Lula livre: repercussão nas Américas
Crise boliviana se agrava ▪ Brasil apoia embargo a Cuba ▪ “Vaza Jato” chega ao Peru ▪ País a país, um resumo das notícias do continente, no Giro Latino #5
Não é sempre que o Brasil rouba a cena no GIRO LATINO. Afinal, nosso objetivo é dar destaque para o que se passa na vida dos vizinhos, com uma atenção que nem sempre recebem por aqui. Ontem, porém, foi um desses dias excepcionais. Como um gol aos 49 do segundo tempo que muda os rumos de uma partida de futebol, a crônica do jogo e faz as máquinas pararem na gráfica porque o jornal precisa sair com a informação atualizada, a soltura do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva no fim da tarde de sexta-feira (8) tornou-se o fato de maior proeminência na semana do continente – ganhando manchetes e gerando reações de líderes políticos e importantes figuras locais.
Desta forma, hoje abrimos o GIRO LATINO com uma disposição diferente, trazendo primeiro a repercussão da soltura de Lula nas Américas. Depois, seguimos com a tradicional cobertura do continente.
Un sonido:
Também no YouTube.
Lula sai e sacode o continente
Entre devoção e repúdio, o ex-presidente Lula saiu da prisão em Curitiba, onde estava desde abril de 2018. Rechaçado pela oposição que alçou Jair Bolsonaro à Presidência, o petista segue com grande repercussão pela América. Após o aceno do recém-eleito Alberto Fernández diante da decisão do STF, outros políticos e até celebridades comemoravam a liberdade provisória do líder do PT. O venezuelano Nicolás Maduro celebrou o episódio, dizendo que Lula “estará novamente nas ruas pela causa justa dos brasileiros”. A ex-presidente e agora vice argentina, Cristina Kirchner, disse que a soltura representa “o fim de uma das maiores aberrações do lawfare latino-americano”. “Hoje se fez a justiça”, postou o ídolo do futebol argentino Diego Maradona. Ele e o ex-presidente brasileiro aparecem lado a lado em uma foto.
O que disse a imprensa da região?
Argentina, El Periodico, “Lula sai da prisão”
Argentina, Clarín: “Corrupção no Brasil: Lula foi libertado após 580 dias preso mas segue sua delicada situação judicial”
Argentina, Perfil: “Dilma Rousseff: ‘Não nos basta a liberdade de Lula, queremos sua inocência’”
Bolívia, La Razón: “Lula sai do cárcere ovacionado por seus partidários”
Chile, La Tercera: “Lula se mobiliza contra Bolsonaro após deixar o cárcere”
Colômbia, El Espectador: “Ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, é libertado”
Guatemala, La Prensa Libre: “Ex-presidente Lula da Silva é libertado da prisão 1 ano e 7 meses depois”
Honduras, La Prensa: “Quem é ‘Janja’, o amor de Lula da Silva?”
Paraguai, ABC Color: “Liberação de Lula, que enfrenta múltiplos processos por corrupção”
Peru, El Comercio: “Lula da Silva sai em liberdade após estar 1 ano e 7 meses na prisão”
Rep. Dominicana, Diario Libre: “Lula Livre, mas com um rosário de casos abertos na Justiça”
Uruguai, El País: “O que disse Mujica após a liberação de Lula nesta sexta?”
Venezuela, El Nacional: “Ex-presidente Lula da Silva saiu da prisão”
Venezuela, Efecto Cocuyo: “Lula, ao sair da prisão: ‘Tentaram criminalizar a esquerda’”
Regional, teleSUR: “Pepe Mujica: ‘Recupera o caminho das ruas um líder social e político”
ARGENTINA 🇦🇷
O presidente Jair Bolsonaro estampou manchetes de jornais argentinos após um tuíte polêmico em que dava a entender que a vitória do peronista Alberto Fernández teria feito o mercado reagir. Segundo a postagem, três empresas teriam fechado na Argentina e migrado para o mercado brasileiro. Pouco depois, Bolsonaro apagou a publicação, após as companhias negarem a informação. “Quis destacar a confiança dos investidores estrangeiros em seu país e protagonizou um papelão”, escreveu La Nación. O fato também foi capa do Clarín. O jornal ainda destacou que o brasileiro dobrou a aposta ao publicar um vídeo de uma emissora argentina que exaltava a economia brasileira. Diante das desavenças, Bolsonaro vai mandar o ministro da Cidadania, Osmar Terra, para a posse em Buenos Aires. Presidentes brasileiros não se ausentavam do evento há 17 anos. Na Folha de S. Paulo.
