Olimpíadas: os resultados da América Latina
País a país, relembre os principais momentos das campanhas latino-americanas em Tóquio – inclusive as de quem não foi ao pódio
Os Jogos Olímpicos de Tóquio chegaram ao fim neste domingo (8), deixando a memória do melhor desempenho brasileiro em todos os tempos – 21 medalhas ao todo, sendo sete de ouro –, mas também com feitos espalhados por toda a América Latina. Desde façanhas que ganharam manchetes pelo mundo, como o ouro com recorde mundial da venezuelana Yulimar Rojas, até detalhes que poderiam ficar nas notas de rodapé, como a derrota em um “jogo dos sonhos” do tenista boliviano Hugo Dellien, esta edição especial do GIRO busca repassar as histórias escritas no outro lado do mundo durante as últimas duas semanas. Houve quem, a exemplo do Brasil, conhecesse alturas jamais atingidas – e também aqueles que saíram do Japão com participações frustrantes. Relembre neste fio cada uma das medalhas vencidas pela América Latina em Tóquio e, na sequência, saiba mais sobre as participações de cada um dos países vizinhos, incluindo aqueles que não subiram ao pódio desta vez.
No total, a América Latina conquistou 61 medalhas, um aumento de nove pódios em relação ao desempenho do Rio/2016, embora a região tenha piorado levemente sua marca de ouros: em Tóquio, foram 18 ouros, 21 pratas e 22 bronzes, contra 19 ouros, 16 pratas e 17 bronzes cinco anos atrás.
ARGENTINA 🇦🇷 – 0🥇1🥈2🥉
O país saiu de Tóquio com um desempenho frustrante: sua pior participação olímpica desde Barcelona/1992, quando conquistou apenas um bronze, foi acentuada ainda mais pelo contraste com os três ouros vencidos no Rio/2016. Confiando nos esportes coletivos para pleitear conquistas, a Argentina teve suas maiores decepções no futebol masculino, a grande paixão nacional, que sequer superou a primeira fase do torneio, e no hóquei sobre grama masculino, campeão olímpico há cinco anos, que desta vez não atingiu a disputa por medalhas. Quem confirmou as expectativas foram o hóquei feminino, medalha de prata (seu quinto pódio nas últimas seis edições dos Jogos) e o rugby masculino, que levou o bronze. O maior feito ficou por conta do vôlei masculino, que tirou adversários tradicionais como Estados Unidos e Itália, só parou na futura campeã França, e de quebra levou um bronze com uma vitória sobre o rival Brasil – o vôlei argentino não fazia pódio desde Seul/1988.
BOLÍVIA 🇧🇴 – 0🥇0🥈0🥉
Sem qualquer pódio na história olímpica e com apenas cinco competidores em Tóquio, a Bolívia não tinha expectativa de brigar por grandes conquistas. Seus representantes fizeram participações modestas, como o 48º lugar de Ángela Castro na marcha atlética de 20 km feminina, ou o 35º de Karen Torrez nos 50 m livres da natação feminina. Houve, no entanto, a boa história do tenista Hugo Dellien: apenas na posição 129 do ranking mundial, tocou-lhe abrir o torneio justamente contra o melhor do mundo, o sérvio Novak Djokovic. Dellien não teve chances e perdeu por 2x0 (parciais de 6x2 e 6x2), mas ganhou uma lembrança para sempre – enquanto Djokovic avançaria para, depois, ser surpreendido e ficar sem medalhas.
CHILE 🇨🇱 – 0🥇0🥈0🥉
A despeito dos recursos acima da média regional e de contar com uma população razoável, o Chile saiu, pela terceira edição seguida dos Jogos, sem uma medalha olímpica. O país enviou 58 participantes para 24 modalidades, mas só avançou para a disputa de medalhas em três delas. Se Macarena Pérez não passou do 8º lugar no ciclismo BMX estilo livre feminino, o pódio esteve ao alcance na luta greco-romana, com o expatriado cubano Yasmani Acosta, que acabou perdendo a decisão do bronze para o russo Sergey Semenov na categoria até 130 kg. A um passo da medalha também ficou o golfista Guillermo Mito Pereira, igualado na quarta posição da modalidade após uma rodada de desempate disputada para conhecer o destino do bronze, que acabou no peito do taiwanês Pan Cheng-tsung.
