Nicarágua: candidata da oposição é presa e inabilitada
Peru escolhe novo presidente | México tem eleições mais violentas da história | EUA prometem doar vacinas para América Latina | Após queda de Argentina e Colômbia, Brasil quer sediar Copa América
A história política da Nicarágua tem seu passado e seu presente marcados por dois sobrenomes: Ortega e Chamorro. O primeiro é o de Daniel Ortega, presidente desde 2007 e antigo líder da Revolução Sandinista que derrubou a ditadura de Anastasio Somoza Debayle em 1979. Antes figura-chave na retomada democrática, o mandatário vem em uma escalada autoritária que ganhou novos contornos com a detenção domiciliar e a suspensão dos direitos políticos de Cristiana Chamorro, principal nome com potencial de derrotar o próprio Ortega nas eleições presidenciais de novembro. Responsável pela administração da fundação que leva o nome de sua mãe – a ex-presidenta Violeta Chamorro (1990-1997), conservadora que bateu o mesmo Daniel Ortega nas primeiras eleições pós-revolução –, Cristiana é acusada de uma série de delitos, incluindo falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Até o fechamento desta edição, a adversária do presidente seguia em prisão domiciliar.
A história entre Ortega e a família Chamorro é longa e vai além do caso dessa semana, considerado pela oposição, pela União Europeia e por representantes da ONU como mais uma manobra arbitrária e antidemocrática. Não muito tempo atrás, o governo orteguista tinha mirado em outro membro da família: Carlos Chamorro, irmão de Cristiana. Diretor do jornal oposicionista Confidencial, o jornalista veio a público nos últimos dias para criticar uma série de operações de busca e apreensão contra a sede de seu jornal, levadas a cabo em 20/5. Comandadas por uma polícia alinhada ao governo, as operações resultaram na detenção do fotógrafo e cinegrafista Leonel Gutiérrez, liberado horas depois, e na apreensão de computadores, câmeras e outros equipamentos.
A coletânea de desmandos do presidente acusado de “trair” os ideais revolucionários e se transformar no que ele mesmo combateu há quatro décadas – o slogan “Ortega, Somoza, son la misma cosa” já virou comum em manifestações – vai muito além das pressões contra a família Chamorro. Um dos marcos da guinada autoritária de Ortega aconteceu em abril de 2018, após massivas manifestações contra uma controversa reforma da previdência. Apesar de revogada pouco depois, a medida acabou sendo o tiro de largada para um dos maiores massacres de civis cometidos pelo Estado desde os anos 70 – na época, eram justamente as forças da ditadura da direita, entre esquadrões da morte e membros da temida Guarda Nacional, que esmagavam movimentos estudantis e campesinos simpáticos ao sandinismo. Além de deixar mais de 300 mortos (ONGs falam em mais de 500 vítimas), o cenário de caos geral empurrou milhares de civis, jornalistas e ativistas ao exílio. Há também uma lista de presos políticos e jornais levados ao fechamento, inclusive por sanções a insumos como tinta e papel, além do aumento de grupos paramilitares que atuam como milícias armadas a mando do governo.
É justamente esse complexo universo de contrassensos que tem levado até mesmo antigos guerrilheiros e intelectuais da esquerda a abandonarem o movimento “sequestrado” por Ortega. No limite, há quem chame a recente faceta da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), hoje unificada ao redor de Ortega e da vice-presidenta (e primeira-dama) Rosario Murillo, de “orteguismo”, corruptela pouco aceita pelo líder convertido em autocrata. Segundo o historiador Fred Maciel, membro do grupo de pesquisa Intelectuais e Política nas Américas (IPA), da Unesp, o próprio epíteto de “sandinista” acabou sendo “controlado” por Ortega, “que proclama a si e a seu grupo como depositários do ‘verdadeiro’ sandinismo, como herdeiros diretos do repertório de [Augusto] Sandino e dos feitos da revolução”. Ao GIRO, o historiador explicou que boa parte dos paradoxos atuais é explicada pela heterogeneidade dos movimentos políticos. “É um traço recorrente e histórico na sociedade nicaraguense, tendo seu reflexo na política institucionalizada do país, com variadas cisões, grupos e tendências”, comentou.