O conflito precoce entre os governos Bolsonaro e Fernández também parou na Câmara. Sob a bênção do filho do presidente e presidente da Comissão de Relações Exteriores da casa, Eduardo Bolsonaro, o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP) fez uma moção de repúdio contra Alberto Fernández, que pouco depois da vitória manifestou apoio à campanha “Lula Livre”, que trata o ex-presidente petista como preso político. Segundo o documento, Fernández teria quebrado “decoro internacional” diante do “ativismo político”. A campanha peronista, porém, também foi alvo de ataques do governo brasileiro. Na Veja.
BOLÍVIA 🇧🇴
O radicalismo tomou conta do país. Como dissemos em uma thread na última segunda-feira (4), a semana amanheceu com ameças de golpe militar contra Evo Morales, lideradas pela oposição radical de Luis Fernando Camacho, do Comitê Cívico de Santa Cruz. Após dar um “ultimato” a Evo (pedindo a renúncia do presidente), porém, o plano de Camacho minguou. Sem apoio das forças armadas, chegou a ser impedido de sair do aeroporto El Alto, em La Paz, por manifestantes pró-Evo. Camacho diz que os protestos não vão parar até a queda do governo. O caso que mais ganhou a mídia foi a agressão sofrida pela prefeita da cidade de Vinto, Patricia Arce, da sigla governista MAS. Arce foi arrastada por manifestantes, coberta de tinta vermelha e teve os cabelos cortados. Segundo o ministro da Defesa, Javier Zavaleta, o país está a um passo do descontrole que levará a uma “contagem de mortos em dezenas”. A violência também chegou aos jornalistas, o que atraiu críticas da Sociedade Interamericana de Imprensa. A organização declarou que o governo Morales tem “o dever de garantir a segurança” dos profissionais de imprensa. Como há um clima “nem Evo, nem Mesa” – também em rechaço ao ex-presidente derrotado por Evo nas polêmicas eleições do dia 20/10 – civis compõem o bloco despolitizado às revoltas. Ainda que não haja apoio pleno do Exército à derrubada de Evo, já há casos de policiais amotinados em cidades como Cochabamba e Sucre. Na BBC.
Una palabra:
Tupananchiskama – tem uso equivalente a “tchau” ou “adeus” em quéchua. O significado literal, no entanto, é menos um ponto-final e mais uma esperança de continuação: “até que a vida volte a nos encontrar”.
CHILE 🇨🇱
Embora em ritmo menor, os protestos seguem no Chile (na sexta-feira, uma universidade chegou a ser incendiada). As manifestações, que já deixaram 20 mortos, inclusive causadas por agentes de Estado, foram marcadas por forte repressão, com relatos de tortura e violência sexual. As consequências, agora, são sentidas pelo poder: nesta semana, o Tribunal de Santiago do Chile aceitou denúncia contra o presidente Sebastián Piñera por crimes contra a humanidade. Piñera garantiu “não ter nada a ocultar”. Via Agência Brasil.
Piñera bate recorde de impopularidade. Segundo pesquisa do instituto Cadem divulgada no último fim de semana, a aprovação do governo agora é de apenas 13%, o número mais baixo desde a redemocratização. A enquete trouxe outros dados importantes: 87% dos ouvidos concordam com a demanda dos protestos que pede uma nova Constituição e 69% entendem que houve excesso e abuso de poder por parte de policiais e militares. Nesta semana, Piñera concedeu entrevista à BBC e garantiu estar disposto a discutir todas as demandas.
Após muita dúvida, o Chile perdeu o evento internacional que ainda teria no fim do ano. Depois do cancelamento da reunião de cúpula da APEC e da conferência climática COP-25, Santiago também ficou sem a decisão da Copa Libertadores de futebol, marcada para 23/11. Na última terça-feira (5), por falta de garantias de segurança no Chile, o jogo foi transferido para Lima, capital do Peru. Na Folha de S. Paulo.
