Vírus mata um latino a cada 12 minutos
894 mortes e 27.615 casos na região ▪ Plano dos EUA para Venezuela minimiza Guaidó ▪ Panamá cria quarentena por gênero ▪ País a país, um resumo das notícias do continente, no Giro Latino #24
O coronavírus deve fazer sua milésima vítima na América Latina neste sábado. O continente superou a marca de 100 novas mortes por covid-19 em um único dia pela primeira vez na quarta-feira (1º) e, na sequência deste início de abril, nunca mais baixou dos três dígitos diários: foram 375 mortes na região entre quarta e sexta-feira. No mês que apenas começa, os países latinos têm chorado uma nova morte, em média, a cada 12 minutos – e, é claro, registram casos em uma velocidade muito mais rápida: em abril, tem sido um novo doente confirmado na AL a cada trinta segundos. Na última semana, os casos cresceram 135% na região. As mortes, ainda mais: 285%. Veja nossa atualização semanal, por país, clicando aqui.
Diante da crise, governos que agiram rápido têm conquistado o apoio da população. Já os que menosprezaram o vírus, como os de Brasil e México, vêm perdendo popularidade. Mesmo com a enorme subnotificação, a tendência é que a situação piore muito antes de melhorar. O Equador, cujo cenário dramático havíamos destacado na newsletter da semana passada, tornou-se o exemplo mais sombrio do colapso sanitário: sem estrutura para receber os corpos, hospitais precisam apelar para contêineres frigoríficos e famílias desesperadas têm deixado seus mortos nas ruas da cidade mais afetada, a litorânea Guayaquil. Mas outros países merecem atenção: Honduras, Peru e México têm aumentado rapidamente suas contagens de vítimas. O próprio Brasil tornou-se nesta semana o primeiro país latino a confirmar pelo menos mil novos doentes por dia. Se março foi difícil, abril promete repetir as manchetes sombrias e a quarentena exaustiva: a maioria dos latinos prevê seu pico para o fim do mês ou os primeiros dias de maio – e a chegada do frio nas regiões mais ao sul pode colocar ainda mais pressão sobre os sistemas de saúde, com as doenças sazonais se somando aos problemas.
Enquanto os Estados Unidos rapinam os estoques de produtos médicos, muitos dos quais tinham a América Latina como destino, alguns países se destacam: na Costa Rica e no Chile, por exemplo, testes massivos vêm permitindo mapear a situação enquanto a taxa de letalidade ainda se mantém muito baixa (0,5% e 0,6%, respectivamente, contra 5,3% no mundo e 4% no Brasil). O ministro da Saúde da nação andina chegou a fazer um comentário sarcástico, dizendo que tem ventiladores de sobra e teme até ser denunciado por estourar o orçamento “comprando demais” na prevenção. Mas, com os casos e as mortes mais do que dobrando semanalmente em quase todos os lugares, talvez seja muito cedo para qualquer país cantar vitória sobre a maior pandemia dos últimos cem anos.
Un sonido:
Também no YouTube.
ARGENTINA 🇦🇷
Após dias fechados pela quarentena, os bancos reabriram nessa sexta (3) e houve filas gigantescas para sacar benefícios sociais e aposentadorias. Para especialistas, o erro de planejamento do governo em relação ao fechamento dos bancos nos últimos dias pode custar caro: embora não ponha abaixo as medidas de isolamento adotadas até aqui, submeter os idosos a filas que duraram horas abriu uma brecha na quarentena justamente com a população que mais se queria proteger. Após o caos, o governo anunciou um cronograma diferenciado para o setor bancário poder atender sem aglomerações em abril. No Clarín.
O governo decretou que demissões massivas sem justa causa estão proibidas por 60 dias. A decisão veio após uma empresa desligar quase 1,5 mil funcionários. Assim como no Brasil, empresários argentinos protestam contra a paralisação. Na Folha.
Um jovem de 24 anos voltou dos EUA, não respeitou a quarentena e foi a uma festa de aniversário com 100 pessoas. Cinco dias após seu retorno, começou a manifestar sintomas do covid-19, foi internado e recebeu alta. Mas, antes de saber que estava com a doença, ele já havia se tornado um potente transmissor: pelo menos 20 pessoas presentes na festa testaram positivo e o avô do jovem, de 71 anos, faleceu durante a semana vitimado pelo coronavírus. No Clarín.