Tais cisões são cada vez mais evidentes. Uma das figuras mais proeminentes a abandonar o governo é o poeta e sacerdote nicaraguense Ernesto Cardenal (1925-2020), um dos teólogos dos tempos da revolução e perseguido antes dela por ser adepto do socialismo e da Teologia da Libertação. Pouco antes de morrer, em março do ano passado, o antigo rosto da revolução chegou a dizer que a “ditadura” de Ortega não mais permitia a livre expressão de ideias. Outros elementos se somam ao desgaste do poder concentrado pelo antigo revolucionário: além de ter feito várias alianças com elites e conservadores nos últimos anos e de se negar a permitir o avanço de pautas progressistas (por lá, leis a favor do aborto, do uso da maconha e do casamento igualitário são pautas impensáveis), Ortega está à frente de uma das administrações mais negacionistas da América Latina durante a pandemia. Segundo os obscuros dados oficiais, pouco menos de 200 pessoas teriam sido vítimas da covid-19 por lá, o que renderia a um dos países mais pobres e desiguais da América Central a segunda menor taxa de mortes por milhão de habitantes do continente, ao lado do também opaco Haiti. Observatórios independentes alegam que o número real de mortos e infectados é muito maior. A vacinação também é lenta: até aqui, só 2,5 doses haviam sido aplicadas a cada 100 habitantes.
Tudo isso ajuda a entender em que momento chega a Nicarágua, a poucos meses de uma eleição decisiva, marcada não só pela incerteza, como também por uma queda econômica de 6% em 2020, por uma pobreza que já supera 50% da população e por sanções internacionais que não devem parar tão cedo. Segundo dados divulgados por institutos de pesquisa em 2021, ainda que o descontentamento supere 60%, Daniel Ortega segue concentrando as maiores intenções de voto, entre 25-30%. Cristiana Chamorro, cujo futuro eleitoral segue incerto após a suspensão de sua candidatura, teria cerca de 21%, o mais próximo que a fragmentada oposição conseguiu atingir até aqui. Segundo Maciel, “as dificuldades de diálogo são consideráveis” entre a oposição.
Caso tudo se mantenha, é bem provável que o sandinismo, ou ao menos o que restou dele enquanto partido, governe o país por mais um mandato. Enquanto o legado de Augusto Sandino e Carlos Fonseca (saiba mais em Un nombre) vai recebendo múltiplas interpretações, ecoam frases de uma revolução que muitos já dizem ter ser perdido pelo caminho. Entre elas, uma explica a Nicarágua de ontem e hoje: “Mi mayor honra es surgir del seno de los oprimidos, que son el alma y nervio de la raza”, disse Sandino, morto há quase cem anos por uma Guarda Nacional comandada pelos EUA.
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Un sonido:
DESTAQUES
🌎 Copa América vem ao Brasil – “Tiraram a Copa América da Colômbia por conta da crise social e da Argentina diante do descontrole da pandemia; aí resolvem mandar para o Brasil, que tem as duas coisas”. Frases como essa se tornaram virais após a confirmação do Brasil como sede do torneio sul-americano de seleções, que acontece entre os dias 13/6 e 10/7, na última segunda-feira (31). Agradecendo nominalmente o presidente Jair Bolsonaro, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) decidiu pela alteração do país-sede após o governo argentino sugerir, no domingo, que seria “inviável” receber o evento diante do pior momento do país na crise sanitária; a Colômbia, que receberia os principais jogos da Copa, confirmou o abandono semanas antes, diante que um massacre civil nas ruas. Mas, nada como achar um governo realmente negacionista: anunciando protocolos vazios e confirmando capitais com baixa taxa de vacinação como cidades-sede, o Brasil diz que “não poderia virar as costas” para o torneio. Ainda assim, a situação da competição é incerta: uma crise política interna na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o descontentamento dos jogadores com o presidente da entidade, Rogério Caboclo (que foi denunciado, inclusive, por assédio sexual a uma funcionária), estaria gerando um movimento de boicote à competição por parte daquele que se seu inesperado país-sede.
🇵🇪 Eleições polarizadas no Peru – A corrida presidencial mais polarizada do século será definidas nas urnas neste domingo (6): de um lado, Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori (1990-2000) e que defende ardentemente o “legado” de linha dura conservadora do pai; do outro, o professor Pedro Castillo, que iniciou a campanha com uma plataforma vista como de extrema esquerda e chegou a ser associado à guerrilha do Sendero Luminoso, mas tentou “amaciar” o discurso ao longo do segundo turno. Uma corrida tão cheia de reviravoltas que até o escritor e Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, um histórico antifujimorista (e derrotado por Alberto nas eleições de 1990), decidiu se posicionar em favor de Keiko como um “mal menor”. Castillo largou em ampla vantagem, mas durante o mês e meio de campanha desde o primeiro turno as distâncias foram recortadas. Nas quatro principais pesquisas, os candidatos chegam em empate técnico, com Castillo à frente em três delas (lidera por 50,5 a 49,5 na Datum, 50,5 a 49,5 na CPI e 51,1 a 48,9 no Ipsos, mas vem atrás com 49,3 contra 50,7 na enquete do CIT). O domingo promete fortes emoções em todos os cantos do Peru e uma disputa que, em um país que vem derrubando presidentes com grande facilidade nos últimos anos, dificilmente será encerrada quando os resultados forem homologados. Em El País.
