado de exceção, vigente desde 27 de março do ano passado –, que provocou dezenas de milhares de prisões e inúmeras denúncias de violações de direitos humanos e detenções de inocentes, mas tem sido saudada por salvadorenhos por aumentar a sensação de segurança em um país historicamente aviltado pelas pandillas.
🇭🇹 Haiti sorri com “milagre” no futebol – Nada conseguiu impedir a façanha do Violette, clube de futebol de Porto Príncipe já foi campeão da metade setentrional das Américas em 1984 e agora é o primeiro do Haiti a eliminar uma equipe da Major League Soccer (MLS), o rico campeonato dos Estados Unidos. Na terça (14) à noite, parecia que tudo conspirava para uma desilusão: sem jogar pelo Campeonato Haitiano desde a temporada 2020/2021, quando as disputas locais foram interrompidas em função da crise vivida pelo país, a centenária agremiação da capital haitiana ainda foi obrigada a mandar o jogo de ida contra o Austin FC na vizinha República Dominicana, por razões de segurança. Mesmo longe da torcida e sem entrar em campo para disputar partida alguma há 10 meses, um improvável resultado contundente: vitória por 3 a 0. Mas o placar, que normalmente é uma vantagem difícil de superar no futebol, logo pareceu insuficiente: no jogo de volta, nos EUA, o Violette ficou sem sete jogadores, incluindo o goleiro, impedidos de entrar no gigante do norte em função da política migratória – o temor estadunidense era que parte do elenco pedisse asilo no país. Para piorar, como os desfalques eram tão numerosos que o Violette seria obrigado a dar WO, o time de Porto Príncipe precisou ser “reforçado” por atletas amadores que jogam nos próprios EUA, em ligas secundárias ou mesmo nos campeonatos universitários. Pois nenhuma dessas agruras conseguiu provocar a eliminação: jogando na defesa o tempo inteiro no Texas, o Violette perdeu apenas por 2 a 0, mas ganhou de 3 a 2 na soma dos dois jogos, e avançou de maneira improvável para as quartas-de-final da Liga dos Campeões da Concacaf, a Confederação das Américas do Norte, Central e do Caribe. N’O Gol.
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ARGENTINA 🇦🇷
Recorde econômico negativo. O país enfrenta uma situação preocupante em relação à inflação, que atingiu o índice de 102,5% nos últimos 12 meses, informou o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). Após meses de flerte, enfim a barreira simbólica dos 100% foi ultrapassada em um período de quaisquer 12 meses consecutivos, atingindo o maior patamar desde 1991 (considerando apenas a escalada em um mesmo ano, 2022 havia fechado com índice oficial de 94,8%). A alta nos preços tem afetado principalmente os alimentos, que tiveram um aumento de quase 20% em fevereiro. O governo tem adotado medidas para tentar controlar a inflação, que já vive em um cenário de juros muito altos, inclusive apelando para o congelamento de preços. Nesta semana, a grave situação econômica foi motivo de protestos e acampamentos nas ruas de Buenos Aires. No G1.
E não são só os números econômicos que vêm complicando a vida do presidente Alberto Fernández em ano eleitoral: o mandatário foi diagnosticado com uma hérnia de disco, confirmada após uma internação na noite de terça-feira (7). Segundo o comunicado da equipe médica que atende Fernández, a dor será tratada por meio de um procedimento cirúrgico simples, com previsão de recuperação em poucos dias. Enquanto isso, o presidente deve seguir com sua agenda de compromissos de maneira virtual. No Infobae.