Na semana em que o início da Guerra das Malvinas completou 38 anos, o arquipélago registrou seu primeiro caso de coronavírus: trata-se de um militar que havia sido internado na terça (31) na base expandida pelos britânicos após o conflito. A Argentina havia oferecido, no fim de março, assistência médica para lidar com o covid-19, mas a população local rejeitou o auxílio. Os resultados dos testes nas Falklands demoram mais que o normal pois precisam ser enviados ao Reino Unido. No Penguin News.
BOLÍVIA 🇧🇴
Primeiro município indígena da Bolívia, reconhecido em 2004, a nação Monkoxi de Lomerío começou a fazer isolamento voluntário, colocando barricadas nas vias de acesso à localidade. A medida foi adotada após a cidade vizinha de Concepción registrar casos de covid-19. Os líderes locais, no entanto, pedem ajuda ao governo, pois o município é um dos mais pobres do país, sem médicos para atender eventuais doentes ou policiais para garantir as normas de quarentena. Em El Deber.
Entre sexta (3) e domingo, caminhões desinfetantes percorrem 3,6 mil quilômetros em Santa Cruz de la Sierra, a cidade com mais casos de covid-19 no país, um trajeto cerca de mil quilômetros mais longo que a viagem por terra entre a própria Santa Cruz e o Rio de Janeiro. A ideia é eliminar dos espaços públicos o vírus, que permanece vários dias ativo dependendo da superfície em que se encontra. Em El Deber.
Un hilo:
CHILE 🇨🇱
Como tem ocorrido com os líderes que tomaram medidas rápidas diante da crise do coronavírus, até mesmo o presidente Sebastián Piñera vem ganhando popularidade nas últimas semanas. O mandatário, que em meio aos protestos chegou a registrar a pior avaliação de um presidente chileno desde a redemocratização (6% de aprovação), tem aumentado seus índices há três semanas consecutivas e agora conta com o apoio de 21% dos ouvidos pelo instituto Cadem, segundo dados divulgados domingo (29). Em La Tercera.
Veterinários chilenos fizeram sua primeira oferta para o “esforço de guerra” na contenção do coronavírus: estão catalogando os respiradores utilizados em animais no país para colocá-los à disposição do Ministério da Saúde quando a crise se agravar. O Chile estima que o pico de internações no país deva ocorrer entre o fim de abril e os primeiros dias de maio e, embora o levantamento do conselho veterinário tenha localizado apenas cerca de dez respiradores, o espírito das autoridades é que, neste momento, “tudo ajuda”. Na Radio Biobío.
O cônsul-geral do Chile na cidade argentina de Rosario morreu vítima do novo vírus, aos 65 anos. Fernando Labra Hidalgo trabalhava há 32 anos em cargos diplomáticos e teve papel importante em negociações bilaterais, principalmente no tempo da finada Unsaul. No Perfil.
COLÔMBIA 🇨🇴
O Exército de Libertação Nacional (ELN), última guerrilha ativa na Colômbia depois dos acordo de paz entre as FARC e o Estado, decretou um cessar-fogo unilateral por conta da pandemia. Desde o atentado com carro-bomba que deixou 22 mortos em 2019, o governo se recusa a renegociar a paz com o grupo armado. Em El País.
Mais de 90% dos empresários do país dizem ter visto suas vendas reduzidas desde o início da pandemia, e sete em cada dez afirmam estar preocupados com o futuro. Uma estimativa conservadora diz que em torno de 20% das micro, pequenas e médias empresas da região de Bogotá não devem sobreviver às paralisações do coronavírus, e os projetos de salvamento do governo são considerados insuficientes. Em El Tiempo.
COSTA RICA 🇨🇷
Uma emergência dentro da emergência: é como a AyA, empresa responsável pela água encanada e saneamento de metade dos costa-riquenhos, define o aumento no consumo de água durante a crise. Embora estimativas indiquem que 100 litros diários por pessoa seriam suficientes para todas as necessidades, desde o início das medidas de isolamento a média de consumo está em torno de 400 litros. De acordo com a AyA, embora o temor pelo coronavírus aumente as medidas de higiene, a população precisa fazer um uso consciente do recurso, que pode vir a faltar e agravar a situação sanitária. No Nación.
Un nombre:
Malvinas – o nome argentino para o disputado arquipélago vem, na verdade, do francês. Os primeiros colonos do local eram navegadores oriundos de Saint-Malo e as chamaram pelo gentílico de quem vinha daquela cidade: Malouines. Já o nome britânico originalmente nomeava o estreito entre as duas ilhas principais e homenageia o visconde de Falkland, um dos donos do barco que descobriu o estreito (chamado de San Carlos em espanhol) em 1690.
CUBA 🇨🇺
Os médicos cubanos voltam a conquistar o mundo em meio à crise do coronavírus. Após os EUA passarem os últimos anos buscando desmantelar os programas de cooperação da ilha – e sendo bem-sucedidos em países como Bolívia, Brasil e Equador, que encerraram seus acordos após a ascensão de governos conservadores –, a emergência sanitária mandou as diferenças ideológicas às favas: desde o início da pandemia, Cuba já enviou missões médicas a 14 países, incluindo nações europeias como Itália e a pequena Andorra. Estima-se que haja, atualmente, 37 mil médicos cubanos trabalhando em 67 países, a maioria deles enviados em missões anteriores à crise atual. Via AP.
EL SALVADOR 🇸🇻
“Casa o plomo”: as duas principais gangues salvadorenhas, MS-13 e Barrio-18, ameaçam quem descumprir a quarentena obrigatória. Segundo os pandilleros, até mesmo as cobranças ilegais vão parar em nome da saúde da população. Durante a semana, circulou no país um vídeo em que supostos membros das gangues agrediam um homem por sair de casa. A presença de forças do Estado nas ruas também tem restringido o poder das chamadas maras. Em El Faro.
Com tanta gente em casa, o país que até 2017 era o mais violento do mundo vem registrando uma redução histórica de homicídios: foram 65 ao longo do mês em março, e El Salvador chegava a registrar em torno de 600 mensais nos seus tempos mais violentos. Acentuada pela quarentena, a redução não é de hoje: o país havia encerrado 2019 com um índice de 37,5 homicídios a cada 100 mil habitantes, muito abaixo do recorde (103 a cada 100 mil) de quatro anos mais cedo. Via AP.
EQUADOR 🇪🇨
Corpos pelas ruas. A frase resume os últimos dias dos equatorianos da província de Guayas, cuja capital é Guayaquil, maior cidade do país. Aglomerados em casas apertadas e sem ventilação, cidadãos desinformados violam a quarentena e acabam, como em vida, esquecidos à espera de um enterro digno. Os autores deste GIRO produziram um vídeo exclusivo para o Intercept Brasil, contando o caso (atenção: imagens fortes). O Equador tem apenas a oitava população da América Latina, mas o segundo maior número de mortes pelo covid-19, atrás apenas do Brasil.
O presidente salvadorenho Nayib Bukele comprou nova briga diplomática pelo Twitter. Após citar o Equador como um exemplo negativo da América em relação ao coronavírus, seu homólogo equatoriano, Lenín Moreno, respondeu acusando Bukele de espalhar boatos. Em El Universo.
GUATEMALA 🇬🇹
As deportações de migrantes irregulares se tornaram uma dor de cabeça por um novo motivo na Guatemala: a partir de quinta (2), os EUA estão enviando imediatamente aqueles que forem detidos em sua fronteira, sem o habitual período de detenção ou testes para detectar o covid-19. As medidas drásticas foram anunciadas justamente por conta do vírus, e agora deixam os guatemaltecos temendo que os casos se multipliquem em seu próprio território. Em 17/3, a Guatemala tentou barrar as deportações, mas acabou precisando levantar a proibição dois dias depois. Pelos termos de um acordo assinado com Washington no ano passado, a Guatemala se tornou o destino de imigrantes de outros países centro-americanos barrados nos EUA. Na Prensa Libre.
Un clic:
HAITI 🇭🇹
Ainda sem revelar dados confiáveis sobre o surto no país, o Haiti volta suas atenções à OEA, assumindo a presidência rotativa do conselho permanente da entidade. Mais pobre e fragilizado de todo o continente, o país registra menos de duas dezenas de casos confirmados, mas tem escassa capacidade de realizar testes e medir sua situação real. Um dos autores deste GIRO conversou com um médico da capital Porto Príncipe e resumiu a situação calamitosa dos caribenhos neste fio.
HONDURAS 🇭🇳
Bomba-relógio: um em cada três pacientes hondurenhos com coronavírus é internado em algum dos 14 hospitais disponibilizados para lidar com a pandemia no país. Os demais, considerados casos menos graves, são orientados a receber tratamento em casa. O temor das autoridades é pelas circunstâncias em que são mantidos: para não infectarem parentes e demais moradores, os casos positivos de covid-19 precisariam permanecer isolados, mas 36% das casas em Honduras não têm peças suficientes para fazer esse isolamento, aumentando as chances de contágio. Em El Heraldo.