🇲🇽 Pleito mais violento da história – O domingo (6) será marcado por eleições que renovarão governos regionais e os 500 assentos no Congresso, encerrando um processo que alguns analistas já colocam como o mais violento da história mexicana: a consultoria Etellekt contabiliza 782 agressões contra candidatos e 89 assassinatos de políticos (sendo 35 concorrentes a cargos no atual pleito) desde setembro, ao passo que a Secretaria do Interior insiste em negar que a violência esteja relacionada às eleições e seriam apenas “incidentes isolados”. Em meio a tantos crimes, surgem até chapas inteiramente formadas por ex-militares prometendo colocar “ordem na casa”, como é o caso de uma lista que concorre a cargos em Nacualpan de Juárez, urbe de quase 900 mil habitantes na região metropolitana da Cidade do México. Mas não só a violência tem marcado o processo eleitoral, que também conta com uma diversidade inédita: em todo o país, mais de 100 candidatos abertamente LGBTQIA+ concorrem às vagas no Congresso, em uma corrida que – se as projeções acertarem – deverá ter uma vitória folgada da base aliada ao presidente Andrés Manuel López Obrador.
🇵🇪 115 mil mortos a mais – O Peru voltou dramaticamente a uma condição que já manteve no segundo semestre de 2020: o país com mais mortes proporcionais por covid-19 no mundo. Desta vez, não foi por uma subida ocorrida nos últimos dias, mas por uma mudança de critério que provocou uma alteração drástica nos números oficiais de mortes: agora, são considerados óbitos atribuíveis à covid-19 aquelas pessoas que faleceram em até 60 dias após um teste positivo para a doença, além de casos suspeitos que não chegaram a ser testados. A adequação dos números foi uma resposta à mortalidade em excesso registrada no ano passado, quando o Peru teve 150% mais óbitos do que o esperado em um ano normal. Com a correção, o país saltou de pouco menos de 70 mil mortes oficiais por complicações da covid-19 para mais de 185 mil, com um índice que agora supera as 5 mil mortes por milhão – ou, em outros termos, um morto por coronavírus a cada 177 habitantes. A revisão peruana também volta a jogar luz sobre a dificuldade de confiar nos números oficiais em toda a América Latina, com critérios variáveis, falta de testagem e, por vezes, ocultação deliberada dos dados por parte dos governos influenciando os dados que vêm a público e circulam na imprensa. Na BBC.
🌎 EUA vão doar 6 milhões de doses – O governo Joe Biden anunciou o destino das vacinas que serão doadas pelos EUA ao longo deste mês e, na primeira leva, 6 milhões de doses virão para países da América Latina. É uma gota no oceano: até aqui, os 21 locais da região que o GIRO acompanha já aplicaram, por conta própria, mais de 177 milhões de doses. Yang Wanming, embaixador chinês no Brasil, alfinetou: “melhor que nada”. A China é a principal produtora das vacinas que vêm sendo aplicadas de forma massiva na região, como contamos neste vídeo. Já há pedidos para mais: só Honduras, por exemplo, um dos países mais atrasados e que só aplicou 3,2 doses a cada 100 habitantes, está solicitando aos EUA 5 milhões de doses. As doações estadunidenses excluem a Venezuela e ocorrem em uma semana em que a catástrofe humanitária ganhou números ainda mais trágicos do que antes, com uma correção nos dados de mortes do México (que incluiu de uma só vez mais de 4 mil óbitos não contabilizados nos registros até aqui) e um extraordinário aumento no Peru, onde a contagem oficial de vítimas da covid-19 aumentou em mais de 100 mil em um único dia por conta de uma mudança de critérios (leia mais acima).
Un video:
ARGENTINA 🇦🇷
Mais de seis anos. É o tempo que o país pode levar para retomar os níveis econômicos vistos antes da pandemia, segundo novas projeções da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Com o pior prognóstico entre os países do G20, a Argentina viu seu PIB cair quase 10% em 2020, com um aumento histórico de índices como inflação, pobreza e desemprego. Apesar de prever um crescimento acima de 6% para o país em 2021, a OCDE diz que o histórico socioeconômico pré-pandemia e o atual momento de crise eclodem em um problema que atinge “especialmente as famílias de baixa renda”. No Nación.
A vacinação vai mal no país. Muito dependente de entregas incertas da Sputnik V, na qual o governo apostou a maior parte de suas fichas, a Argentina viveu uma polêmica na última semana pela suposta descoberta da recusa de vacinas da Pfizer. O mal-entendido veio após declarações de Santiago Cornejo, responsável pela América Latina para o mecanismo Covax, que depois se apressou em esclarecer que o país até desejou o imunizante, mas o negócio não foi adiante devido a discordâncias em relação às exigências da farmacêutica: “a Argentina tinha interesse em receber as vacinas Pfizer, mas como não acordou os termos de indenização e responsabilidade, não pôde continuar com a janela da Covax”, escreveu Cornejo. Nisso tudo, a Argentina tem uma taxa de 29,6 doses aplicadas a cada 100 habitantes, ficando atrás, na América do Sul, de Brasil (34,2), Uruguai (85,9) e Chile (100,8). No Minuto Uno.