COLÔMBIA 🇨🇴 – 0🥇4🥈1🥉
O excepcional resultado do Rio/2016, quando a Colômbia fez oito pódios e um recorde de três medalhas de ouro, não pôde ser repetido. Mas, mesmo sem subir no topo do pódio, os colombianos ainda conseguiram seu terceiro maior total de medalhas na história dos Jogos, a despeito de uma delegação que contou com menos da metade dos competidores de cinco anos atrás (70 contra 147). Anthony Zambrano foi prata nos 400 m masculino, a primeira medalha de um homem da Colômbia no atletismo (mulheres já haviam subido ao pódio antes), e essa também foi a cor do metal obtido por Luis Javier Mosquera no levantamento de peso, e por Sandra Arenas, na marcha atlética de 20 km. Em busca do tricampeonato olímpico, que faria dela a primeira mulher latino-americana com um tri em esporte individual, desta vez Mariana Pajón ficou também com a prata na corrida do ciclismo BMX – modalidade em que, no masculino, o país conquistou seu único bronze de Tóquio, com Carlos Ramírez.
COSTA RICA 🇨🇷 – 0🥇0🥈0🥉
Todas as medalhas olímpicas da Costa Rica até hoje foram vencidas pelas irmãs Poll: as nadadoras Claudia e Sylvia que, juntas, conquistaram um ouro, uma prata e dois bronzes entre 1988 e 2000. Esse monopólio familiar esteve muito próximo de ser rompido em Tóquio: no ciclismo BMX estilo livre masculino, mesma prova em que a Venezuela levou uma prata, Kenneth Tencio ficou em 4º lugar na final, com uma nota apenas 0,3 abaixo do pódio. Outra boa oportunidade da Costa Rica esteve no surfe feminino, com Brisa Hennessy atingindo as quartas-de-final. Aliás, na categoria masculina, o surfe da Costa Rica rendeu uma das grandes epopeias destes Jogos, com a corrida de Carlos Muñoz para chegar à competição depois de ser chamado às pressas para uma vaga que abriu menos de 24 horas antes da estreia, após outro competidor ser excluído por positivar para covid-19 – resgatado de uma enchente e perdendo conexões aéreas pelo caminho, Muñoz mobilizou o país, mas não conseguiu atingir o destino a tempo da disputa.
CUBA 🇨🇺 – 7🥇3🥈5🥉
A menor delegação cubana desde 1964 e um histórico de declínio nos números desde o final da Guerra Fria indicavam uma participação que poderia ser decepcionante para Cuba, historicamente a maior potência olímpica latino-americana. Tóquio, porém, representou uma melhora em relação a edições recentes dos Jogos, com o maior número de ouros desde 2004, quando havia conquistado nove (após isso, foram três em 2008, cinco em 2012 e outros cinco em 2016). Também houve um aumento no total de pódios em relação ao Rio/2016, subindo de 11 para 15, voltando ao patamar de Londres/2012. O “declínio” cubano é muito sui generis: o país continua com resultados que nenhum outro país da região, além do Brasil, consegue sequer sonhar em fazer, e o comparativo só parece negativo quando se coloca no cálculo a própria Cuba do passado – os excelentes números de Tóquio foram apenas a metade do que o país fez em Barcelona/1992, quando teve 31 pódios e 14 ouros. Ainda assim, Cuba beirou o topo do quadro latino-americano de medalhas, sendo superada no detalhe pelo Brasil – desde 1964, foi a primeira vez que a ilha terminou atrás de outro país da região em uma sede “neutra” (já havia sido superada pelo México em 1968 e pelo próprio Brasil em 2016, mas ambos eram anfitriões quando isso ocorreu). Responsável pela grande maioria das medalhas cubanas na história, o boxe voltou a fazer a diferença, com quatro ouros para a ilha no Japão (e até manifestações políticas contrárias aos protestos recentes no país), mas a conquista mais notável foi a de Mijaín López na luta greco-romana até 130 kg: às vésperas da aposentadoria, ele conquistou um inédito tetracampeonato olímpico consecutivo, consolidando-se como o maior vencedor da modalidade em todos os tempos.