COLÔMBIA 🇨🇴
Uma moção de censura ajudou a derrubar o ministro da Defesa, Guillermo Botero, que renunciou após ser acusado de omitir a morte de oito menores em um bombardeio que tinha como alvo um guerrilheiro dissidente das FARC. Quando o episódio aconteceu, o político classificou as vítimas da ofensiva como "delinquentes", deixando de citar os jovens mortos pelo Exército. Setores das forças armadas são acusados de promover execuções extrajudiciais, fato que sacudiu a política colombiana em 2019. O clima de desconfiança corroborou a derrota de Botero no Senado. Em El País.
COSTA RICA 🇨🇷
No aniversário da Carta Magna costarriquenha, grupos de legisladores formaram fóruns de discussão sobre a atual situação do Estado. Apesar da celebração, também fruto da estabilidade política do país, juristas acreditam que também pode ser um momento de discutir eventuais mudanças na Constituição, como diz o coordenador da Comissão da Assembleia Constituinte, Alex Solís. Na Prensa Latina.
Em semana de discussão, o filósofo Arnoldo Mora Rodríguez, um dos mais importantes do país, comentou sobre a situação política local. Para o acadêmico, não há constituição política na Costa Rica, mas sim “acordos com o FMI”. No Semanario.
CUBA 🇨🇺
Como nos últimos 27 anos e de forma consecutiva, a Assembleia Geral da ONU condenou o embargo que os EUA impõem a Cuba, por 187 votos a 3, com 2 abstenções. Pela primeira vez, no entanto, o Brasil se posicionou a favor do embargo – e contra a condenação da entidade. Em novo aceno ao governo republicano de Donald Trump, membros do governo brasileiro justificaram o voto como “o fim de décadas de submissão” – apesar de especialistas apontarem para o isolamento brasileiro por conta da mudança diplomática histórica. A ex-presidente Dilma Rousseff criticou o governo Bolsonaro, no que chamou de “rompimento de tradição diplomática” e “submissão ao governo Trump”. O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, exaltou a larga vantagem a favor da ilha, dizendo que conta com a comunidade internacional para “derrotar o bloqueio”. O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, também agradeceu aos 187 países que votaram ao lado de Cuba, divulgando um informativo sobre o embargo por meio da conta oficial da pasta. A situação econômica da ilha já resgata o temor de um novo “período especial”.
EL SALVADOR 🇸🇻
O presidente Nayib Bukele segue firme nas brigas virtuais com seus opositores. Após brigar com Nicolás Maduro, discutiu pelo Twitter com o presidente da polêmica Assembleia Nacional Constituinte e braço direito do regime, Diosdado Cabello. O chavista disse que a “brisa bolivariana” pegaria o salvadorenho quando o “saldo acabasse”. Bukele ironizou a fala do venezuelano, dizendo que os que mais criticam ingerência externa fazem a mesma coisa. No NTN24.
Um caso sacode a sociedade salvadorenha. Acusado de tocar nas partes íntimas de uma menina de 10 anos, o juiz da Corte Suprema, Jaime Escalante Díaz, pode nem sequer enfrentar a justiça. Segundo decidiu um tribunal salvadorenho, o fato não configura delito, mas sim um “ato contrário aos bons costumes e ao decoro público”. A procuradoria busca enquadrar o caso em uma pena que prevê de 8 a 12 anos de prisão, ainda que a defesa tenha ganhado força. Nas ruas, movimentos pelos direitos civis pedem a condenação do juiz. O presidente Bukele também expressou sua indignação diante do caso. Na BBC.
EQUADOR 🇪🇨
A crise de outubro reacendeu o debate sobre a organização política equatoriana. Entre os temas está o modelo de Estado “plurinacional”, adotado em 1998, que reconhece direitos e autonomias especiais aos diferentes povos que compõem a cidadania equatoriana. Juristas consideram faltar clareza sobre os limites de cada “nação” diante do Estado. Um dos pontos mais discutidos foi a decisão da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) de decretar um “estado de exceção” próprio em seus territórios durante o período de protestos: na prática, isso significava que militares e policiais que entrassem nas terras sob controle da Conaie poderiam ser detidos e submetidos à Justiça indígena, uma medida cuja legalidade é questionada. Em La Hora.
Un clic:
GUATEMALA 🇬🇹
O excesso de plásticos vem provocando uma gravíssima crise ambiental no país: contaminando rios e costas na América Central, especialmente na Guatemala, a poluição agora torna muitas comunidades inabitáveis, contribuindo para a massiva emigração. Em The Intercept.