BOLÍVIA 🇧🇴
Aulas de taekwondo contra a violência doméstica. Esse é o mote do projeto Warmi Power, que ensina a arte marcial para que mulheres aimara da região de La Paz e El Alto sejam capazes de praticar a autodefesa em situações de violência de gênero, geralmente cometidas por seus parceiros ou outros familiares. No que vai do ano, a Bolívia já registrou 48 feminicídios e, embora o país conte com leis tipificando e punindo o crime, ainda é raro ver os homens responsáveis pelas mortes encarando a Justiça. A história do projeto, via Reuters.
Mais uma vez, gigantescos incêndios estão ameaçando o Pantanal boliviano. Mais de 2 mil hectares já foram destruídos pelo fogo neste ano e, embora o número empalideça diante de horrores recentes (em 2019, 1 milhão de hectares foram perdidos para incêndios), a nova crise parece estar apenas começando, com o fogo ainda se espalhando por uma das regiões de biodiversidade mais rica na América do Sul. É mais um capítulo da tragédia anunciada de como o colapso climático vem ameaçando cada vez mais a fauna, a flora e a vida cotidiana dos latino-americanos, tema deste vídeo do GIRO. Via Reuters.
CHILE 🇨🇱
Problemas climáticos também são sentidos no Chile. Um novo estudo da Universidade de Santiago lançou luz sobre a situação alarmante vivida pela Cordilheira dos Andes: o desaparecimento da neve. De acordo com os pesquisadores, em certas partes da cadeia montanhosa, o déficit em relação à cobertura de neve média das últimas décadas já chega a 60%. Em La Tercera.
“Acho que chegou o tempo do casamento igualitário”. Acenando para a oposição e tentando mitigar o desgaste na reta final de seu mandato, o presidente Sebastián Piñera prometeu apoiar “com urgência” o avanço da lei progressista no Congresso. A decisão, além de estratégica, vai contra o que o próprio presidente propôs em 2019, quando descartou a ideia de impulsionar a medida iniciada durante os anos de centro-esquerda, no segundo mandato de Michelle Bachelet (2014-2018). Agora, o discurso é outro. Segundo o mandatário, que a todo custo tenta se afastar da direita mais radical, o avanço civil “é um marco para a direita política, feito histórico que afasta estigmas e as barreiras das desigualdades e os preconceitos”. Na Prensa.
Nem mesmo a melhor vacinação do continente (com 42,6% da população totalmente vacinada) tem permitido baixar a guarda: no início da semana, com um registro de quase 7 mil novos casos diários e ocupação de leitos acima de 96%, o Ministério da Saúde decidiu colocar 7 milhões de chilenos sob “quarentena total”, repetindo uma medida decretada no final de março. No total, 19 comunas vão estar sob restrição severa a partir de 3 de junho. O Chile já colhe, sim, bons resultados da vacinação, sobretudo entre idosos, e hoje 90% dos internados em estado grave são pessoas que ainda não receberam vacina. Mesmo assim, conter o avanço do vírus de forma generalizada segue sendo a meta das autoridades de saúde. Em La Tercera.
Páginas de um rio:
Bem-aventurados
os que estão na realidade
e não confundem
suas fronteiras.
Na quinta entrega da série que traz traduções inéditas de autores platinos, Iuri Müller nos convida a encontrar os versos do argentino Juan José Saer (1937-2005). Clique aqui para ler, completos, os poemas “Motivos”, “Outubro em tostado”, “Para uma amiga” e “Elegia Pichón Garay”, da qual o fragmento acima foi pinçado.
COLÔMBIA 🇨🇴
Em entrevista concedida ao jornal espanhol El País, o presidente colombiano falou sobre a crise política e os protestos que duram mais de um mês, com pelo menos 45 pessoas mortas. Iván Duque tergiversou sobre as críticas da oposição e do ex-presidente e padrinho político Álvaro Uribe, mas foi incisivo quanto aos bloqueios de estradas que fazem “sangrar o país”. Duque enfatizou que as negociações com os manifestantes só avançariam se fossem desobstruídas as “artérias” da cadeia produtiva colombiana. Na terça-feira (1º), os porta-vozes dos manifestantes anunciaram o desbloqueio de ao menos 40 pontos em todo o país, como mostra de boa vontade para negociar com o governo. Ao ser questionado sobre o excesso de violência por parte da força pública, o presidente fugiu da pergunta e chamou a atenção para as agressões sofridas pelos policiais. Pelo menos 13 pessoas foram mortas nesta semana na cidade de Cali, epicentro dos protestos. Uma delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) confirmou que vai à Colômbia entre os dias 7 e 11 deste mês, para acompanhar a situação das manifestações. Em El País.
