Guatemala: repressão a protestos pró-democracia agrava crise
América Latina reage à crise no Oriente Médio | Equador escolhe presidente neste domingo | Paraguai abre investigação sobre envolvimento de ex-presidente em assassinato
Em qualquer canto da Guatemala, a sensação é a mesma: a vitória incontestável da chapa progressista de Bernardo Arévalo e Karin Herrera no segundo turno das eleições, realizado em 20/8, pode até ter definido quem governará o país pelos próximos quatro anos a partir de 2024, mas nem de longe encerrou o clima beligerante no país. Mesmo antes de caminhar rumo ao turno derradeiro, o Ministério Público vem topando com o binômio de centro-esquerda, pedindo a suspensão do partido Semilla e quase deixando Arévalo fora do mesmo segundo turno que ele eventualmente ganharia. Na segunda-feira (9), mais lenha na fogueira: em sua reação mais enérgica desde o triunfo definitivo da esquerda, a procuradora-geral Consuelo Porras pediu ao governo mão dura contra protestos populares – os mesmos que, não por acaso, pedem justamente a saída de Porras.
O pedido da chefa do MP derramou gasolina no fogaréu social do país, sobretudo pelo respaldo imediato do governo do presidente Alejandro Giammattei, conhecido aliado de Porras e que há anos flerta com uma agenda autoritária. Prometendo prender quem estiver à frente das marchas e acusando organizações civis e movimentos indígenas de receberem verba estrangeira para financiar a logística dos paros – distribuídos em dezenas de bloqueios de estrada há exatos 12 dias neste sábado – Giammattei repetiu as palavras da procuradora, chamando de “vândalos” e “violadores de direitos” os manifestantes que seguem denunciando um “golpe de Estado em curso” contra Arévalo e sua vice.
A repressão às paralisações desceu quadrada entre representantes de entidades internacionais, que há anos alertam para os riscos à democracia guatemalteca protagonizados pelo órgão comandado por Consuelo Porras. Na terça-feira (10), até o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, saiu em defesa das jornadas populares e reiterou uma posição crítica ao trabalho do MP: Almagro classificou as pressões judiciais contra Bernardo Arévalo e o Semilla de “exemplo vergonhoso para o hemisfério” e “medidas que parecem concebidas para anular a vontade do eleitorado”. Segundo o chefe da OEA, as passeatas são majoritariamente tranquilas e eventuais episódios violentos seriam nada mais do que eventos isolados gerados por grupos que buscam “desestabilizar” mobilizações legítimas.
Quem andou pelo mesmo caminho foi a União Europeia, que, por meio de seu embaixador na Guatemala, Thomas Peyker, rejeitou hipóteses de fraude eleitoral levantadas por organismos internos e pediu diálogo – mas sem descartar a hipótese de impor sanções mais pesadas “a pessoas” que “estão por trás ou agem para minar o processo eleitoral ou o sistema democrático”, sem citar nominalmente os membros MP (muitos dos quais, incluindo a própria Porras, já vêm sendo sancionados fora do país há algum tempo).
Os próximos dias na Cidade da Guatemala, coração dos protestos, podem ser cruciais para o futuro político do país, ao menos no curto prazo. Isso passa por Giammattei: outrora muito próximo à infame procuradora-geral, o mandatário, talvez temendo enfrentar as mesmas pressões de sua aliada (tanto nas ruas quanto fora do país), deixou claro que não tem “qualquer intenção de se manter no poder”. Ele até já se encontrou com o próprio Luis Almagro, prometendo cooperar com o processo de transição – etapa que, no entanto, acabou suspensa temporariamente em setembro por decisão de Arévalo, após membros do Ministério Público realizarem uma “batida” na sede do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) para revirar urnas de votação, tudo sob justificativa de investigar eventuais irregularidades (ainda não comprovadas).
Durante a semana, numa tentativa de botar um ponto final nas tensões, Giammattei enviou uma carta a seu sucessor, fazendo votos por diálogos que resolvam a atual crise política. Mas, se o presidente sainte buscava trégua, não foi o que encontrou: rodeado de apoiadores na noite de quarta-feira (11), Arévalo foi até o Palácio Nacional para entregar sua resposta, lida em voz alta nas ruas: “Consuelo Porras, a procuradora-geral que você [Giammattei] reelegeu, tem empreendido ações para zombar do povo da Guatemala, quebrar a integridade do processo eleitoral e negar os resultados das eleições”. O presidente eleito ainda destacou que o atual mandatário “permaneceu calado” diante das tentativas de apatifar as eleições e, portanto, seria conivente com as ações intimidatórias do MP.
