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Por que El Salvador repete cenas do Carandiru
Covid: 216,8 mil casos e 11,4 mil mortes || O "passaporte da imunidade" do Chile || Paraguai: zero pacientes na UTI com coronavírus || País a país, um resumo das notícias do continente, no Giro Latino
O presidente Nayib Bukele foge ao estereótipo de lideranças latino-americanas. Tem só 38 anos – o que faz dele um millennial –, é visto com boné para trás e até brinca com memes em seu bastante ativo Twitter. Uma coisa, porém, o coloca dentro da esquete continental: ele é mais um a violar os direitos humanos e centralizar o poder em si mesmo. E com menos de um ano à frente do cargo.
Durante a semana, cenas grotescas de membros de gangues empilhados em pátios de prisão ganharam a atenção da mídia. O episódio é resultado de uma medida de segurança máxima em presídios salvadorenhos; além de proibir o contato entre as celas, misturou membros de pandillas rivais no mesmo lugar. Além disso, permitiu que as Forças Armadas usem força letal para abordar criminosos. As medidas vieram após um surto de assassinatos no final de abril, episódio que não seria tolerado pelo presidente. A oposição teme que a “carta branca” para matar venha a ser usada também contra adversários políticos. Bukele vem em uma escalada autoritária, que começou quando ameaçou parlamentares com o uso do Exército, invadindo o Congresso com tropas armadas, em fevereiro. Para ele, cujas ações já acendem o alerta na ONU, não há espaço para contrariedade.
Em entrevista ao portal The Brazilian Report, Steven Levitsky, autor de Como as Democracias Morrem, classificou Bukele com um “populista autoritário”, alertando para o risco dos tempos de pandemia às democracias latino-americanas. Na esteira da boa avaliação pela postura eficiente diante da crise sanitária, o líder salvadorenho vai fazer o que quer no poder. E, para azar da institucionalidade, o povo aplaude, já que a lógica do “bandido bom é bandido morto” tem apelo enorme em um dos países mais violentos do mundo.
😷 Puxado por Brasil e México, o coronavírus manteve sua curva ascendente na América Latina nesta semana, ultrapassando duas marcas trágicas: os 200 mil contágios e as 10 mil mortes. Na terça-feira (28), registrou-se o recorde, até aqui, de novas mortes confirmadas em 24 horas: 952. Veja nosso detalhamento por país.
Un sonido:
Também no YouTube.
REGIÃO 🌎
O Brasil tem 33% da população da América Latina, mas responde por 40% dos casos de covid-19 e quase 53% das mortes na região. Isso apesar da subnotificação: o país está entre os que menos testam sua população. Em uma semana em que até Donald Trump destacou o Brasil como exemplo negativo entre os sul-americanos, os vizinhos começam a se preocupar com o ritmo da pandemia por aqui, estudando restrições fronteiriças que podem se estender bem além da fase mais grave da crise. Via AP.
Não é novidade que o narcotráfico lucra muito na América. Mas, apesar da caçada aos responsáveis não ser tão difícil, o Estado pena para botar as mãos no dinheiro do narco. Mesmo após condenar criminosos. No caso de Argentina e Colômbia, uma ferramenta jurídica foi importante para driblar os trâmites e resgatar a grana, algo crucial em tempos em que a saúde precisa de repasses: a chamada “extinção de domínio”. Ainda que os primeiros a usar especificamente na pandemia, eles não são os únicos a contar com o instrumento na lei: Bolívia, El Salvador, Guatemala, Honduras, México e Peru também dispõem dele e podem fazer parecido. Na BBC.
ARGENTINA 🇦🇷
O país proibiu, na segunda (27), a venda de passagens aéreas internacionais até o início de setembro, uma medida que ligou o sinal de alerta nas companhias aéreas. Embora o veto a viagens internacionais não seja exclusividade argentina neste momento, um banimento por um período tão longo ainda não havia sido visto no continente. Via Reuters.
As principais cidades do país registraram panelaços na noite de quinta (30), em protesto contra a liberação de detentos para protegê-los da covid-19 nas prisões. A oposição denuncia que, entre os mais de 700 condenados já soltos, estão também presos por crimes graves. No Clarín.