Ainda que a Colômbia viva um de seus piores momentos na pandemia, com UTIs superlotadas e novo recorde semanal de mortes por covid-19 na última semana (3,8 mil), o governo Duque anunciou a reativação econômica do país, inclusive com volta às aulas presenciais. A contradição entre o cenário catastrófico e a reabertura econômica se reflete até no futebol. Se na semana passada a Colômbia teve que desistir de sediar a Copa América pela crise social e sanitária em que se encontra o país, na próxima terça-feira (8) a Seleção Colombiana vai enfrentar a Argentina na cidade de Barranquilla, em jogo válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. A partida terá público de até 25% da capacidade do estádio Metropolitano – ou seja, cerca de 10 mil pessoas. No Olé.
COSTA RICA 🇨🇷
Em visita à capital San José, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, pediu que a América Central defenda a democracia e se mobilize contra a corrupção, o que considera as “raízes” do fluxo migratório que leva milhares de latinos aos EUA. Além do presidente Carlos Alvarado, a reunião teve a participação de autoridades do México, destino final de migrantes antes da travessia. O encontro, porém, não foi visto por partidos de esquerda. Militantes comunistas denunciaram a “ingerência”, pedindo que países centro-americanos tenham direito de “autodeterminação”. Na Prensa.
CUBA 🇨🇺
Nada de trégua no horizonte. Após o governo dos EUA manter suspensos os serviços consulares em Havana, o chanceler Bruno Rodríguez fez duras críticas ao que chamou de “ameaça” à migração segura, ordenada e regular. O governo da ilha entende que a falta de avanço nas relações entre os países “custa vidas humanas”. Para além da agressividade da diplomacia da Era Donald Trump durante a pandemia (saiba mais neste vídeo), as relações entre Washington e Havana pioraram de 2017 em diante, quando uma dezena de representantes estadunidenses foram convocados após um “mal súbito” geral (conhecido como “síndrome de Havana”, o inusitado caso rendeu acusações contra Cuba por suposto “ataque acústico” contra autoridades; a ilha negou veementemente e criticou o “uso político” de uma adversidade). Apesar do acosso recente, houve a expectativa de que a chegada de um governo mais moderado e ocupado com a pandemia pudesse arrefecer a intriga, como também contamos nesta matéria. Mas, ainda que o discurso Democrata seja mais manso, nada de mudanças na prática. Na teleSUR.
O Conselho de Ministros aprovou uma reforma que, na prática, abre caminho para o reconhecimento formal de empresas privadas, em especial o setor de autônomos conhecido como “trabalhadores por conta própria”. Trata-se de mais uma mudança no sistema econômico que as crises dos últimos anos acabaram apressando. Segundo o governo, a ampliação do reconhecimento a atividades não estatais não significa um caminho rumo à privatização, “pois há limites que não podem ser ultrapassados”. Hoje, estima-se que um terço da força de trabalho cubana já esteja empregado em setores sem controle direto do Estado. Via Reuters.
Desde que a ilha viu os números da pandemia aumentarem em 2021, após dar conta de manter níveis estáveis no último ano, a aposta é nas vacinas produzidas em casa. Até aqui, mais de 1,7 milhão de cubanos já foram vacinados com pelo menos uma dose. Apesar da promessa de produzir 100 milhões de doses em 2021, sobretudo para exportação, Cuba vem enfrentando problemas de escassez para avançar com as primeiras etapas do plano nacional. Durante a semana, um carregamento com 380 mil seringas e 359 mil agulhas doadas por organizações civis argentinas chegou ao país, parte de um plano de enfrentamento à crise econômica que critica as sanções mantidas durante a pandemia. Além dos grupos argentinos, ONGs nos EUA, Itália, Espanha e Chile se comprometeram a doar 20 mil seringas durante o ano. Em retorno, Havana prometeu enviar vacinas à Argentina em agosto “quando 70% dos cubanos já estiverem vacinados”. Via Télam.
Un clic:
EL SALVADOR 🇸🇻
Nova encarregada de negócios interina dos EUA em San Salvador, Jean Manes assumiu o cargo durante a semana, prometendo “neutralidade” na posição. Mas, uma posição neutra envolvendo autoridades estadunidenses em terras latinas não costuma ser a tradição, sobretudo em momentos de atrito. E é o caso: desde a última escalada autoritária do presidente Nayib Bukele, que desfez o “STF” do país para obter controle total sobre os três poderes (ele já havia obtido vitória absoluta no Congresso, como contamos neste vídeo) a nova administração em Washington tem feito críticas às manobras do mandatário – que rechaça as sugestões e pede que o mundo “não se meta”. No auge do afastamento, o governo Joe Biden resolveu suspender um apoio militar e de inteligência a El Salvador. Apesar de cada vez mais criticado fora do país, Bukele ainda goza de grande popularidade dentro dele: na última pesquisa de opinião conduzida pela Universidade Centro-Americana José Simeón Cañas, 87,5% dos consultados disse que o presidente representa “uma mudança positiva” para o país. Na Prensa Gráfica.