HAITI 🇭🇹
Desde setembro, quando os protestos contra o governo haitiano se agravaram, pelo menos 42 pessoas morreram e 86 ficaram feridas. O país, no entanto, vem recebendo muito menos destaque na imprensa internacional do que outras nações em crise no continente, como foi o caso do Equador e, mais recentemente, Bolívia e Chile. Para o sociólogo argentino Lautaro Rivara, envolvido no movimento de solidariedade à ilha, uma visão racista e estereotipada estaria por trás do “esquecimento” em relação aos haitianos. No Brasil de Fato, uma entrevista com Rivara.
MÉXICO 🇲🇽
A violência armada no México vitimou nove pessoas no estado de Sonora, norte do país. Além de três mulheres, seis crianças estão entre os alvos de um grupo armado. Todos os mortos são de um mesmo grupo mórmon, os LeBarón. A família está à frente da organização SOS Chihuahua, que pede o fim da violência na região. O presidente López Obrador agradeceu seu homólogo norte-americano Donald Trump, que prometeu ajuda das autoridades dos EUA na investigação. Em El País.
Um policial que teria participado da operação de captura de Ovidio Guzmán, filho do megatraficante “El Chapo”, em 17/10, foi brutalmente assassinado na quarta-feira (6) por sicários do cartel de Sinaloa. Identificado como Eduardo N., o agente foi executado em plena luz do dia na capital do estado, Culiacán, e as autoridades contabilizaram pelo menos 155 ferimentos a bala. No Infobae.
Na sexta (8), completaram-se 500 anos do encontro entre o conquistador espanhol Hernán Cortés e o líder azteca Moctezuma II. Em 8 de novembro de 1519, Cortés foi recebido em Tenochtitlán, atual Cidade do México, uma cidade erguida sobre as águas e chamada pelos europeus de “Veneza do Novo Mundo”. O episódio marcaria o primeiro passo para a usurpação das terras pela Coroa Espanhola e do subsequente genocídio dos povos originários no país. Na BBC, a história do encontro.
PANAMÁ 🇵🇦
Ex-presidente panamenho que deixou o cargo em julho deste ano, Juan Carlos Varela está às voltas com o vazamento de mensagens que teria trocado com funcionários do governo e familiares enquanto estava no cargo. O atual governo investiga a veracidade das informações contidas no chamado “VarelaLeaks”, enquanto o próprio Varela garante que o conteúdo foi distorcido. Entre as mensagens, indícios de corrupção, tráfico de influência e conspiração internacional para derrubar o regime chavista na Venezuela.
PARAGUAI 🇵🇾
A polícia paraguaia apreendeu celulares, facas, entorpecentes e armas artesanais no presídio de Pedro Juan Caballero, cidade que faz fronteira com a brasileira Ponta Porã-MS. A ação ocorreu em resposta às postagens de um dos detentos em redes sociais, nas quais ele se exibia com armas e drogas. O sistema carcerário do país vive uma crise de confiança após a prisão, em 28/10, de 21 policiais que estariam recebendo suborno de facções do tráfico com base no Brasil. No G1.
PERU 🇵🇪
O Ministério Público abriu uma investigação contra os procuradores Elmer Chirre e Alan Castillo, flagrados alterando depoimentos para que o material evitasse contradições na investigação. Publicada em parceria com o Intercept Brasil, a divulgação dos áudios é chamada de “Vaza Jato peruana”, já que diz respeito a supostas irregularidades envolvendo operações anti-corrupção que cercam escândalos da Odebrecht. No Ojo Público.
Em outra delação, uma testemunha afirmou que Keiko Fujimori sabia dos subornos da Odebrecht que ajudaram a financiar sua campanha. Filha do ex-ditador Alberto Fujimori (1990-2000) e derrotada nas eleições presidenciais de 2016 por Pedro Pablo Kuczynski (também na mira da Justiça), Keiko está em prisão preventiva desde outubro do ano passado. Segundo as investigações, a Odebrecht passou a campanha “apostando” nos dois principais candidatos. Via EFE.
Un hilo:
PORTO RICO 🇵🇷
A morte do astrólogo Walter Mercado (87), uma celebridade da TV latino-americana que conquistou proeminência também entre os latinos radicados nos EUA, provocou comoção em sua ilha natal. Em San Juan, capital de Porto Rico, admiradores se reuniram para seu funeral, realizado na quarta-feira (6), quatro dias após o falecimento. No Brasil, ele ficou famoso pelos anúncios em portunhol carregado, que renderam o bordão “ligue djá”. Via AP.
