Haiti: presidente é morto em ataque armado, diz ministro
Jovenel Moïse foi assassinado em casa no início da madrugada, informou o primeiro-ministro Claude Joseph
O presidente haitiano Jovenel Moïse foi assassinado nas primeiras horas desta quarta-feira (7), informou o primeiro-ministro interino, Claude Joseph. Convertido, na prática, em homem mais poderoso do país na ausência do presidente, Joseph condenou o ato “odioso, desumano e bárbaro”, sugerindo que os responsáveis seriam pessoas que “falavam espanhol”, isto é, provavelmente estrangeiros – no entanto, ele não ofereceu mais informações sobre a suspeita. A primeira-dama, Martine Moïse, também se feriu no atentado ocorrido na residência privada do mandatário, e estava hospitalizada até o fechamento desta edição extra.
Eleito com cerca de 600 mil votos em um país de mais de 11 milhões de pessoas, Moïse estava no poder desde fevereiro de 2017 e, ao longo do mandato, colecionou inimigos. Alvo de grandes protestos há pelo menos dois anos, o que levou à suspensão de eleições legislativas e à eventual dissolução do Parlamento em janeiro de 2020, Moïse vinha governando por decreto (leia mais no GIRO #13). A oposição já qualificava seu governo como “ditatorial”. Desde fevereiro, sua permanência no poder passou a ser ainda mais discutida, devido a uma divergência de interpretação sobre o ano do fim de seu mandato – para opositores, 2021; para o próprio Moïse, apenas no ano que vem. Uma tentativa de destituir o presidente com apoio de membros do Supremo fracassou, em episódio que Moïse definiu como “golpe” (leia no GIRO #68).
Nos últimos tempos, o presidente agora morto vinha obcecado com uma reforma constitucional que poderia ampliar os seus poderes: também criticada pela falta de diálogo com a sociedade, a proposta ganhou data de votação na semana passada, com a promessa de que ocorreria em 26/9 (leia no GIRO #88) – um processo que, agora, fica ainda mais incerto do que antes. A nova dúvida sobre o futuro político haitiano se soma a uma série de problemas que vinham se agravando em anos recentes, como um preocupante aumento da violência em áreas urbanas, que incluiu diversos motins de policiais, e um escasso controle sobre a pandemia – além de ser o país que menos testes de covid-19 realiza na região, o Haiti permanece como o único latino-americano que não aplicou uma única dose de vacina.
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