EQUADOR 🇪🇨
Mais de um ano depois, as aulas presenciais vão voltar no país, que foi o primeiro caso latino-americano de um colapso sanitário e funerário, ainda em março de 2020. Sem obrigatoriedade para o retorno dos alunos, a imensa maioria das escolas ainda não tem um plano de regresso aprovado pelo governo: das mais de 15 mil instituições educativas do Equador, só 1,3 mil já elaborou seu planejamento, a maioria fora de grandes centros urbanos. Na teleSUR.
Após meses de batalhas judiciais, o prefeito da capital Quito teve sua destituição aprovada pelos vereadores na quinta-feira (3). Jorge Yunda foi acusado de não cumprir suas funções, incluindo a não-atribuição de cotas de participação cidadã e falta de transparência na prestação de contas. Ele e outros funcionários do alto escalão metropolitano são ainda investigados por corrupção, em um suposto desvio de verbas na compra de 100 mil testes para covid-19, que teria deixado um rombo de US$ 4,2 milhões aos cofres da capital equatoriana. Embora a saída do cargo que ocupa desde maio de 2019 seja dada como certa por veículos nacionais e internacionais, Yunda só terá sua destituição oficializada após análise do Tribunal Contencioso Eleitoral. Via AFP.
GUATEMALA 🇬🇹
Em manobra vista como nova sabotagem ao combate à corrupção no país, o governo está tentando acabar com a Procuradoria Contra a Impunidade (FECI, na sigla em espanhol), sucessora de outro órgão com objetivos semelhantes encerrado ainda em 2019, a Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (CICIG). Enquanto os EUA manifestaram “profunda preocupação” com as pressões sobre a FECI, que ocorrem poucos dias antes da visita da vice-presidenta estadunidense Kamala Harris ao país a partir deste domingo (6), o presidente Alejandro Giammattei acusa a procuradoria de ter uma “agenda esquerdista” que impede o funcionamento de seu governo, embora negue estar envolvido na tentativa de acabar com suas atividades. Via Reuters.
Os EUA também anunciaram que a Guatemala vai receber o primeiro centro para migrantes financiado por Washington na América Central, em mais uma tentativa de frear o fluxo de pessoas que tentam entrar no país ao norte. A ideia é que outros centros do tipo sejam inaugurados na região, mas até o momento nenhum dos governos deu detalhes de como eles funcionarão na prática. No France24.
HAITI 🇭🇹
Mais um europeu sequestrado no país ganhou as manchetes internacionais da semana: o engenheiro italiano Giovanni Calì, 74, foi raptado no Haiti e os criminosos estão cobrando um resgate de US$ 500 mil. Presente no país para participar de obras rodoviárias, Calì poderia estar nas mãos da quadrilha 400 Mawozo, que recentemente assumiu a autoria de outro sequestro que ganhou atenção no exterior: o de religiosos e seus familiares, incluindo cidadãos franceses, ocorrido em abril (leia mais no GIRO #78). Via ANSA.
Dois dados preocupantes envolvendo crianças haitianas vieram à tona durante a semana. Com a crise causada pela pandemia (que agora se agrava a ponto de a Organização Pan-Americana da Saúde pedir “fortalecimento urgente” no combate à covid-19 no país), pelo menos 4,4 milhões de pessoas estão enfrentando insegurança alimentar na ilha – e a Unicef estima que 86 mil crianças de menos de cinco anos sofrerão desnutrição “grave e aguda” ao longo de 2021, mais que o dobro das 41 mil projetadas pela entidade em 2020. Ao mesmo tempo, a ONG Depase Fwontyè (“Cruzando Fronteiras”, em créole) denunciou que a servidão infantil continua em alta no país, apesar da promulgação de uma lei proibindo a prática (lá chamada “restavèk”) sete anos atrás. Na ocasião, a Unicef estimava que ao menos 200 mil crianças haitianas viviam em regime de servidão.
Una expresión:
Singao – termo cubano derivado do verbo “singar” (foder), usado para xingar alguém. Durante o Torneio Pré-Olímpico de beisebol jogado nos EUA, no qual Cuba acabou eliminada e ainda sofreu com a deserção de um jogador e um psicólogo da equipe, um emigrado cubano apareceu de forma proeminente nas transmissões (que também eram reproduzidas na ilha) com um cartaz dizendo “Díaz-Canel singao”, em referência ao líder do governo.