O atual mandato da procuradora-geral, renovado no ano passado, vai até o início de 2026 – o que coincide com os primeiros dois anos de Arévalo à frente do cargo. O problema para a chapa esquerdista, porém, é que as leis guatemaltecas só preveem dois cenários possíveis para a destituição de Porras: uma condenação no exercício de suas funções, hipótese que jogaria no colo do presidente o poder de demiti-la; ou que ela mesma peça para sair.
Na prática, mesmo que Giammattei ouça os apelos multitudinários para rogar à fiel colega sua renúncia, ela pode simplesmente rejeitar a sugestão e seguir no cargo até o fim do ciclo, garantindo uma constante rota de colisão com o futuro governo. E, de todo modo, o presidente não parece muito disposto a apertar a líder do MP, enfatizando em um pronunciamento na sexta (13) que não tem poder para removê-la diretamente, sem dar muita atenção aos pedidos para que, pelo menos, faça alguma pressão nesse sentido. Enquanto representante máxima do Ministério Público, uma eventual investigação contra Porras passaria necessariamente pelo aval do Congresso – onde Arévalo não terá vida fácil – e da Corte Suprema e voltaria às mãos do próprio MP, facilitando articulações políticas e institucionais para blindá-la.
Para uma população cansada do “pacto de corruptos”, a saída que resta é bater no nome da chefe ministerial à espera de uma atitude milagrosa. Mas, num país onde o status quo sempre vence, não seria surpreendente se a história de Bernardo Arévalo acabasse como a do pai.
Ajude o GIRO a ficar cada vez melhor! Faz um PIX pra nós! Copie o e-mail ou a chave para enviar o valor que quiser.
pixdogiro@gmail.com
Quer dar uma força de outra maneira? Também habilitamos a opção de contribuição via Substack. Ou, se preferir, nossa campanha de financiamento recorrente segue ativa no Catarse.
Un sonido:
DESTAQUES
🌎América Latina reage à nova crise no Oriente Médio – Os ataques do grupo Hamas contra civis em Israel no último sábado (7), que levou – sem qualquer surpresa – a uma resposta imediata por parte das forças de Israel, bombardeando por sua vez milhares de cidadãos palestinos na convulsionada Faixa de Gaza, foi o tema da semana no jornalismo internacional, respingando em círculos de poder pelo mundo. Não foi diferente na América Latina, onde líderes da maioria dos países vieram a público de forma oficial para repudiar o ataque inicial, classificado pela maioria dos governos – como Argentina, México, Colômbia e Chile – de ações “terroristas” por parte do Hamas, embora o presidente colombiano Gustavo Petro tenha feito duras críticas à ocupação israelense em Gaza. O tom dos repúdios não foi uníssono: Cuba, Venezuela e Nicarágua focaram em denunciar violações à soberania palestina, como no caso da chancelaria em Havana, que descreveu as ofensivas do grupo armado contra israelenses como uma “consequência de 75 anos de violação permanente dos direitos inalienáveis do povo palestino e da política agressiva e expansionista de Israel”. Declarações que destacaram mais as baixas israelenses foram vistas por parte dos argentinos, onde está a maior comunidade judaica na América Latina, e conhecidos por conviverem com a memória recente dos violentos atentados na capital contra judeus, em 1994 (entenda). Nem tudo é oito ou oitenta: no caso transandino, o presidente Gabriel Boric – que ao lado do governo paraguaio pediu ajuda do governo Lula para repatriar cidadãos afetados pelo conflito – não poupou palavras para condenar os atos do grupo islâmico, mas também fez questão de citar as “décadas de ocupação ilegal” em território palestino, para o mandatário uma “clara violação de leis internacionais” – o Chile é casa da maior comunidade palestina fora do mundo árabe, com traços culturais evidentes. Mais detalhes, no El País.
🇪🇨 Seguido por rastro de violência, Equador chega a 2º turno presidencial – A ex-parlamentar correísta Luisa González e o jovem empresário Daniel Noboa, que competem pela Presidência do país no segundo turno no domingo (15), passaram as últimas semanas de campanha sob coletes à prova de bala, evitando aglomerações e sempre cercados por segurança fortemente armada. Só isso já dá uma amostra do que está em jogo para os equatorianos no final de semana. O esburacado processo eleitoral terá mais de 13,4 milhões de cidadãos habilitados para decidir quem governará o país por dois anos, encerrando, enfim, o ciclo constitucional iniciado na posse de Guillermo Lasso em 2021 – o presidente, que passará a faixa em 25/11, antecipou sua saída em um ano e meio ao invocar um dispositivo da Constituição que o permitiu dissolver o Congresso pelo preço de deixar o poder (entenda). Apesar dessa crise, nada mais do que a violência estará em pauta nas discussões da próxima gestão: desde os anos da pandemia, o Equador tem testemunhado um pico sem precedentes na insegurança, alta atribuída ao avanço de grupos criminosos que atuam como ramificações de grandes cartéis continentais. A violência, não por acaso, respingou no processo eleitoral: a 11 dias do primeiro turno em agosto, o presidenciável Fernando Villavicencio foi morto a tiros durante um evento de campanha; ainda sob investigação, o crime dá indícios de ter ligação com a atividade de grupos criminosos – nessa semana, seis suspeitos de origem colombiana detidos após o assassinato foram encontrados sem vida em uma penitenciária em Guayaquil, e um sétimo implicado no crime foi morto em um presídio em Quito no dia seguinte, aumentando a hipótese de possível queima de arquivo. Com agendas que se contrastam no campo social e econômico, González tenta levar adiante o movimento político de seu principal padrinho, o ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), ao passo que Noboa, que sequer era cotado para chegar o segundo turno, lidera pesquisas – com uma vantagem estreita – e tem chance de se tornar o presidente mais jovem da história do país. As urnas abrem às 7h da manhã (9h de Brasília). Mais detalhes, na CNN.