BOLÍVIA 🇧🇴
“Plano intervencionista”. É como o ex-presidente Evo Morales (2006-2019) voltou a definir, na quinta (16), o que acredita ter sido o envolvimento dos Estados Unidos no golpe que o derrubou. E prosseguiu, afirmando que tudo seguiu à risca a “ambição saqueadora de nossos recursos naturais, especialmente o lítio”. A nova troca de farpas vem na sequência de declarações de membros da diplomacia estadunidense, especialmente o encarregado de negócios dos EUA na Bolívia, Jarahn Hillsman. Horas antes, ele havia reforçado que Washington “tem como objetivo fundamental trabalhar com outros países e fortalecer a cooperação internacional”. Hillsman acrescentou que a prosperidade global depende do “respeito aos direitos humanos e a soberania dos povos” – uma afirmação que não passou despercebida pelo ex-mandatário boliviano, que sempre relembra as violações de direitos humanos (inclusive com mortes) promovidas pela gestão de Jeanine Áñez contra manifestantes que apoiavam Evo. Em La Tercera.
CHILE 🇨🇱
Novos prejuízos causados pela gripe aviária na região: o Chile confirmou na segunda (13) a detecção do primeiro caso em uma fazenda comercial, no município de O’Higgins, desencadeando uma suspensão automática das exportações por 28 dias e o abate de milhares de aves na área afetada. Ao todo, 40 mil animais foram sacrificados na tentativa de evitar que o vírus se espalhasse para outros aviários industriais, e até o momento as autoridades garantem não haver registro de outros casos do tipo nas regiões próximas, a cerca de 140 km da capital Santiago. Ao todo, as granjas comerciais do país concentram cerca de 30 milhões de aves. No Canal Rural.
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El Anfitrión – Considerado uma obra menor na trajetória do escritor chileno Jorge Edwards, a surpreendente narrativa também é uma releitura do mito de Fausto que nos coloca diante de um chileno exilado na Berlim Oriental. Após encontrar uma figura misteriosa e mefistofélica, o protagonista é imediatamente transportado ao Chile ditatorial a bordo de um prodigioso aparelho, “la Máquina”. Demonstração da destreza do autor em mesclar a realidade e o alegórico, El Anfitrión (que pode ser encontrado em sebos) também apresenta um “diabo” diferente do usual, a quem pouco lhe importa o que virá depois na vida de quem “pactua” com ele, e sim o que veio antes. Falecido nesta sexta-feira (17) em Madri, aos 91 anos, enquanto escrevia o terceiro volume de suas memórias, Jorge Edwards era considerado um dos maiores escritores chilenos do século 20 e foi agraciado com o Prêmio Cervantes, o mais prestigioso da língua espanhola, em 1999. Também diplomata de carreira, ficou mais conhecido por Persona non grata, uma obra que logo o tornou malvisto à esquerda, em que narra os meses em que ficou em Cuba como encarregado de negócios do governo de Salvador Allende – e como rompeu pessoalmente com a Revolução de Fidel Castro.
COSTA RICA 🇨🇷
Segue o conflito aberto entre o presidente Rodrigo Chaves e a oposição, que ainda questiona o mandatário por um suposto esquema de “caixa 2” durante a campanha eleitoral do ano passado. Francisco Nicolás, um dos deputados contrários a Chaves, acusou a sigla governista de transformar a campanha em “uma lavanderia” de recursos. A crise, que poderia levar os envolvidos a penas de até seis anos de cadeia, ainda é discutida tanto no Congresso quanto na Justiça, desde que o Tribunal Supremo de Eleições (TSE) do país acusou o partido de Chaves de ter mantido “um obscuro esquema de financiamento” durante o pleito. Enquanto isso, o presidente voltou à carga contra a parcela mais ativa da oposição, a Frente Ampla, a quem acusou de promover “obstrução” e “destruição” dos projetos do Executivo que chegam ao Parlamento. Em La República.