A Associação do Futebol Argentino (AFA) declarou encerrada a temporada 2019/2020 em função da pandemia. As vagas para torneios internacionais foram distribuídas de acordo com a classificação no momento da parada e o rebaixamento foi suspenso até 2022. É o primeiro país sul-americano a tomar uma medida tão extrema, e potencialmente o único: por seguir o chamado “calendário europeu”, a Argentina já estava se aproximando do fim de suas disputas e tinha um campeão definido, enquanto todos os vizinhos ainda estavam no início. Na Folha.
BOLÍVIA 🇧🇴
Após muita demora, o auxílio emergencial pela pandemia começará a ser pago na próxima terça (5). Além de tardio, o pagamento é considerado insuficiente: será distribuída uma única parcela de 500 bolivianos (R$ 385) à população sem renda e que já não recebe outros subsídios do Estado – menos de 25% do salário mínimo. Quase dois terços dos trabalhadores bolivianos vivem na informalidade, a proporção mais alta do mundo segundo o FMI. Em El Deber.
CHILE 🇨🇱
O governo promete lançar na próxima semana o “Carnet Covid”, primeira versão do continente de um “passaporte da imunidade” para identificar quem já pegou a covid-19 e cumpriu o isolamento. Após críticas da OMS, lembrando que a ciência ainda não garante que já ter superado a doença significa estar imune, o Chile apressou-se em dizer que seu documento é apenas uma certificação de alta clínica, não de imunidade. Os editores deste GIRO explicaram como funcionará o carnê, no Intercept Brasil.
Tradicional destino turístico, a região de Valparaíso está entrincheirada para evitar a chegada de viajantes em mais um feriadão pandêmico: 19 postos de controle foram instalados nas estradas de acesso, fiscalizando os veículos e rejeitando quem não morar no local. Medida semelhante já havia sido implementada na Semana Santa, mas agora o controle foi ampliado. Em La Tercera.
Un hilo:
COLÔMBIA 🇨🇴
O país se tornou o 37º membro oficial da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o chamado “clube dos países ricos”, que visa garantir aos integrantes maior progresso na economia a partir de normativas-padrão nas áreas do desenvolvimento, meio ambiente, sociedade, etc. Colombianos pleiteavam o posto desde 2013 e agora se juntam a México e Chile como únicos latino-americanos dentro do grupo. O Brasil de Bolsonaro tentou forçar a entrada, mas ainda não foi possível – nem mesmo após os afagos, sem contrapartida, a Donald Trump. Em El Colombiano.
O Exército de Libertação Nacional (ELN) vai recuar da decisão de cessar fogo por conta da pandemia. Segundo a guerrilha, última célula armada oficialmente ativa no país, a trégua encerrada em 30/4 não será prolongada por culpa de um “governo belicoso, surdo aos pedidos do papa e diante da tragédia humanitária do país”. Enquanto a trama se desenrolava, pelo menos 20 combatentes se entregaram ao Exército colombiano, que pôde apreender o armamento. Em La Vanguardia.
COSTA RICA 🇨🇷
Com o país mantendo um baixo número de vítimas pela covid-19 e a menor taxa de letalidade da América Latina (0,8%, ou seis mortos em 719 casos), os resultados da boa resposta à crise aparecem na opinião pública: o presidente Carlos Alvarado, cujo governo era aprovado por apenas 22% da população em novembro, agora tem 65% de apoio. Já o Ministério de Saúde e a CCSS, órgão que administra os hospitais públicos, têm aprovação quase total: 95%. No Nación.
CUBA 🇨🇺
Primeiro de Maio sem marchas: uma das principais festividades desde a revolução de 1959, o Dia do Trabalhador será celebrado hoje sem manifestações públicas, respeitando o distanciamento social. O governo já havia anunciado o cancelamento das festividades no fim de março, marcando a primeira vez que o país não terá atos na data desde 1995, quando a crise econômica do Período Especial suspendeu os festejos. Diferentes organizações se uniram na campanha “Minha Casa, Minha Praça”, tentando marcar o 1º/5 como a data com menos gente nas ruas de desde o início da pandemia.