EL SALVADOR 🇸🇻 – 0🥇0🥈0🥉
Os cinco salvadorenhos enviados a Tóquio foram a segunda menor delegação do país na história, acima apenas de Barcelona/1992, quando foram quatro competidores de El Salvador. Nenhum deles conseguiu passar de fase nas suas disputas, com o melhor resultado ficando por conta do velejador Enrique Arathoon, na classe laser masculina, encerrando a participação em 23º lugar entre 35 participantes. El Salvador é outro país latino-americano que jamais subiu ao pódio.
EQUADOR 🇪🇨 – 2🥇1🥈0🥉
Foram as melhores Olimpíadas da história do Equador. Antes de Tóquio, o país contava com apenas duas medalhas, ambas vencidas por Jefferson Pérez na marcha atlética de 20 km (ouro em Atlanta/1996, prata em Pequim/2008). Desta vez, o Equador venceu logo três de uma vez, começando já pelo primeiro dia, com Richard Carapaz confirmando o favoritismo e levando ouro no ciclismo de estrada. Mas a festa continuou nos dias seguintes, com o que foram nos primeiros pódios femininos do país: em diferentes categorias do levantamento de peso, o Equador pôde celebrar o ouro de Neisi Dajomes e a prata de Tamara Salazar, além de uma campanha de destaque de Angie Palacios, que ficou em 6º lugar. Elas foram recebidas com pompa em Quito. Outro equatoriano a passar perto do pódio foi Alfredo Campo, 5º colocado na corrida do ciclismo BMX masculino.
GUATEMALA 🇬🇹 – 0🥇0🥈0🥉
Pouco falado no Brasil, o Diploma Olímpico – entregue aos oito melhores de cada competição – é uma conquista celebrada em países pouco acostumados a vencer medalhas. Esse é o caso na Guatemala, que só venceu uma medalha em todos os tempos, mas que teve o melhor desempenho em Tóquio entre os latino-americanos sem pódios: foi a primeira vez que um guatemalteco chegou a uma final da natação, com Luis Carlos Martínez acabando na 7ª posição dos 100 m borboleta (os 51.09 que fez na decisão, além de recorde nacional, teriam sido suficientes para a prata no Rio/2016), e o país vibrou com a campanha de superação de Kevin Cordón no badminton – 56º no ranking mundial, ele avançou até as semifinais do torneio, antes de ser derrotado pelo futuro campeão, o dinamarquês Viktor Axelsen, e finalmente acabar em 4º lugar. Outro guatemalteco de destaque nos Jogos recém-encerrados foi o fundista Luis Grijalva, que disputou a final dos 5.000 m no atletismo: 12º colocado geral, seu tempo de 13:10.09 na última corrida foi, também, o novo recorde nacional e centro-americano da prova.
Un clic:
A venezuelana Yulimar Rojas, ouro no salto triplo, foi a única competidora da América Latina a quebrar um recorde mundial em Tóquio/2020.
HAITI 🇭🇹 – 0🥇0🥈0🥉
Sem medalhas olímpicas desde 1928, o Haiti raramente costuma sonhar com elas. Em Tóquio, porém, ficou a apenas uma luta de garantir um bronze no boxe: Darrelle Valsaint Jr. avançou no peso médio masculino (categoria que teria o brasileiro Hebert Conceição como campeão), mas foi eliminado nas quartas-de-final pelo russo Gleb Bakshi – como na modalidade não existe decisão de terceiro lugar, uma passagem às semifinais teria confirmado o improvável pódio. Com apenas seis competidores, não houve muitas chances de ver haitianos brilhando além de Valsaint, mas o país também contou com a digna participação de Mulern Jean nos 100 m com barreiras feminino: ela superou a primeira bateria com direito ao seu melhor tempo no ano (12.99 segundos), antes de cair nas semifinais.
HONDURAS 🇭🇳 – 0🥇0🥈0🥉
A maior esperança hondurenha de uma boa participação, o time de futebol masculino (que havia ficado em 4º lugar no Rio/2016), desta vez não superou a fase de grupos, vencendo uma partida e perdendo outras duas, incluindo um estrepitoso 6x0 para a Coreia do Sul na rodada final, que marcou a eliminação. Entre os cinco atletas que competiram nas demais modalidades, a única a superar a etapa inicial de sua disputa foi a nadadora Julimar Ávila, nos 200 m borboleta feminino, alcançando as semifinais e obtendo o 16º lugar geral. Honduras segue sem medalhas na história olímpica.