CUBA 🇨🇺
Parecia missão impossível, mas a Seleção Cubana de beisebol – com um inédito reforço de jogadores que atuam nos EUA, como contamos na última edição – não só conseguiu ir contra as probabilidades como já está nas semifinais do World Baseball Classic (WBC), a “Copa do Mundo” do esporte mais popular da ilha: após perder as duas primeiras partidas e ficar dependendo de uma sequência de vitórias e combinações de resultados paralelos, os cubanos enfileiraram três triunfos consecutivos, contaram com a sorte nas partidas alheias e já estão entre os quatro melhores do mundo. E, se a geopolítica por trás do jogo era destaque antes, na próxima fase será ainda mais: a semifinal será disputada em Miami no domingo (19), e pode ser tanto um duelo de aliados como de inimigos históricos – o adversário de Cuba será quem ganhar um duelo entre os anfitriões Estados Unidos (que também são os atuais campeões) e a Venezuela, neste sábado. Na semifinal oposta, mais presença latina: o México, já naquela que é sua melhor campanha em todos os tempos, enfrenta o superpoderoso Japão, que jamais ficou abaixo do terceiro lugar no WBC e conta com dois títulos. A finalíssima está prevista para terça (21). Em The Playoffs.
EQUADOR 🇪🇨
Clima tenso entre os hermanos. Tudo começou na terça-feira (14), após a fuga de María de los Ángeles Duarte, ex-ministra de Rafael Correa (2007-2017) e condenada a oito anos de prisão por casos de corrupção. Ela estava refugiada há dois anos na embaixada argentina em Quito e apareceu subitamente na representação do país platino em Caracas, na Venezuela. Em resposta, o Equador expulsou e declarou persona non grata o embaixador argentino, Gabriel Fuks. O governo da Argentina devolveu com a mesma moeda, expulsando Xavier Monge Yoder, o embaixador equatoriano em Buenos Aires. Pelo Twitter, Duarte agradeceu à Argentina por tê-la “acolhido diante da perseguição dos governos de Lenín Moreno e Guillermo Lasso”. Na BBC.
GUATEMALA 🇬🇹
A Justiça guatemalteca ordenou, na quinta (16), a prisão de mais um ex-procurador vinculado a investigações contra a corrupção: desta vez, caiu Orlando Salvador López, que atuou nas áreas de Direitos Humanos e Casos Especiais. Segundo a acusação do próprio Ministério Público, López cometeu “abuso de autoridade” e atuou como advogado e tabelião enquanto ocupava cargo na administração pública. Entidades de defesa dos direitos humanos, como a Human Rights Watch, consideram que o caso é mais uma investida do governo de Alejandro Giammattei “contra promotores e juízes que investigaram corrupção e violações aos direitos humanos no país”. Jornalistas também sofrem assédio judicial na Guatemala (leia na edição #171) – talvez o caso mais notório seja o de José Ruben Zamora, diretor do El Periódico preso no ano passado sem direito a habeas corpus. Na Prensa Libre.
Una expresión:
Mano vuelta – Costume ancestral da etnia Tawahka, na região da Mosquitia, em Honduras. A prática consiste em trocar favores e presentes: uma pessoa pode, por exemplo, oferecer um objeto valioso ou ajuda na colheita, em um sistema de rodízio. A mano vuelta pode incluir permutas de tecidos, cerâmicas, colares, machados de pedra, entre outros itens valiosos na cultura Tawahka. É realizada em datas específicas, como nas celebrações de casamentos, funerais e outras festividades comunitárias.
MÉXICO 🇲🇽
Após denúncias de espionagem contra ativistas, o Exército do México será alvo de inquérito no Congresso. Segundo uma série de reportagens publicadas desde outubro de 2022, os militares mexicanos monitoraram ativistas de direitos humanos e jornalistas sem autorização judicial por meio do software “Pegasus” – uma ferramenta israelense que permite hackear aparelhos celulares para interceptar mensagens de texto e grampear ligações. “Não espionamos ninguém”, disse AMLO em uma entrevista coletiva recente. “Tenho confiança na liderança [dos militares], porque eles sabem muito bem que a espionagem é proibida”, ressaltou. O esquema de espionagem foi descoberto graças ao megavazamento do grupo hacker Guacamaya em setembro passado, além de uma análise forense junto às investigações jornalísticas. No LatAm Journalism Review.