MÉXICO 🇲🇽
Corona versus Corona: o Grupo Modelo, fabricante mexicano de 46 marcas de cerveja, incluindo a tradicional Corona (que teve sua imagem bizarramente afetada pela pandemia de coronavírus, com 38% dos estadunidenses dizendo que não comprariam mais a marca), anunciou que suspenderá a fabricação e comercialização de seus produtos durante a crise. A medida vem após um decreto do governo, na terça (31), que não incluiu as cervejarias entre as produções agroindustriais essenciais que podem operar no período de crise, o que promete deixar o país sem cerveja na quarentena. Em El Financiero.
A quarentena pode ter efeitos pesados sobre a saúde mental dos mexicanos, indicou o presidente da Associação Psiquiátrica do país, Bernardo Ng Solís. De acordo com ele, estimativas indicam que até 35% das pessoas poderão vir a sofrer a chamada “síndrome de quarentena” no mundo, mas no México esse número poderia chegar a 50% da população, que seria “mais sociável” que a média internacional e sentiria mais o isolamento. O período sem convívio tende a aumentar as crises de ansiedade, pânico, agressividade e apatia, intensificando o consumo de substâncias viciantes. No Excelsior.
NICARÁGUA 🇳🇮
Daniel Ortega segue sumido: o presidente não compareceu nem mesmo ao velório do deputado Jacinto Suárez, falecido nesta semana aos 73 anos, histórico companheiro de militância sandinista e tido como um dos seus melhores amigos. As especulações de que Ortega respeita uma quarentena particular apesar de seu governo recomendar o contrário voltaram a ganhar força. Também causou indignação a imagem de oficiais militares e funcionários do governo guardando distância uns dos outros durante o funeral, apesar de o regime insistir que a população não precisa fazê-lo. Em La Prensa.
Em novo sinal de que os dados oficiais nicaraguenses são subestimados (o país tem o menor número de casos confirmados na AL, apenas cinco), Cuba anunciou no último sábado que um dos novos casos registrados na ilha havia sido “importado” por um viajante que voltava da Nicarágua – o que poderia até mesmo sugerir a ocorrência de transmissão comunitária em um país que ainda só reconhece, em seu próprio território, casos importados. O episódio chamou atenção porque Cuba é uma das raras aliadas da Nicarágua atualmente e teria poucos motivos para desmentir o governo Ortega-Murillo. Autoridades de Manágua pediram que os cubanos “revisem” a informação. Na Radio Corporación.
Una cuarentena:
PANAMÁ 🇵🇦
Em drástica medida para conter o avanço do coronavírus no país com mais casos per capita da AL, o presidente Laurentino “Nito” Cortizo anunciou uma ideia para cortar a circulação pela metade: desde quarta-feira (1º), homens e mulheres só podem sair às ruas do Panamá em dias alternados: mulheres às segundas, quartas e sextas; homens às terças, quintas e sábados, com os domingos vedados a todos. A medida tem causado temor na população trans do país, que não sabe o “dia certo” em que é aceita nas ruas ou a reação das autoridades que flagrarem alguém que “não se encaixe” com a norma do dia. No Infobae.
PARAGUAI 🇵🇾
Com um número ainda relativamente pequeno de casos e o menor número de mortes da América do Sul, o Paraguai vê sua população ficar complacente com o coronavírus e começa a tomar medidas mais extremas para apontar os riscos: na sexta (3), o governo anunciou publicamente que está aumentando a compra de bolsas mortuárias para os cadáveres infectados. Na cidade de Ayolas, a 300 km de Assunção, as entradas da cidade foram bloqueadas com montes de terra para evitar a vinda de viajantes de outras partes do país – e, caso o aviso não fosse suficiente, o prefeito ainda mandou colocar um caixão em cima de um deles. No ABC Color.
PERU 🇵🇪
O presidente Martín Vizcarra anunciou, na quinta (2), uma série de medidas que restringem ainda mais a circulação durante o pico do coronavírus no país. O pacote inclui uma imitação da polêmica ideia panamenha, de só permitir a circulação de homens e mulheres em dias alternados, e também a obrigatoriedade de sempre utilizar máscaras fora de casa. Em El Comercio.