EL SALVADOR 🇸🇻
Em guerra aberta com o presidente Bukele (leia mais na abertura da newsletter), o Congresso derrubou o veto à repatriação dos salvadorenhos varados no exterior. O Executivo, temendo novos contágios, queria mais um mês para apresentar medidas, mas os legisladores mantiveram o prazo para hoje. A chancelaria, no entanto, ainda não anunciou qualquer plano para trazer os cidadãos de volta. Em ElSalvador.com.
Un nombre:
Colo Colo – hoje mais famoso internacionalmente por batizar o maior clube de futebol do Chile, Colo Colo foi um dos mais importantes líderes do povo mapuche, tido como o responsável por viabilizar a resistência contra a invasão espanhola no século 16. O nome do araucano vem, simultaneamente, de um ser da mitologia mapuche que se alimentaria da saliva de suas vítimas, e de um felino comum nos Andes e na Patagônia, conhecido em português como gato-palheiro e chamado pelos nativos de colocolo. Leia mais.
EQUADOR 🇪🇨
Em um caso simbólico da dificuldade de o Equador (país com mais mortes por milhão do continente na atual pandemia) identificar suas vítimas da covid-19, uma mulher dada como morta pela doença reapareceu viva mais de um mês depois em um hospital de Guayaquil. Alba Maruri, 74 anos, foi declarada morta em 29/3 e sua família chegou a receber as supostas cinzas da idosa. Mas, no último sábado (25), ela acordou do coma em que estava e pediu aos médicos que telefonassem para sua muito surpresa irmã. Na BBC.
Durante a pandemia, não se fica retido só no exterior: há quem não consiga se mover no próprio país. Cerca de 2,3 mil habitantes das ilhas Galápagos seguem varados em cidades do continente, desde que a restrição a voos foi imposta em março. Embora pertençam ao Equador, as ilhas ficam a mil quilômetros da costa. E o isolamento tem ajudado: enquanto o país tornou-se um dos exemplos mais trágicos do continente, já tendo registrado oficialmente 900 mortes por covid-19, apenas uma delas ocorreu nas Galápagos. Via AP.
GUATEMALA 🇬🇹
O primeiro satélite da história do país já está em órbita. De nome Quetzal-1, o projeto demorou seis anos para sair do papel e gravitar ao redor da Terra, e terá contato direto com a base localizada na Universidade del Valle, na capital. A conquista foi muito celebrada pela comunidade científica: “é possível, sim, fazer bem as coisas aqui”, disse um dos responsáveis. O nome da tecnologia é o mesmo da moeda guatemalteca que, por sua vez, homenageia o quetzal-resplandecente, típica e avermelhada ave da região, conhecida como a “serpente de plumas”. Em El Economista.
O presidente Alejandro Giammattei vetou um decreto vindo do Congresso, que previa garantir a entrega de serviços básicos – água, energia e internet – à população em situação vulnerável. Após a repercussão negativa, o mandatário foi às redes justificar que o texto só retornou ao legislativo por “apresentar inconstitucionalidades”. Os legisladores, porém, derrubaram o veto na noite de quinta (30). Na Prensa Libre.
HAITI 🇭🇹
Membros de um sindicato policial entraram em confronto com forças de segurança após protesto por melhorias salariais na capital, queimando dois veículos do Ministério da Economia. É a segunda vez que enfrentamentos acontecem por reivindicações da classe policial, que pede uma remuneração de 50 mil gourdes (R$ 2,7 mil). O governo criticou o que chamou de “atos de vandalismo”. No Notimérica.
A Polícia Federal do Brasil cumpriu dois mandados de busca e apreensão em uma suposta agência de viagens operada por um haitiano naturalizado brasileiro, em Pinhais (PR). O homem é acusado de estelionato e falsidade documental e estaria operando um esquema que cobrava de seus conterrâneos cerca de R$ 500 para falsificar certidões da Embaixada do Haiti. No site da PF.
HONDURAS 🇭🇳
A profissão de doméstica viola os direitos das mulheres no país, chegando a se equiparar à exploração infantil, revelou o estudo “Demomujer: Trabajo Doméstico Remunerado”. O documento aponta que muitas mulheres, em grande parte menores de idade, estão sujeitas a condições subremuneração e desamparo legal. A situação é grave em um país onde o trabalho infantil atinge 12% da população de 5 a 17 anos. Na Prensa de Honduras.