Medicina tradicional e mais médicos cubanos. Essas são as novidades do governo de Andrés Manuel López Obrador para a rede de atenção básica do México anunciadas na terça-feira (14). Mais de 7 mil parteiras, 753 médicos tradicionais e quase 1,4 mil voluntários integrarão as equipes de saúde em 11 estados. O objetivo é aproximar a prática médica estatal às tradições de comunidades indígenas. Além disso, o governo mexicano contará com outros 600 médicos cubanos para atuar junto a essas populações. Na TeleSUR.
NICARÁGUA 🇳🇮
Novo capítulo da guerra aberta entre Daniel Ortega e a Igreja Católica: fontes do Vaticano confirmaram, no domingo (12), que a Nicarágua ordenou o fechamento da embaixada do Estado papal em Manágua (e vice-versa), em resposta a declarações recentes do papa Francisco comparando o governo do sandinista a algumas das piores ditaduras da história – incluindo o nazismo. O próprio Ortega afirmou que cogita ainda suspender totalmente as relações diplomáticas com a Santa Sé, embora os dois lados reconheçam que o movimento desta semana “ainda” não significa isso, embora seja um passo firme naquela direção. Na GZH.
PANAMÁ 🇵🇦
O Panamá será o coadjuvante – e provável presa fácil – da Seleção Argentina de futebol masculino no primeiro compromisso da equipe de Lionel Messi após a conquista da Copa do Mundo, em dezembro. Na próxima quinta-feira (23), o estádio Monumental de Núñez em Buenos Aires receberá lotação máxima para ver os campeões em ação no encontro amistoso – em poucas horas após a abertura das vendas, mais de 130 mil pessoas já haviam tentado adquirir ingressos para a partida diante dos panamenhos, quase o dobro da capacidade do estádio. Mas o Panamá não deve estar à altura da festa de gala para a qual foi convidado: o técnico da equipe, o hispano-dinamarquês Thomas Christiansen, confirmou na quarta (15) que vai enviar jogadores reservas para a capital argentina, poupando os principais nomes da – já não muito forte – seleção centro-americana para o confronto contra a Costa Rica, cinco dias mais tarde, pela Liga das Nações da Concacaf. Na Argentina, a única dúvida é por quantos gols de diferença será a vitória. Em El País.
PARAGUAI 🇵🇾
O país anunciou, na terça (14), uma nova campanha para erradicar focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti, em meio a uma nova crise sanitária relacionada a ele – desta vez, não só pela dengue (um velho drama paraguaio), mas pela chikungunya. Segundo as autoridades sanitárias, nas últimas semanas o número de mortes relacionadas ao vírus chegaram a 43 desde o início do surto, com mais de 11,4 mil casos oficialmente confirmados, embora haja claros indícios de subnotificação. As dificuldades também vêm com uma sobrecarga nos serviços de saúde, eles próprios desfalcados pelo aumento das infecções – segundo o Hospital Central do Instituto de Previsão Social, um dos principais do país, cerca de 30% da equipe chegou a estar afastada para se recuperar da doença. No Mercopress.
PERU 🇵🇪
O ciclone Yaku passou a última semana causando danos no país, com chuvas torrenciais, transbordamento de rios e deslizamentos de terra. A destruição deixou ao menos seis mortos e milhares de desabrigados – além de alertas de precipitação extrema em diferentes pontos do Peru, inclusive na capital Lima. O ciclone, que também afetou em menor escala o vizinho Equador, começou a se afastar definitivamente na quinta (16), e se somou a uma série de desastres semelhantes que vêm desde setembro, quando começou a atual estação chuvosa. De acordo com o Centro de Operações de Emergência Nacional (COEN), desde o início de 2023 já são pelo menos 50 mortes e quase 52 mil pessoas diretamente afetadas pelas chuvas. No Infobae.