O Congresso aprovou, na sexta (3), uma lei que permite aos peruanos sacar parte do dinheiro que têm depositados nos fundos de pensão privados do país, de modo a combater as dificuldades econômicas que a crise do coronavírus vem causando. Os contribuintes poderão sacar, em duas parcelas, até 25% do valor que têm investido, com um teto de retirada de 12.900 soles (R$ 20 mil). Em El Comercio.
PORTO RICO 🇵🇷
À espera de uma ajuda de US$ 3 bilhões já aprovada no Congresso dos EUA, a governadora Wanda Vázquez estendeu o lockdown até o meio de maio. Os caribenhos já registraram 15 mortes e 378 casos confirmadas. Se fossem um país, estariam em quinto lugar no ranking de casos per capita entre os latinos. Em The Hill.
REPÚBLICA DOMINICANA 🇩🇴
O segundo bebê do mundo a morrer por covid-19 era dominicano. Na terça (31), o ministério da Saúde confirmou o falecimento de uma criança de seis meses de vida, poucos dias após os EUA terem anunciado o que se acreditava ser o primeiro caso fatal do mundo em um bebê. Pouco depois desse caso, o ministro da Saúde, Rafael Cárdenas, confirmou a morte de outra criança, de 2 anos. No Hoy.
Una expresión:
No hay mal que cien años dure – frase de origem espanhola, é usada em momentos difíceis para lembrar que, em algum momento, tudo isso vai passar. É comum transformar a expressão em ditados mais longos, com as frases na sequência podendo variar: No hay mal que dure cien años, ni cuerpo que lo resista, ni médico que lo cure, ni botica que lo asista…
URUGUAI 🇺🇾
Nos dois primeiros dias deste mês, as solicitações de seguro-desemprego no país já dobraram a média mensal histórica: foram 21.016 pedidos no Uruguai entre 1º e 2 de abril, indicando um mês de resultados provavelmente ainda piores para os trabalhadores do que março já havia sido, quando 86 mil pessoas entraram na lista dos novos segurados. Até o momento, a grande maioria (85%) dos casos se refere a suspensões temporárias do contrato de trabalho, não a desligamentos definitivos. A onda de suspensões chegou até mesmo à Seleção Uruguaia de futebol, onde inclusive o treinador Óscar Tabárez teve o contrato interrompido. Em El Observador.
Com um mês de cargo, o presidente Lacalle Pou é aprovado por 65% dos uruguaios, diz pesquisa da Equipos Consultores. O resultado põe o político de centro-direita como nome mais bem avaliado nesse começo desde a volta da democracia, em 1985, entre os que não pertencem ao Frente Ampla, coalizão de esquerda que governou nos últimos 15 anos. Assim como muitos de seus vizinhos, Pou deu uma resposta rápida à crise sanitária. Em El País.
VENEZUELA 🇻🇪
Nem Maduro, nem Guaidó. Sem conseguir tirar o chavista do cargo e com o opositor autoproclamado presidente cada vez mais obsoleto, Washington, ao seu estilo, propõe um plano de transição política no país. Os norte-americanos se comprometem a levantar as sanções caso sejam realizadas eleições presidenciais livres e retiradas do país as forças de segurança estrangeiras. A ideia dos EUA é ver as duas lideranças saindo de cena e abrindo caminho para um conselho de cinco membros. A cartada norte-americana: o conselho seria nomeado pela Assembleia Nacional, hoje controlada pela oposição. Em El País.
Para renovar esperanças. Um casal de São Paulo acolheu uma mãe venezuelana e seus dois filhos que estavam há 15 dias abrigados no aeroporto de Guarulhos, à espera da reabertura do espaço aéreo. O pai das crianças, que migrou para a Argentina há dois anos, esperava reencontrar a família em março, mas foi surpreendido pelo fechamento das fronteiras. Com saudade, mas acolhidos, os venezuelanos esperam a poeira baixar para fechar essa história com um sorriso no rosto. Na Folha.
Buscando evitar um caos anunciado no sistema de saúde, o país prepara uma série de testes de coronavírus em detentos pelo país. A recomendação é para que cada preso seja testado, algo que não acontece, segundo denunciam ONGs. De acordo com o observatório de prisões do país, a população carcerária chega a 40 mil. No Pitazo.
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O Giro Latino é produzido por Girão da América, Impedimento e Fronteira.