HONDURAS 🇭🇳
O presidente Juan Orlando Hernández informou a autoridades israelenses que dentro de três semanas será inaugurada a nova embaixada hondurenha em Jerusalém, gesto diplomático que simboliza o reconhecimento da cidade santa enquanto capital do país. Promessa antiga e adiada pela pandemia, a mudança coloca Tegucigalpa ao lado de outros três países: além dos EUA, que optaram pela transferência de sua representação diplomática de Tel Aviv para Jerusalém durante os anos de Donald Trump, só Guatemala, Togo e Kosovo estarão ao lado dos hondurenhos. O Brasil de Jair Bolsonaro também tentou seguir o mesmo caminho em 2018, mas foi forçado a recuar. A confirmação da mudança tem gerado protestos por parte de palestinos dentro e fora de Honduras. Via AFP.
MÉXICO 🇲🇽
Os EUA encerraram oficialmente a política “remain in Mexico” (fique no México), da Era Trump, que obrigava migrantes a permanecer do outro lado da fronteira enquanto aguardavam o julgamento de seus pedidos de asilo pela Justiça estadunidense. O sistema já havia sido interrompido quando Joe Biden tomou posse, em janeiro, e era apontado como responsável por submeter os migrantes a condições de alto risco, já que acabavam acampados sem segurança às margens da divisa, em locais que se tornaram terrenos férteis para sequestros, extorsões e toda a sorte de violências. Via Reuters.
PANAMÁ 🇵🇦
Durou minutos a audiência preliminar da “Lava Jato” panamenha, que investiga 42 pessoas por suposta lavagem de dinheiro com participação do escritório de advocacia Mossack Fonseca (infame pelo escândalo Panama Papers). Marcada para a terça (1º), a audiência acabou adiada para 2022 pela ausência de advogados de defesa. Agora, tudo deve ficar para março ou abril do ano que vem. No Telemetro.
Temendo uma piora da pandemia, que vem conseguindo manter sob relativo controle nos últimos dois meses, o Panamá modificou sua estratégia de vacinação para acelerar o processo: seguindo um caminho já utilizado por países como Brasil e Paraguai, o governo panamenho autorizou o uso de vacinas reservadas para a segunda dose já na primeira aplicação, na expectativa de receber mais entregas até que chegue o momento de completar o esquema vacinal. Além disso, o país vai aumentar de quatro para 12 semanas o intervalo entre a aplicação das duas doses da Astrazeneca. O temor panamenho se justifica: apesar da sustentada baixa dos números, os dois países com quem faz fronteira (Costa Rica e Colômbia) vêm convivendo com repetidos recordes de mortes. Via AP.
PARAGUAI 🇵🇾
Os governos de Paraguai e Brasil firmaram no início de junho um acordo para regularizar e reforçar a segurança na violenta fronteira entre os dois países, especificamente entre a cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Dominado pelo narcotráfico, a região vive episódios diários de disputa entre cartéis, algo só medidas de “cooperação internacional” podem diminuir, alegaram representantes dos dois países. A urgência do tema é autoexplicativa: um dia antes da assinatura do acordo, um homem foi executado na zona fronteiriça, no que já se especula ser um crime relacionado à atividade de gangues da região. No Globo.
PERU 🇵🇪
Um escândalo no Judiciário departamento do Amazonas: suspeita-se que importantes membros da hierarquia legal estariam envolvidos em uma rede de proteção de abusadores sexuais. Entre 2018 e 2021, quatro procuradores e dois juízes vêm aparecendo rotineiramente como acusados ou tendo participação em processos que acabaram com resoluções favoráveis aos acusados. O caso mais grave é o do procurador José Novoa Vásquez, acusado de abusar da sobrinha, uma advogada, a quem teria ironizado enquanto tentava acariciá-la sem consentimento: “se quiseres, te levo para fazer uma denúncia”. Em El Comercio.
PORTO RICO 🇵🇷
A ilha vai reabrir bares e boates, fechados desde o início da pandemia, a partir de segunda-feira (7). O anúncio do governador Pedro Pierluisi veio acompanhado da confirmação de que máscaras não serão mais obrigatórias, em locais abertos, para aqueles que já estejam totalmente vacinados, embora ainda sejam requeridas em ambientes fechados. “Estamos nos aproximando do normal”, disse Pierluisi, “mas ainda não podemos cantar vitória”. Um dos locais mais avançados da América Latina na vacinação, em grande parte favorecido por sua relação umbilical com os Estados Unidos, Porto Rico já tem 36% da população totalmente vacinada. Via AP.