Un nombre:
Guancasco – Celebração tradicional do povo Lenca e com elementos de sincretismo religioso, o Guancasco é sinônimo de um encontro pacífico entre as comunidades. Durante o ritual, as pessoas usam roupas e máscaras coloridas ao som de música folclórica. Também são comuns debates públicos sobre questões sociopolíticas da comunidade, para buscar soluções aos problemas locais. Na celebração (que incorporou fortes elementos do catolicismo), os participantes agradecem ao santo padroeiro pela colheita e pelas boas relações entre os povos envolvidos.
PORTO RICO 🇵🇷
A erosão costeira vem pontilhando o litoral de Porto Rico de “prédios-fantasma”, abandonados conforme o mar avança sobre a terra e ameaça a integridade das estruturas. O problema, que já vinha sendo agravado rotineiramente pelas mudanças climáticas, acelerou-se após o furacão María, de 2017, e vem rendendo chamados de cientistas para que ações sejam tomadas. Matéria da BBC conta a dimensão humana do drama, com relatos de pessoas que estão em vias de perderem suas casas e já viram suas vizinhanças serem engolidas pelas águas.
REPÚBLICA DOMINICANA 🇩🇴
Pela primeira vez, a República Dominicana recebeu uma visita de um presidente do Banco Mundial: na segunda (13), David Malpass se reuniu com o presidente Luis Abinader, em um encontro para definir temas estratégicos. Em comunicado, a entidade financeira disse que a viagem inédita “redobra os esforços e amplia a carteira de apoio” do banco ao país em “temas vitais”, incluindo água, saúde e a modernização da administração pública. A nação caribenha também foi elogiada pela robusta resposta da economia durante a recuperação após a crise provocada pela pandemia, com um crescimento de 4,9% do PIB em 2022, acima da média latino-americana. No Listin Diario.
URUGUAI 🇺🇾
Parceiro menos convicto do bloco nos últimos anos, o Uruguai de Luis Lacalle Pou outra vez parece ir contra a opinião majoritária do Mercosul: enquanto os vizinhos acreditam que o muito adiado acordo com a União Europeia finalmente estaria próximo de entrar em vigor, o presidente do paisito disse, na quarta (15), que não é “muito otimista” com essa possibilidade. Lacalle Pou citou as resistências de França e Irlanda em relação a temas agrícolas, a dificuldade do Brasil em contornar os problemas da Amazônia, vistos como centrais pelos europeus, além de uma nova sinalização da Argentina de que poderia mudar os temas do texto atual. “Fazemos o acordo ou não fazemos, mas a frustração das expectativas tem um efeito muito mais negativo do que nunca ter tido a expectativa”, disse o mandatário uruguaio, enfatizando que “não é sério” que um acordo leve 25 anos para ser fechado. Via EFE.
VENEZUELA 🇻🇪
A oposição venezuelana vem enfrentando um adversário inesperado em sua relação financeira com os Estados Unidos: a burocracia para avalizar suas novas lideranças após o fim do “mandato” de Juan Guaidó, em dezembro, como cabeça do grupo paralelo reconhecido por parte da comunidade internacional como o “verdadeiro” governo do país. Durante os anos de Guaidó, especialmente durante a gestão de Donald Trump (2017-2021), os EUA congelaram fundos originalmente depositados por Nicolás Maduro e, posteriormente, distribuíram o dinheiro para financiar as atividades da facção política contrária ao chavismo. Mas, desde que Guaidó foi substituído por um triunvirato de deputadas exiladas na virada do ano, a fonte voltou a secar, dependendo que Washington as reconheça como representantes legais com acesso aos fundos. Fontes com conhecimento do tema reclamaram da situação à agência Reuters, dizendo que os EUA prometem resolver o tema para “logo”, mas não o fazem – enquanto, paralelamente, o governo Joe Biden vem aliviando sanções a Maduro.
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