Manuela Cañizares (1769-1814) ficou conhecida como uma precursora independentista e anfitriã da reunião de 9 de agosto de 1809. Na casa dela, dezenas de líderes da elite criolla decidiram que era hora de derrubar o governo colonial em Quito. E foi Cañizares quem encorajou os convidados, até então hesitantes, a ir à luta contra a Coroa espanhola. “Covardes! Homens nascidos para a servidão... do que vocês têm medo? Não há tempo a perder”, teria bradado naquela noite. Os revoltosos tomaram o poder no dia seguinte e controlaram a província por menos de quatro meses, quando as tropas reais acabaram com a rebelião. As forças oficiais perseguiram, prenderam e mataram os revoltosos – Manuela Cañizares conseguiu escapar, mas morreu em 1814 por sequelas de ferimentos.
Filha de um pai nobre e uma mãe criolla, Manuela Sáenz (1797-1856) foi educada em um convento na adolescência, mas não tinha vocação para freira. Casou com um comerciante britânico e se mudou para Lima, no Peru. Durante as viagens do marido, Sáenz atuava como espiã a serviço dos independentistas peruanos. Foi assim que ela ingressou nos círculos revolucionários do continente e, depois de ser traída pelo marido e retornar a Quito, virou companheira de Simón Bolívar, El Libertador. Mais de uma vez salvou a vida dele e, por isso, o próprio Bolívar a chamou de “a libertadora do libertador”. O caso mais famoso foi o motim de 1828, quando ela o ajudou a escapar por uma janela enquanto enfrentava os traidores. Essa é a passagem mais comentada sobre a história dela. Porém, antes disso, Manuela Sáenz já era libertadora – não de um homem, mas de um país – por ter tomado parte na Batalha de Pichincha, em 24 de maio de 1822, o marco da independência do Equador.
Manuela León (1840-1872) foi uma guerreira indígena de origem Puruhá, na vila de Punín, região central do Equador. Mesmo nascida depois da independência oficial do país, seu povo seguia sofrendo nas mãos do novo governo: trabalhavam de graça na construção de estradas, pagavam dízimo e as mulheres eram estupradas por milicianos. Em 1871, cansada da situação, León comandou a tomada do vilarejo, matou um tenente com uma lança no peito, arrancou os olhos dele e mandou tacar fogo nas casas dos brancos. O governo reagiu decretando estado de sítio em toda a província de Chimborazo e reprimiu a rebelião com força máxima. Aos poucos, os 10 mil soldados indígenas viraram desertores e a líder foi amarrada a um pelourinho e fuzilada. Nas atas oficiais, os carrascos decidiram chamá-la de “Manuel”. Em 2010, Manuela León foi declarada heroína nacional pelo Congresso do Equador.