MÉXICO 🇲🇽 – 0🥇0🥈4🥉
As quatro medalhas de bronze conquistadas pelo México igualaram o mínimo de pódios que o país vem obtendo desde Sydney/2000, mas não foram suficientes para evitar que essa fosse a pior participação desde 1996, quando seus competidores só obtiveram um bronze. Luis Álvarez e Alejandra Valencia conquistaram medalha já no início das disputas, nas equipes mistas do tiro com arco, mas depois disso o topo do sucesso seguiria sendo o 3º lugar: com Gabriela Agúndez e Alejandra Orozco nos saltos ornamentais, com Aremi Fuentes no levantamento de peso e, por fim, com a seleção de futebol masculino, que caiu nas semifinais para o campeão Brasil, e se recuperou derrotando o anfitrião Japão na disputa do bronze. O futebol, por sinal, continua sendo o responsável pelo último ouro mexicano até aqui, em Londres/2012.
NICARÁGUA 🇳🇮 – 0🥇0🥈0🥉
Mesmo modesta, a delegação de oito atletas da Nicarágua foi a mais numerosa do país desde Atlanta/1996, quando a nação centro-americana contou com 26 participantes (um número elevado por conta do time de beisebol, responsável, sozinho, por 21 das presenças). Sem jamais subir ao pódio olímpico, os nicaraguenses também não conseguiram pleitear posições elevadas nas disputas, com a melhor classificação dentro de uma modalidade ficando por conta de Sema Ludrick, no levantamento de peso feminino até 64 kg – um 12º lugar geral (em uma prova, porém, que tinha somente 14 participantes).
PANAMÁ 🇵🇦 – 0🥇0🥈0🥉
Os panamenhos não sobem ao pódio desde o ouro de Irving Saladino no salto em distância de Pequim/2008 e, antes disso, só somavam outras duas medalhas, com os bronzes de Lloyd La Beach nos 100 e 200 m do atletismo em Londres/1948. Não foi desta vez que a nação do Canal voltou a comemorar uma medalha, mas duas participações de destaque chegaram a pleiteá-las: Gianna Woodruff avançou para a final dos 400 m com barreiras feminino, inclusive batendo o recorde nacional pelo caminho (54.22 segundos na semifinal), concluindo a participação com um 7º lugar; já Atheyna Bylon ficou por uma vitória de garantir o bronze no peso médio do boxe feminino, mas encontrou pelo caminho justamente a britânica Lauren Price, que acabaria campeã da categoria.
PARAGUAI 🇵🇾 – 0🥇0🥈0🥉
Com apenas oito enviados ao Japão, o Paraguai não marcou presença em nenhuma fase avançada das disputas. Restou a competição com seus próprios limites: nos 100 m com barreiras feminino, Ana Camila Pirelli acabou eliminada na primeira bateria, mas pôde celebrar sua melhor marca na temporada (13.98 segundos). Resultado digno de nota também para o maratonista Derlis Ayala, que conseguiu terminar na metade de cima da classificação, com um 43º lugar entre 106 competidores, em uma prova de condições climáticas duras que levaram a 30 desistências. A única medalha paraguaia na história continua sendo a prata do futebol masculino em Atenas/2004.
PERU 🇵🇪 – 0🥇0🥈0🥉
O Peru chegou a Tóquio sem subir ao pódio desde Barcelona/1992 e saiu da mesma forma, mas marcou presença em uma final: no skate street masculino, Ángelo Caro Narváez obteve o 5º lugar geral, igualando o melhor desempenho de um competidor peruano desde a última medalha (em Pequim/2008, Peter López também havia ficado entre os cinco melhores do taekwondo), e conquistou a simpatia dos brasileiros ao celebrar as manobras que garantiram a prata de Kelvin Hoefler, naquela altura a primeira medalha do Brasil nesta edição dos Jogos. O Peru também esteve próximo da decisão de medalhas no tiro skeet masculino, com Nicolás Pacheco ficando em 8º lugar e perdendo nos desempates que definiram os seis finalistas.