URUGUAI 🇺🇾
Em maus lençóis na corrida eleitoral para o segundo turno, o candidato situacionista Daniel Martínez continua a anunciar nomes para um eventual gabinete. Prometendo, desde o início da campanha, um ministério “paritário e renovador”, com tantos homens quanto mulheres e se afastando de nomes antigos da política local, Martínez agora volta atrás e se reaproxima de lideranças consagradas: entre os anúncios, está o oferecimento do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca ao ex-presidente e agora senador eleito José Mujica (84). Para o opositor Luis Lacalle Pou, favorito a vencer o pleito, os últimos anúncios representam “o pior dos continuísmos”. Em El Observador.
A duas semanas do segundo turno uruguaio, Lacalle Pou mantém a liderança nas pesquisas: enquete divulgada pela empresa Equipos Consultores na última quinta (7) aponta o candidato do Partido Nacional com 47% das intenções de voto, contra 42% de Daniel Martínez, da Frente Ampla. Há, porém, empate técnico, considerando a margem de erro da pesquisa, que era de 2,8 pontos. No Infobae.
VENEZUELA 🇻🇪
Contemplando diferentes visões ideológicas sobre a crise na Venezuela, o Grupo de Lima e o de Puebla organizaram suas reuniões na última semana. No primeiro também participam representantes do autoproclamado presidente interino Juan Guaidó. Nesta edição, o chanceler brasileiro Ernesto Araújo tentou emplacar uma censura a Cuba na declaração conjunta dos países. O pedido, no entanto, foi rejeitado.
Em Buenos Aires, o Grupo de Puebla reuniu lideranças à esquerda, em uma espécie de integração latino-americana. Radicais da oposição acusam o grupo de ser uma nova versão do Foro de São Paulo. “Lula livre” foi um dos principais temas discutidos. Solto, o ex-presidente até gravou um vídeo em que parabeniza Alberto Fernández e envia saudações a outros líderes latinos. Não há representantes de Cuba, da Venezuela ou Bolívia – o que mostra intenção de ir por vias democráticas.
⚽ A final esquecida
Muito por culpa da própria organizadora, a Conmebol, que passou as últimas semanas mais preocupada em adiar a decisão sobre o que aconteceria com a final da Libertadores (por fim, transferida de Santiago para Lima), o jogo que encerra o torneio secundário do futebol sul-americano recebeu pouco destaque. Hoje, às 17:30 de Brasília, Colón de Santa Fe🇦🇷 e Independiente del Valle🇪🇨, duas equipes que nunca foram sequer campeãs dentro de seus países, buscam erguer o troféu da Copa Sul-Americana. A falta de “grife” dos times envolvidos e a dificuldade para assistir à partida – no Brasil, disponível apenas em um serviço de streaming pago – contribuíram para tornar “invisível” aquela que a Conmebol deveria estar promovendo como a primeira grande “final única” nas suas copas continentais, a inauguração da questionável era de decisões em “campo neutro”. Pouco habituado a eventos desse porte, o Paraguai se mobilizou para receber os torcedores que visitam Assunção: entre preocupações com o mau estado da cidade que aguarda os turistas e novas normativas para impedir a ação de flanelinhas nos arredores do estádio, até o presidente Mario Abdo Benítez se juntou à festa, visitando a concentração das equipes. A tendência é de um estádio dominado pelos argentinos: além de estarem mais próximos, também contam com uma torcida muito mais numerosa que o rival, um clube pequeno e de sucesso recente. Fala-se em até 35 mil santafesinos presentes na Nueva Olla, estádio do Cerro Porteño que recebe a partida e tem cerca de 45 mil lugares ao todo.
A fortaleza que volta: este sábado também marca a reinauguração do Estádio Jorge Luis Hirschi, em La Plata, a mítica casa onde o Estudiantes se fez quase imbatível nas Libertadores dos anos 1960, 70 e 80. Fechado em 2005 e demolido, foi inteiramente erguido do zero no mesmo local onde se encontrava: a esquina da rua 57 com a avenida 1.
O Giro Latino é uma newsletter produzida por Girão da América, Impedimento e Fronteira.
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