🔥 5 pontos para entender a crise na Guatemala
Manifestantes atearam fogo ao Congresso no sábado. Lei orçamentária depenando fundos de saúde e educação foi estopim.
Neste último sábado (21), uma imagem que compartilhamos em nosso Twitter viralizou: manifestantes atearam fogo ao Congresso da Guatemala, em protesto contra um orçamento federal repleto de cortes importantes para 2021. Pela manhã, em nossa newsletter, havíamos sido o primeiro veículo brasileiro a informar que algo estava errado no país: o dia anterior já registrava protestos violentos, embora ainda não no nível do sábado. A bomba prestes a explodir abriu uma fissura entre presidente e vice: este até sugeriu que a chapa renunciasse. Atendendo a pedidos, o GIRO resume o que você precisa saber para se atualizar sobre essa crise:
1. Como começou? O estopim foi a lei orçamentária do ano que vem, aprovada na quarta-feira passada (18): em meio à crise da pandemia, decidiu-se aumentar estímulos às empresas e à construção, só que isso veio acompanhado de cortes na saúde e na educação. A aprovação do tema a portas fechadas catalisou uma insatisfação maior: para muitos, o acordo foi negociado na surdina entre Legislativo e Executivo justamente por ser impopular.
2. Os protestos. Opositores do acordo tomaram as ruas da Cidade da Guatemala, capital do país, quase imediatamente após detalhes da negociata emergirem por meio da imprensa. No sábado, as manifestações atingiram seu ápice: milhares se reuniram em frente ao Congresso e alguns manifestantes entraram no prédio, iniciando o fogo cujas imagens correram o mundo. Fora da capital, também houve protestos. Os pedidos iam desde o veto ao orçamento até a queda do presidente, Alejandro Giammattei.
3. O governo pode cair? Na América Latina, é ingenuidade cravar que qualquer governo não possa cair. Mas, até o momento, o ultraconservador Giammattei não perdeu o apoio que importa: de quem tem as armas, com a polícia muito ativa na repressão aos protestos. Também é improvável uma renúncia em favor do vice, Guillermo Castillo – os dois não se bicam. Não à toa, Castillo sugeriu uma renúncia conjunta, “pelo bem do país”. Mas garantiu: sozinho, não sai.
4. A repressão. Ao fim do sábado, autoridades contabilizavam 60 atendimentos médicos por intoxicação com gás lacrimogêneo, 37 presos e 14 hospitalizados, sendo dois com traumas oculares, podendo perder a visão. Em uma cena chocante, como sicários do crime organizado, policiais foram flagrados retirando armas de um esconderijo sob o pavimento de uma via pública. A Procuradoria de Direitos Humanos diz que houve abuso e exigiu a renúncia do ministro de Governo, responsável pela segurança, e do diretor da Polícia Nacional. Até este GIRO extra, nenhum caiu.
5. E agora? Pressionado pela maior onda de protestos desde que Giammattei tomou posse, em janeiro deste ano, o governo recuou. Nesta segunda (23), o Congresso garantiu que interrompeu o trâmite do questionado orçamento e nem chegará a enviá-lo para sanção presidencial, abrandando as indignações. A dúvida é até que ponto as reclamações serão contempladas quando a poeira baixar: nenhuma alternativa ao texto repudiado ainda foi proposta. Este GIRO seguirá acompanhando e atualizando o caso em suas redes e na newsletter de sábado.
Você, que assina o GIRO LATINO, soube ainda no sábado pela manhã que a situação na Guatemala estava se agravando – e não foi pego de surpresa pelo incêndio da tarde, que atraiu mais olhares para a situação do país. Com o seu apoio, podemos estar sempre em cima dos acontecimentos da região, trazendo de forma melhor e mais completa o desenrolar dos fatos. Torne-se parte de um GIRO cada vez maior: