Presidente do México propõe novo bloco latino e fim da OEA
Chile quer mudar lei de águas de Pinochet | Nicarágua: Lula critica Ortega | Nova reforma monetária na Venezuela | Olimpíadas: latinos superam pódios do Rio/2016
Bastante criticado por sua postura negacionista durante a pandemia da covid-19 e por não conseguir reduzir os números da violência, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, ou AMLO, resolveu fazer diferente: no final de julho, marcando o aniversário do líder independentista Simón Bolívar e por ocasião da reunião de chanceleres da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o mandatário anunciou sua proposta mais republicana e agregadora até aqui – a de criar um bloco latino-americano nos moldes da União Europeia, “mas apegado à nossa história, à nossa realidade e às nossas identidades”.
Além de marcar o que pode ser uma guinada no discurso de um líder que pouco fez para além das fronteiras do próprio país – em 2018, ao ser eleito, chegou a dizer que “a melhor política externa é a interna” – a medida poderia, enfim, devolver a América Latina ao debate de um projeto conjunto de integração regional. Até então, a ideia tinha entrado pelo ralo com o sepultamento da União das Nações Sul-Americanas, a Unasul, que deu lugar a um grupo de interesses neoliberais – o Prosul – com poucos efeitos práticos para fortalecer as alianças latino-americanas.
A postura de AMLO também pode determinar os rumos políticos dos próximos anos: além de ser anunciada pelo chefe do segundo maior e mais rico Estado da região – e que também pode ter papel-chave no que diz respeito aos EUA, por razões geográficas – o discurso pode encerrar um certo vazio de protagonismo à frente dos interesses regionais. E viria em boa hora: além do abandono da diplomacia brasileira, que historicamente manteve a pretensão de liderar essas funções à frente da vizinhança, o continente viu a pobreza, a fome e o desemprego decolarem durante a pandemia.
AMLO também acenou às esquerdas vizinhas: com falas abertamente anti-imperialistas (incluindo um elogio à histórica resistência cubana às sanções), pediu que, no limite, a nova ordem continental “não deve descartar a substituição da OEA por um organismo verdadeiramente autônomo, não lacaio de ninguém”. Em anos recentes, a entidade teve um papel determinante no golpe contra o ex-presidente Evo Morales em 2019, endossando uma tese (jamais comprovada) de fraude nas urnas, estopim para o violento desborde social na Bolívia. Além disso, seu secretário-geral, o uruguaio Luis Almagro, é criticado por perseguir toda e qualquer esquerda da região, com ou sem motivos, enquanto se cala diante das crises em governos conservadores. Antes membro do partido Frente Ampla e antigo chanceler no governo Pepe Mujica (2010-2015), Almagro foi expulso da coalizão de centro-esquerda que governou o Uruguai por 15 anos por insinuações golpistas para resolver a situação política na Venezuela.
Esse é um dos vários pontos de conflito que AMLO, ao menos na teoria, quer tentar superar com uma nova dinâmica entre nações latino-americanas. De quebra, o presidente mexicano pode se consolidar: como seu mandato é de seis anos (e só acaba em 2024), ele não deixará o poder em breve, como deve acontecer com os mandátarios à direita nos protagonistas Brasil, Colômbia, Chile. Somam-se a isso os anúncios de que o México vai receber um diálogo entre governo e oposição venezuelanas, postura que contrasta com os anos de retaliação diplomática à Venezuela (e que, na prática, não ajudaram em nada). O México de López Obrador também dá sequência a uma tradição de asilo político e diplomacia legalista: em 2019, recebeu Evo Morales quando este teve que fugir da Bolívia após o golpe; no início deste ano, ofereceu asilo ao ciberativista australiano Julian Assange, hoje preso no Reino Unido. Apesar de sua proximidade com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e as reverências aos símbolos estadunidenses, o controverso político mexicano vai mostrando que pelo menos suas palavras não são subservientes. Ao contrário. Em um momento de seu discurso em 24/7, AMLO deu um recado até a Washington: “não somos um protetorado, uma colônia ou seu quintal”.
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Un sonido:
DESTAQUES
🥇🥈🥉 Girão Olímpico – A América Latina superou seu desempenho nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, e os países da região já acumulavam 53 subidas ao pódio (sendo 15 pelo ouro) em Tóquio, até às 23:59 desta sexta-feira (6) no Brasil, uma medalha a mais do que há cinco anos – além de outras já garantidas por presenças em finais que ocorrerão no final de semana, em esportes individuais e coletivos. Com o próprio Brasil superando seu recorde de pódios e ainda de olho em bater sua marca de mais ouros, outro destaque nas jornadas japonesas foi para o Equador, que em toda a história olímpica possuía apenas duas medalhas e, em 2021, já conquistou três – incluindo seus primeiros pódios femininos, com atletas do levantamento de peso que foram recebidas em triunfo em Quito. Já Cuba, tradicional potência latino-americana nos Jogos, ainda que em declínio desde o fim da Guerra Fria, deu uma nova demonstração de força e já conta com seu maior número de ouros (seis) desde as Olimpíadas de Atenas/2004, quando subiu ao topo do pódio nove vezes. Entre os feitos da semana, destaque também para Yulimar Rojas, que conquistou o único ouro venezuelano em Tóquio e, para completar, bateu o recorde mundial do salto triplo feminino, voando para 15,67 metros. Os Jogos terminam neste domingo.
🇨🇱 Chile tenta derrubar outra herança pinochetista – O Senado aprovou os termos do novo Código de Águas do país, que busca substituir a lei herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), responsável por privatizar grande parte do recurso natural. Buscando um texto que priorize o consumo humano e o meio ambiente, o novo código exige que as concessões da água sejam temporárias e não mais por tempo indeterminado, permite que o governo crie reservas, além de impor proteções a aquíferos em território indígena e glaciares. A legislação, que passou uma década na Casa mas ganhou tração na esteira dos protestos de 2019 e do recente impulso para reescrever a Constituição, ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados. Via Reuters.
🇬🇹 Novo procurador não acalma ânimos – Um novo procurador anticorrupção foi nomeado pelo Ministério Público da Guatemala, na sequência de uma polêmica destituição que levou a população às ruas exigindo a renúncia do presidente Alejandro Giammattei e da chefe do MP, Consuelo Porras (veja no GIRO #92): Rafael Curruchiche, o escolhido, é acusado de proteger grandes empresários de investigações a respeito de suas contribuições financeiras a campanhas eleitorais – seus casos “não avançam ou são arquivados”, resumiu o jornal La Hora. Dentro e fora da Guatemala, a expectativa é que a nomeação de Curruchiche, um nome próximo a Porras, só coloque mais lenha na fogueira da crise social, que já arde em fogo alto sob suspeitas de que o governo trabalha para garantir a própria impunidade. Via AP.
🇳🇮 Lula critica Daniel Ortega – Uma mensagem que impacta o xadrez regional: o ex-presidente Lula, hoje favorito nas eleições brasileiras de 2022, fez críticas à onda de prisões arbitrárias que acontecem na Nicarágua, mandando um recado indireto ao presidente Daniel Ortega: “não abra mão de defender a liberdade de imprensa, a liberdade de comunicação, porque é isso que fortalece a democracia”, disse o brasileiro, que completou: “quando a gente pensa que não tem ninguém para nos substituir, nós estamos virando ditadores”. As falas do petista resumem a atual situação no país centro-americano: cada vez mais intolerante à atividade da imprensa e a qualquer tipo de oposição, Ortega, no poder desde 2006 e que tentará nova eleição em novembro, tem encontrado críticos pela região. Até aqui, entre candidatos e pré-candidatos à presidência, já são sete presos a mando da polícia do governo, sempre sob a justificativa de que se tratariam de “traidores da pátria”, como contamos neste vídeo. A reflexão feita por Lula também é um aceno ao centro, manobra necessária para uma eventual vitória no próximo ano. Na Prensa.
🇻🇪 Dividindo por 1 milhão – Vem aí uma nova reforma monetária típica da hiperinflação que não cessa na Venezuela: outro novo bolívar vai entrar em circulação a partir de outubro, cortando seis zeros do valor nominal – a nota mais alta, então, será a de 100 bolivares, equivalente a 100 milhões do dinheiro atual (que, por sua vez, valem cerca de R$ 130). É a segunda vez em três anos que a Venezuela recorre ao corte de zeros para tornar os valores mais “simples” sem realmente interromper a espiral inflacionária: em 2018, Nicolás Maduro já havia anunciado um corte de cinco zeros da moeda. Desde então, a situação não melhorou: só no ano passado, a inflação venezuelana foi de 2.959,8%, segundo o Banco Central do país – a mais alta do mundo. Em El Financiero.
Un video:
REGIÃO 🌎
Apesar do temor pela chegada da delta na região, a América Latina ainda vive uma sequência de semanas com baixa nos números da pandemia, enquanto a vacinação segue avançando. Nos últimos sete dias, a região teve seu menor número de óbitos semanais em todo o ano de 2021, com a marca de óbitos mais baixa das últimas 31 semanas. Leia nosso levantamento completo clicando aqui.
O investimento estrangeiro direto na América Latina e no Caribe em 2020 foi o menor em mais de uma década, segundo a Cepal: foram US$ 105,5 bilhões, uma redução de 34,7% em relação ao ano anterior, o pior patamar dos últimos 12 anos. Para Alicia Bárcena, secretária executiva da entidade, é preciso aumentar o investimento público para que a região volte a ser atraente para as empresas transacionais. A Cepal também acredita que a recuperação econômica após o primeiro ano da pandemia será apenas parcial e, entre 2021 e 2022, ainda “não será suficiente para recuperar os níveis de investimento nem de emprego”. Em El País.
ARGENTINA 🇦🇷
Líbano, Palestina e Botsuana. Essas são algumas das nações às quais a Argentina se junta quando o debate são os números econômicos. Vivendo uma crise geral que vem desde antes da pandemia, o país foi rebaixado pela agência de classificação de riscos MSCI (antiga Morgan Stanley Capital International), que agora considera a nação platina um “mercado fronteiriço” e não mais um “mercado emergente”. A denominação, usada apenas para casos sui generis (ou, no rigor do termo, “standalone”) no âmbito socioeconômico, só tem Argentina e Panamá na lista entre os latino-americanos. Segundo a atual vice e ex-presidenta Cristina Kirchner, que tem um bom jargão para a situação particular dos vizinhos, lá é “o lugar onde morrem todas as teorias econômicas”. Em El País.
A ‘Era Messi’ chegou ao fim, ao menos no Barcelona. O desfecho da reviravolta mais badalada do futebol mundial foi confirmado nesta quinta-feira (5), com um comunicado oficial discreto do time catalão, que disse: “o contrato não pôde ser formalizado devido a obstáculos econômicos e estruturais”. Mas o adeus de um dos mais belos capítulos da história do futebol – e que alçou o craque argentino ao incontestável posto de maior jogador da história do azul-grená – não se resume aos critérios burocráticos: desde o último ano, as relações entre Messi e o Barça vinham se deteriorando, rendendo incontáveis rumores de uma iminente saída. O destino do craque segue em aberto, ainda que grandes jornais já cravem a ida do atacante ao PSG, da França. O pequeno gigante de Rosario deixa a Espanha com números à altura de sua passagem: foram 34 títulos, 778 jogos e 672 gols, recorde máximo por lá. Em El País.
BOLÍVIA 🇧🇴
A ex-presidenta interina Jeanine Áñez, que assumiu o poder após o golpe de 2019, seguirá presa. É o que determinou o juiz anticorrupção de La Paz, Andrés Zabaleta, que na terça (3) estendeu por mais seis meses o tempo de prisão preventiva da ultraconservadora. Para o magistrado, liberar Áñez significaria não apenas comprometer as provas do processo mas, também, um “risco de fuga” – há alguns meses, a golpista chegou a ficar foragida e foi encontrada dentro de uma cama box (saiba mais neste vídeo). Presa em La Paz, a ex-interina acumula processos, inclusive uma denúncia por crime de genocídio, aceita pelo Ministério Público em julho. Em La Tercera.
Un nombre:
San Antonio de los Baños – essa cidade de 50 mil habitantes nos arredores de Havana ganhou destaque como o epicentro dos protestos de 11/7, os maiores de Cuba em décadas. O local surgiu com o nome de San Antonio Abad, em homenagem ao santo católico conhecido em português como Santo Antão, fundador do movimento eremita e considerado o “Pai de Todos os Monges”. Mas, ainda na época colonial, o nome foi modificado, já que o lugarejo cubano logo ficou conhecido pelos banhos terapêuticos que os endinheirados de Havana iam tomar no rio Ariguanabo. Saiu o Abad, entraram os baños que a elite tomava por lá desde o século 17.
CHILE 🇨🇱
Entre as melhores campanhas de vacinação no mundo (com 64,6% de cidadãos imunizados), o país divulgou um estudo sobre a efetividade das vacinas mais utilizadas contra o coronavírus. A partir dos dados de 15,4 milhões de pessoas acima dos 16 anos, a pesquisa levou em conta os efeitos da Coronavac, Pfizer e Astrazeneca, considerando o impacto em casos sintomáticos, hospitalizações, entradas em UTI e óbitos. No caso da vacina da Sinovac, a prevenção de morte chegou a 86,6%, contra 100% do registrado para os outros dois laboratórios; no caso da vacina da Oxford, a que teve melhores resultados, o máximo de efetividade foi repetido para casos de UTI e hospitalização simples. Os números da Coronavac levaram o governo Sebastián Piñera a anunciar uma dose de reforço para pessoas que tomaram duas doses do imunizante, medida similar à que, na região, já é vislumbrada no Uruguai e já foi implementada na República Dominicana. No Yahoo.
COLÔMBIA 🇨🇴
Os números da violência seguem sem dar trégua: na terça (3), a ONG Indepaz denunciou o que seria o 62º massacre de civis só em 2021, com a morte de três pessoas no município de Río Blanco, departamento de Tolima. Segundo autoridades, o lugar tem se tornado uma zona de conflito por conta da atuação de grupos armados, muitos formados por dissidências das FARC – apesar da pacificação em 2016, o rescaldo da luta armada segue gerando violência, sobretudo em zonas rurais. Até aqui, além dos massacres, o Indepaz registra 103 líderes sociais mortos no que vai do ano. Na teleSUR.
Pouco mais de um ano depois, um crime brutal que indignou o país ganhou condenação: seis militares foram sentenciados a 16 anos de prisão pelo estupro de uma menina indígena de 12 anos no interior do departamento de Risaralda, e um sétimo pegou pena de oito anos como cúmplice do crime. A menina do povo embera-chamí foi sequestrada e violada em junho do ano passado, época desde a qual os militares permaneceram presos preventivamente. Após a descoberta do caso, outros episódios similares de abusos cometidos por militares vieram à tona. Em El Periódico.
COSTA RICA 🇨🇷
Marca importante: autoridades de saúde informaram na terça (3) que 50% da população de 5 milhões de habitantes já recebeu ao menos uma dose da vacina contra a covid-19, enquanto o esquema vacinal completo já foi atingido por mais de 850 mil cidadãos. O governo celebra, dizendo que a principal meta, a de vacinar todo o público-alvo, foi inclusive “superada”. Na Prensa Libre.
CUBA 🇨🇺
O cantor e compositor Silvio Rodríguez se considera parte da Revolução Cubana, evento que mudou a história da ilha há mais de 60 anos, mas reconhece que seja um momento de “mudança”. Criticando as duras sanções impostas pelos EUA, que se somaram ao pior momento da pandemia quando cubanos foram às ruas em 11/7 para protestar contra o caos socioeconômico e contra o governo (saiba mais em Un video), Rodríguez rechaça qualquer tipo de abuso e repressão. Em uma reflexão que passa pelo presente e passado cubanos, ele diz que, mais do que tudo, é hora de “escutar todas as vozes”. Em El País.
EL SALVADOR 🇸🇻
A polêmica aprovação da Lei do Bitcoin, levada adiante por um legislativo cada vez mais dominado pelo presidente Nayib Bukele e marcada para mudar as regras em setembro, finalmente encontrou algum respaldo de peso: após o mandatário ver o Banco Mundial se recusar a ajudar com a implementação da criptomoeda por apontar “riscos”, quem se animou com a ideia foi o Bank of America. Para o banco, a economia do país centroamericano – muito dependente de remessas internacionais – poderá se beneficiar e “democratizar o acesso a pagamentos eletrônicos”, o que, no limite, pode significar um “progresso”. Ainda que El Salvador seja pioneiro na região, Colômbia e Uruguai também miram a regulamentação do mercado de criptoativos. Na Exame.
Un clic:
EQUADOR 🇪🇨
Meta atingida: ao assumir a Presidência, em 24/5, Guillermo Lasso havia traçado o objetivo de aplicar 9 milhões de doses da vacina contra a covid-19 em seus primeiros 100 dias de governo. No último domingo (31), com mais de um mês de sobra para a data prevista, o mandatário celebrou no Twitter que o país havia passado desse número de pessoas que já haviam recebido ao menos a primeira dose da vacina – o que significa, na prática, que metade da população do Equador foi parcialmente imunizada até agora. O caminho das duas doses é mais longo, mas também vem crescendo: desde a troca de comando em Quito, o Equador passou de 3% para quase 16% da população tendo recebido as duas inoculações. A boa notícia vem acompanhada de um alerta, causado pelo aumento de casos da variante delta: no Equador, já são 90 os casos conhecidos de infectados com a cepa originada na Índia. Via AFP.
HAITI 🇭🇹
Um mês depois do assassinato do presidente Jovenel Moïse, e com 40 suspeitos detidos por possível envolvimento no crime, as autoridades haitianas ainda não têm a menor pista de quem seria o mandante do magnicídio. De acordo com o novo primeiro-ministro Ariel Henry, chefe da nação até a eleição de um novo presidente, nenhuma das pessoas presas até agora teria capacidade para organizar a operação. Parte da população e do próprio governo temem que o caso acabe impune, assim como outros 32 assassinatos de figuras proeminentes no país desde 1991. A primeira-dama Martine Moïse, que sobreviveu ao ataque, disse nesta semana que seu marido morreu “esperando que seus seguranças chegassem”. N’O Globo.
HONDURAS 🇭🇳
Mais um triste retrato da imigração: autoridades do estado do Texas, nos EUA, encontraram uma mulher hondurenha dentro de uma caixa, tentando entrar escondida no país. A caixa seria transportada de caminhão entre cidades fronteiriças, tática desumana mas muito utilizada por latino-americanos que fogem da dramática situação de seus países de origem. Diante de promessas do governo Joe Biden de aliviar as duras medidas migratórias impostas nos anos Donald Trump, somadas à piora dos números socioeconômicos durante a pandemia, muitos imigrantes novamente tentam a sorte cruzando as fronteiras de todas as formas possíveis. Na Prensa.
MÉXICO 🇲🇽
A Secretaria da Saúde reportou apenas na quinta-feira (5) 21.569 novos casos de covid-19, o segundo maior número diário desde o início da pandemia. Com isso, o México se aproximou da marca de 3 milhões de contaminados pelo coronavírus, mesmo tendo a pior subnotificação entre os grandes países da região. A nova onda, já temida por autoridades de saúde, também levou o país a bater o recorde de casos ativos durante a semana, com mais de 138 mil registrados. Até aqui, a ocupação média de leitos gerais nos hospitais é de 51%, com 42% para o caso de UTIs. A dúvida agora é ver o impacto do repique de casos em novas internações, sobretudo ao passo que só 21% dos mexicanos já contam com esquema vacinal completo. Via RT.
PANAMÁ 🇵🇦
O país recebeu um pedido de apoio por parte da vizinha Colômbia, que solicitou às autoridades panamenhas “cooperação” para resolver a questão migratória na fronteira conjunta entre os países. A região é um dos bolsões onde muitos grupos de migrantes permanecem antes de seguir viagem rumo aos EUA, em especial por entre um corredor de selva com cerca de 26 quilômetros, o Tampão de Darién. Em resposta, a chancelaria panamenha manifestou interesse em estabelecer uma “discussão de alto nível” para resolver a questão garantindo “o respeito aos direitos humanos”. Na Prensa.
Una expresión:
Vuelta Olímpica – esse gesto e a expressão pelo qual ele é conhecido têm raiz latino-americana: o ato de dar uma volta ao redor do terreno de jogo, saudando os espectadores enquanto se celebra uma conquista, foi inaugurado pela Seleção Uruguaia de futebol após ganhar o ouro nas Olimpíadas de 1924, em Paris. A “volta olímpica” pegou e se tornou praxe em comemorações esportivas, sobretudo do futebol.
PARAGUAI 🇵🇾
Seguem as pressões para o futebol voltar à normalidade apesar da pandemia (saiba mais neste vídeo): na quarta (4), o Ministério da Saúde do Paraguai autorizou a presença gratuita de público para o jogo entre Olimpia e Flamengo, em 11/8, válido pela ida das quartas-de-final da Copa Libertadores. Segundo as autoridades locais, só serão permitidas 2 mil pessoas mediante apresentação de exame PCR negativo e comprovação de imunização completa (o que, por lá, ainda é raridade: com um dos piores índices de vacinação no continente, o Paraguai só deu conta de vacinar com duas doses 4% de sua população). A polêmica, porém, passa longe de ser exclusividade de um dos países que menos vacina por aqui: no Brasil, a volta do público também vem sendo duramente questionada. No TNTSports.
Crise na fronteira: caminhoneiros paraguaios entraram em greve na quarta (4) pedindo aumento no valor dos fretes e outras melhorias. O paro comprometeu o fluxo de carros em toda a região de Ciudad del Este, que faz fronteira com Foz do Iguaçu por meio da Ponte da Amizade, gerando reclamação por parte da classe brasileira, que relata prejuízos por conta das paralisações. O governo do presidente Mario Abdo Benítez havia prometido uma primeira rodada de conversas para a quinta (5), mas as negociações não avançaram; o setor, inclusive, seria favorável à renúncia do presidente. No G1.
PERU 🇵🇪
As primeiras horas de Pedro Castillo à frente da presidência do país foram, para dizer o mínimo, incertas. Afastando-se do discurso moderado que marcou sua campanha no segundo turno, em um novo aceno às plataformas mais radicais do início do pleito, Castillo também fez nomeações polêmicas que seguem repercutindo junto à sociedade – a tal ponto que, em uma situação muito rara para mandatários recém-eleitos, uma primeira pesquisa de opinião já aponta uma rejeição maior que a aprovação do presidente empossado no último dia 28/7, além de 76% de reprovação para a escolha de Guido Bellido como chefe do gabinete ministerial. Em El País, um relato sobre as primeiras 30 horas de um governo que já nasce balançando.
PORTO RICO 🇵🇷
Temendo a delta, o governo anunciou novas exigências relacionadas à vacinação contra a covid-19, responsável por uma rápida subida dos casos nos vizinhos EUA e também na própria ilha – mas, na esmagadora maioria, envolvendo pessoas que se recusaram a tomar a vacina. Em Porto Rico, a partir do dia 16, vacinas serão exigidas com poucas exceções para trabalhadores e hóspedes de hotéis, profissionais de saúde e contratados pelo governo em diferentes áreas. “Não podemos baixar a guarda. Há vacinas para todos e vacinas são a solução”, afirmou o governador Pedro Pierluisi. O endurecimento das medidas em prol da vacinação, que inclui multa de US$ 5 mil e até seis meses de cadeia para quem violar a exigência de se imunizar, vem em um momento em que a ilha tenta equilibrar a reabertura com a nova subida de contágios: durante a semana, o porto da capital San Juan recebeu seu primeiro cruzeiro turístico desde o início da pandemia. A medida busca atingir os retardatários em um local que tem uma das vacinações mais abrangentes da região: 57% da população de Porto Rico já está totalmente vacinada. Via AP.
REPÚBLICA DOMINICANA 🇩🇴
Diante do surto de peste suína africana (leia mais no GIRO #92), o país decidiu que vai abater dezenas de milhares de porcos para tentar controlar a proliferação da doença, já detectada em 11 das 32 províncias dominicanas. Segundo Fernando Durán, administrador do estatal Banco Agrícola, o governo determinou o pagamento do preço de mercado para os suinocultores. Autoridades afirmam que, infelizmente, a única forma de deter a doença letal (e para a qual não existe vacina) é sacrificar todos os animais onde o vírus foi detectado. Se a matança for iniciada agora, o setor prevê a retomada da atividade em até cinco meses, o que não vai evitar perdas econômicas estimadas em US$ 180 milhões. No Globo Rural.
URUGUAI 🇺🇾
Duas estrelas, não quatro. É alteração que a FIFA pediu que seja feita na camisa celeste, discordando da tese do país austral de que a seleção de futebol do país conte com quatro títulos mundiais. O pedido da entidade foi feito à Puma, fornecedora do material esportivo do time uruguaio, para que as estrelas adicionais não sejam bordadas na Copa do Mundo de 2022. Segundo a Associação Uruguaia de Futebol (AUF), as conquistas dos Jogos Olímpicos de 1924 e 1928, organizados pela FIFA, teriam o mesmo peso dos mundiais de 1930 e 1950. O diretor de competições da AUF, Jorge Casales, prometeu enviar um dossiê à FIFA com apoio da Associação de Historiadores e Investigadores do Futebol Uruguaio. Em El Observador.
Conforme a vacinação avança, o paisito já mira a reabertura das fronteiras: segundo autoridades, que prometem iniciar o processo “escalonado” de volta à normalidade em setembro, “o anúncio será feito pelo presidente Lacalle Pou junto com os ministros da Saúde Pública, Daniel Salinas, e do Turismo, Germán Cardoso”. Um dos principais interesses em voltar a abrir as portas do país é o turismo, setor com grande impacto na economia uruguaia. Cardoso disse que, no primeiro momento, o foco será “principalmente os [turistas] que chegam da Argentina e do Brasil”. No Tempo.