REPÚBLICA DOMINICANA 🇩🇴
Crianças menores de 12 anos serão vacinadas no país, anunciou o governo na terça-feira (1º). A aplicação deve ocorrer assim que chegarem as doses da vacina da Pfizer – cuja aplicação já foi aprovada em adolescentes nos EUA e no Reino Unido. O Congresso aprovou a compra de quase 10 milhões de doses do imunizante. Até o momento, cerca de 11% da população foi totalmente imunizada e o governo deu início a um programa de vacinação massiva, começando pelas localidades mais afetadas, como a capital Santo Domingo. As autoridades vêm alertando para a chegada da terceira onda de coronavírus, que agora pode se agravar com a circulação da variante brasileira P1 em território dominicano. No UOL.
Un nombre:
Carlos Fonseca – é um nome bastante conhecido na Nicarágua: um dos fundadores da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), o professor e comandante nascido em berço campesino em Matagalpa, em 1936, é considerado um dos “pais” da revolução sandinista de 1979, tendo anos antes elaborado as teorias consideradas fundamentais para o triunfo do movimento frente à ditadura de Anastasio Somoza. Apesar de pavimentar o caminho para a vitória e conversão da guerrilha em um grupo político, Fonseca não viveu para ver as ruas de Manágua festejarem o fim do regime: foi morto em uma emboscada em 1976, em um dos piores momentos da guerrilha contra a temida Guarda Nacional; quatro anos depois, com seu sonho de revolução realizado, El Comandante era oficialmente declarado herói nacional.
URUGUAI 🇺🇾
Boa notícia: o país superou a marca de 51% de vacinados com a primeira dose, com mais de 1,8 milhão de aplicações até o começo de junho. Só atrás do Chile como país com melhor taxa de vacinação na América Latina, os uruguaios agora planejam vacinar a população de 12 a 18 anos, faixa etária dificilmente contemplada pela vacinação de países latino-americanos até aqui. Segundo o Ministro da Saúde Daniel Salinas, a campanha nacional contou com doses da Coronavac – cujo uso emergencial foi aprovado pela Organização Mundial da Saúde na terça (1º) – Pfizer e Astrazeneca. Apesar da rápida vacinação, e novamente similar à situação chilena, a pandemia uruguaia vive seus piores momentos em 2021. A ideia do presidente Luis Lacalle Pou é vencer a crise com “vacinas para todos”. No MercoPress.
Na semana em que o Brasil viu seu Exército decidir que não puniria o general (e ex-ministro da Saúde) Eduardo Pazuello por participar de um ato com o presidente Jair Bolsonaro, os vizinhos novamente mostraram que a farda não é sinônimo de impunidade – nem para crimes antigos. Na quinta (3), sete oficiais militares aposentados foram condenados à prisão por crimes de lesa-humanidade cometidos na última ditadura do país (1973-1985), envolvidos em detenções e torturas ocorridas em um centro clandestino de Montevidéu na segunda metade da década de 70. Além da antiguidade dos crimes, também foi uma longa batalha judicial: a denúncia havia sido apresentada em 2011, quando o então presidente (e ex-prisioneiro político) José Mujica removeu proteções da época da anistia. Na DW.
VENEZUELA 🇻🇪
O governo anunciou que oito militares que haviam sido sequestrados no estado fronteiriço de Apure, onde um conflito se estende nos últimos meses, foram resgatados na segunda-feira (31/5). Uma dissidência das FARC havia assumido a autoria do rapto, uma hipótese acreditada também pelo governo colombiano. Via AFP.
A ONG de direitos humanos Foro Penal denunciou, durante a semana, que o governo venezuelano manteria atualmente 299 prisioneiros políticos, incluindo um adolescente e 129 militares. A entidade já contabilizou mais de 15,7 mil detenções por motivos políticos nos últimos sete anos, e diz ter prestado assessoria e atuado diretamente para liberar mais de 12 mil deles. De acordo com a Foro Penal, grande parte dos detidos pelas autoridades chavistas permanece mais de dois anos encarcerada aguardando um retorno da Justiça, mesmo que a lei venezuelana impeça que alguém fique preso sem julgamento por um período superior a dois anos. Via EFE.
A chancelaria criticou a abertura unilateral de fronteiras anunciada pela Colômbia, flexibilizando restrições impostas pela pandemia, especialmente diante da expectativa que as medidas permaneceriam, no mínimo, até setembro. De acordo com Caracas, o país vizinho se vale de sinais desconexos no tema para “distrair a opinião pública dos notórios fatos de continuadas violações de direitos humanos”, uma referência à repressão aos protestos que vem ocorrendo na Colômbia e já deixou dezenas de mortos por lá – além de um espelhismo proposital das acusações que Bogotá também faz em relação ao governo Nicolás Maduro. Os venezuelanos pediram que a Colômbia volte a considerar uma “coordenação bilateral” no tema da fronteira diante da possibilidade de agravamento da crise sanitária. Na CNN.