Outro país a desistir do futebol pela pandemia, Honduras declarou encerrada a sua temporada na quarta (29). Com o Clausura, segundo campeonato de 2019/2020, ainda nas fases iniciais, as disputas foram canceladas, sem proclamar campeão ou determinar equipes rebaixadas. Em El Heraldo.
Una palabra:
Mamihlatinatapai – Termo usado pelos yagans, na patagônica Terra do Fogo. É o momento de reflexão em volta da fogueira, quando os avós transmitem suas histórias para os jovens. Mas há outro significado possível: uma troca de olhares entre duas pessoas, cada qual esperando que o outro tome a iniciativa de uma ação que ambos desejam, mas não estão dispostos a fazer.
MÉXICO 🇲🇽
Quien Te Vio y Quien Te Ve: antes um dos líderes mais fanfarrões quando o assunto era coronavírus, o presidente López Obrador tem mudado o tom e já fala, até, em achatamento da curva, sempre citando especialistas e argumentos técnicos. “Vivemos um tempo difícil”, disse o líder, que agora defende o isolamento social. O país com mais vítimas na região após o Brasil tem 1.859 mortes e quase 20 mil infectados, uma letalidade altíssima de 9,7%. No Infobae.
Segundo o governo e a União Europeia, estão concluídas as negociações para o Acordo de Associação Econômica, Concertação Política e Cooperação (TLCUEM), pacto para as áreas de energia, matéria-prima, sustentabilidade, compliance e combate à corrupção. Agora, os termos serão revisados pela parte mexicana antes da ratificação. Em El Demócrata.
Arqueólogos encontraram uma aldeia pré-hispânica, com resquícios de civilização que datam entre os anos 1200 e 1546. O antigo povoado foi localizado em Mahahual, na costa caribenha da Yucatán. Segundo o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), é a primeira encontrada nessa região. Em El Siglo de Durango.
NICARÁGUA 🇳🇮
Enquanto o governo esconde quantos testes de covid-19 já realizou, organizações independentes se mobilizam para registrar os casos suspeitos. De acordo com o Observatório Cidadão Covid-19, a Nicarágua já registrava pelo menos 316 casos suspeitos da doença em quarentena no último domingo (26). Mas, como a ONG não pode realizar testes, o país segue com os números oficiais mais suspeitos do continente: segundo o Ministério da Saúde, apenas 14 casos confirmados no país, o número mais baixo entre os latinos, mesmo sem qualquer medida do governo em prol do isolamento social. No Confidencial.
PANAMÁ 🇵🇦
Pelo menos 150 escolas particulares do país fecharam as portas em função da crise causada pela suspensão de aulas durante a pandemia. O governo estuda subsídios para “resgatá-las” e evitar uma pressão ainda maior sobre as públicas, projetando que até 10% dos alunos do setor privado terão que ser absorvidos pelas escolas do Estado no momento do regresso. Em La Estrella de Panamá.
PARAGUAI 🇵🇾
Em novo desdobramento do “Caso Ronaldinho”, as investigações complicaram o argumento da defesa: de acordo com o Ministério Público paraguaio, uma análise do celular de Roberto de Assis Moreira (irmão e empresário do ex-jogador) indica que ele teria conhecimento da confecção dos documentos falsos que motivaram a prisão da dupla. Os advogados dos irmãos vinham garantindo que eles não sabiam que as identidades e passaportes eram falsos. Ronaldinho e Assis seguem detidos em Assunção, mas já fora da cadeia: agora cumprem prisão domiciliar em um hotel. Na GaúchaZH.
Segundo o presidente Mario Abdo, o país não tem mais nenhum paciente na UTI por conta do coronavírus. Os bons resultados na luta contra a doença permitem ao governo a implementação da chamada “quarentena inteligente” (que ainda divide opiniões), um retorno paulatino às atividades de trabalho e lazer, com exigências de distanciamento e higiene. Com 266 casos confirmados e 10 mortes no país, Abdo atribuiu os números relativamente baixos à reação precoce e ao isolamento. No Infobae.