PORTO RICO 🇵🇷 – 1🥇0🥈0🥉
Apenas uma edição depois de conquistar seu primeiro ouro da história, com a tenista Mónica Puig no Rio/2016, Porto Rico voltou a subir no topo do pódio em Tóquio: desta vez, a medalha dourada veio com Jasmine Camacho-Quinn, nos 100 m com barreiras, prova na qual ela chegou a estabelecer o recorde olímpico (12.26 segundos) nas semifinais. Nascida nos EUA, Camacho-Quinn decidiu abraçar a identidade porto-riquenha, terra de sua mãe (lembrando sempre que Porto Rico, um estado livre associado aos EUA, não é independente, mas compete separado nos Jogos). Além do ouro, destaque também para a participação do skatista Steven Piñeiro, classificado à final do park, com um 6º lugar geral ao fim da disputa.
R. DOMINICANA 🇩🇴 – 0🥇3🥈2🥉
O quarto ouro da história dominicana não veio em Tóquio, mas a participação foi um sucesso: o país, que jamais havia subido mais que duas vezes ao pódio em uma mesma edição dos Jogos, desta vez obteve logo cinco medalhas. A festa começou com as pratas de Zacarías Bonnat no levantamento de peso masculino até 81 kg e da equipe mista do revezamento 4x400 m no atletismo (com recorde nacional: 3:10.21), que foram ao pódio no mesmo dia. Na sequência, viriam o bronze de Crismery Santana no levantamento de peso feminino até 87 kg e a prata de Marileidy Paulino na prova feminina dos 400 m rasos (ela também bateu o recorde nacional, cravando 49.20 na final) – as primeiras medalhas individuais vencidas por mulheres dominicanas. A festa se completou no penúltimo dia de disputas, quando a equipe de beisebol – o grande esporte local – confirmou o bronze contra a Coreia do Sul. Uma chance rara: a modalidade, fora do calendário desde 2008 e que voltou exclusivamente para os Jogos de Tóquio, novamente sai do programa a partir de 2024.
URUGUAI 🇺🇾 – 0🥇0🥈0🥉
Sem medalhas desde 2000, e com grande parte de seu talento esportivo destinado ao futebol em um país cuja população já está entre as menores da região, o Uruguai não costuma brilhar nas brigas por pódios olímpicos. Em Tóquio, com apenas onze competidores, o paisito foi capaz de garantir um diploma: Bruno Cetraro e Felipe Klüver chegaram à final do remo, no skiff duplo leve, acabando em 6º lugar – muito celebrado pelos uruguaios, o resultado deixou inclusive a sensação de que poderia ter sido melhor, já que os dois haviam feito um tempo quase 13 segundos mais rápido na semifinal da véspera, que teria sido suficiente para o bronze na decisão. Além da dupla, a uruguaia que mais avançou em suas disputas foi Déborah Rodríguez, nos 800 m do atletismo, atingindo a fase semifinal.
VENEZUELA 🇻🇪 – 1🥇3🥈0🥉
Mesmo em crise, a Venezuela fez em Tóquio as melhores Olimpíadas de sua história: além de igualar o teto de um ouro (já obtido em 1968, 1992 e 2012), também fez seu maior número de pratas e total de medalhas em uma mesma edição dos Jogos. De quebra, o único recorde mundial a cair por obra da América Latina nestas Olimpíadas aconteceu graças a Yulimar Rojas, a responsável pela medalha dourada no salto triplo, com um pulo de 15,67 m (0,17 m acima da marca anterior, da ucraniana Inessa Kravets, que já durava 25 anos). Rojas já havia vencido a prata no Rio/2016, tornando-se de uma só vez a primeira mulher venezuelana campeã olímpica e “bi-medalhista”. As demais medalhas – três pratas – vieram no levantamento de peso, com Julio Mayora e Keydomar Vallenilla, e no ciclismo BMX estilo livre, com Daniel Dhers. Também na Venezuela, as vitórias tiveram pano de fundo político, atuando tanto para promover um raro momento de feliz união quanto para lembrar as fraturas: Mayora, por exemplo, dedicou sua conquista a Hugo Chávez, que faria aniversário no mesmo 28/7 em que a medalha de prata foi vencida e cujo governo (1999-2013) é comumente creditado pelo boom de investimentos no esporte venezuelano.