PERU 🇵🇪
Keiko Fujimori será liberada sob fiança após a revogação do pedido de prisão provisória por lavagem de dinheiro e contribuições ilegais recebidas da Odebrecht durante suas campanhas presidenciais de 2011 e 2016. A filha do ex-ditador Alberto Fujimori estava na cadeia desde 29/1 e também havia entrado com um pedido de soltura por razões humanitárias, pelo risco de contrair coronavírus. A liberação de ontem, porém, veio graças a um recurso anterior. Na Folha.
Nove detentos foram mortos durante uma rebelião na cadeia de Miguel Castro Castro, em Lima, na segunda (27). Em uma ação que tem se tornado comum no continente, o motim começou em protesto contra a falta de medidas para conter o coronavírus na prisão. Na RPP.
Un clic:
PORTO RICO 🇵🇷
Soterrado por denúncias de corrupção e má utilização de recursos emergenciais catástrofes anteriores, como o furacão Maria em 2017, o governo local volta a mostrar ineficiência: nenhum centavo dos US$ 290 milhões liberados pelo governo dos EUA para a educação durante a pandemia foi utilizado. Tudo porque, até agora, Porto Rico não detalhou como investirá os recursos que estão ao seu dispor desde 23/3. A situação é ainda mais grave porque cerca de 70% dos alunos dependiam da escola para se alimentar, ficando sem garantias após a suspensão das aulas. Enquanto o dinheiro não vem, professores estão tirando do próprio bolso para distribuir alimentos às famílias. Via AP.
REPÚBLICA DOMINICANA 🇩🇴
Longe das manchetes por conta do coronavírus, uma série de mortes por consumo de bebidas adulteradas marcou abril: pelo menos 131 pessoas morreram em três semanas após consumir clerén, destilado de cana clandestino originário do vizinho Haiti. Produzido em condições precárias, o clerén pode ser contaminado por metanol, um álcool altamente tóxico. De acordo com as autoridades, havia concentração de até 50% de metanol nas amostras coletadas após as primeiras mortes, em 7/4. Em 2019, o país já havia passado por um “surto” de mortes de turistas, o que ligou o alerta de autoridades dos EUA (um dos principais públicos). O possível impacto negativo no turismo dominicano e a histeria preocupavam especialistas. No Hoy.
URUGUAI 🇺🇾
O presidente Luis Lacalle Pou garantiu que o ano escolar não será perdido, mesmo sem uma data definida para retornar às aulas nas cidades. Lacalle Pou diz haver um cronograma mesmo para cenários extremos, em que as classes não fossem retomadas antes de setembro. “As crianças não vão gostar”, brincou, “mas o que haverá são menos férias”. No interior, onde os casos de covid-19 são raros, 915 escolas rurais com até 50 alunos foram autorizadas a reabrir nas últimas duas semanas. Em El Observador.
VENEZUELA 🇻🇪
O governo anunciou um aumento de 77% no salário mínimo a partir de hoje (1º), elevando o valor de 450 mil para 800 mil bolívares (míseros R$ 25). Segundo o ministro do Trabalho, Eduardo Piñate, o aumento (o segundo em 2020) não interfere nos valores de benefício social. No 24matins.
O Itamaraty comunicou aos 34 funcionários ligados ao governo Maduro, não reconhecido pelo Brasil, que deixem o país “em caráter definitivo”. A medida sacramenta o fim da relações entre os países. Com Juan Guaidó enfraquecido, o ponto de contato entre Brasil e Venezuela é meramente comercial. O rompimento diplomático começou em 2017, ainda sob Michel Temer. Com a eleição de Jair Bolsonaro, que tem a Venezuela um de seus espantalhos, tudo foi pelo ralo. Na Folha.
Há um ano, muitos pensaram que as coisas poderiam mudar na Venezuela. Em 30 de abril de 2019, o oposicionista Juan Guaidó, então com o frescor do reconhecimento internacional e a responsabilidade de liderar a primeira oposição que destronaria o chavismo, tirou o também oposicionista Leopoldo López de sua prisão domiciliar e se levantou contra o governo. Como se personificasse o próprio Guaidó, o levante – que rendeu imagens dramáticas que correram mundo, como a dos manifestantes atropelados por blindados militares – não deu em nada. Desde então, nem investidas em nível nacional foram respaldadas e o autoproclamado interino, por ironia da geopolítica, segue esquecido apesar do endosso de 50 países – atributo que, como o bolívar, vai depreciando. Em La Prensa de Lara.
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