🇧🇴 Fratura da esquerda boliviana segue e agora Evo acusa Arce de negócios escusos com o lítio – Na semana seguinte ao bombástico congresso do Movimento ao Socialismo (MAS), no qual aliados do ex-presidente Evo Morales (2006-2019) consideraram o atual mandatário Luis Arce “autoexpulso” da sigla, a treta entre os dois políticos segue (entenda mais o impasse sobre a filiação ao MAS e os possíveis impactos aqui). Enquanto a justiça não dá a palavra final sobre qual dos lados do fraturado partido vai levar a melhor em sua versão – já que Arce convocou seu próprio congresso, alegando que os “evistas” não eram representativos o suficiente –, o conflito escalou mais um degrau na quinta-feira (12), com uma acusação grave: Evo Morales formalizou uma denúncia contra Arce e o filho, afirmando que eles promoveram “negócios familiares” com o lítio boliviano, supostamente tendo conversado a respeito de concessões com empresas estrangeiras por fora dos meios legais. Morales entregou ao Ministério Público o que afirma serem gravações das negociações e garante que estaria “totalmente comprovado” que a voz ouvida nos arquivos seria de Marcelo Arce, o filho do atual mandatário. Por meio do Ministério da Presidência, o governo afirmou existir um “ataque sistemático” de Evo à atual gestão, referiu-se à denúncia como “calúnia” e a resumiu como uma “tentativa de crescer politicamente”. A fissura só se aprofunda. Em El Deber.
🇲🇽 México: presidente condecora militar que já foi preso por tráfico e gera polêmica – Mesmo para o padrão de gafes do presidente Andrés Manuel López Obrador, condecorar um militar que já foi preso nos EUA em 2020 sob acusações de tráfico de drogas pareceu cruzar qualquer limite para um governo que não quer saber de escândalo. Mas aconteceu: durante um evento na quarta-feira (11) que celebrou o bicentenário da “Heroico Colégio Militar”, que relembra contribuições dessa mesma instituição em diversas áreas, AMLO galardoou o general Salvador Cienfuegos por seu tempo de comando à frente da entidade militar, entre 1997 e 2000. Anos depois, o general, que também serviu como secretário de Defesa Nacional durante o governo de Enrique Peña Nieto (2012-2018), acabou envolvido em um escândalo após ser detido em um aeroporto de Los Angeles há três anos, acusado de participar de uma rede internacional de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Mais tarde, porém, os EUA retiraram as acusações, no que se especula ter sido fruto de esforços diplomáticos do lado mexicano; de volta ao México para ser novamente investigado, o militar também acabou liberado pelas mesmas razões. Mas, como sempre é o caso na política, Obrador não evitou ataques da oposição, sobretudo pela lembrança de sua reação enérgica à agência estadunidense antidrogas, a DEA, à época acusada pelo mandatário de fabricar provas contra Cienfuegos e até de violar a soberania mexicana. Nas redes sociais, críticos do governo também lembraram que AMLO reagiu de forma bem mais amistosa no caso que condenou, também por ligações (essas, comprovadas) com o crime, o ex-chefe anti-narcotráfico Genaro García Luna, tido como peça-chave no governo de Felipe Calderón (2006-2012), arquirrival de Obrador. Em El País.
🇵🇾 Paraguai: MP abre investigação após depoimento que liga ex-presidente a assassinato de promotor – Nem mesmo uma intensa rebelião na Penitenciária de Tacumbú, iniciada e encerrada durante a semana com direito a dezenas de agentes feitos reféns, deu conta de chamar mais atenção do que a notícia mais bombástica envolvendo a política guarani em tempos recentes: após uma testemunha-chave do caso que investiga o assassinato do procurador ‘antimáfia’ Marcelo Pecci citar nominalmente o ex-presidente Horacio Cartes (2013-2018) como suposto mandante do crime (entenda tudo no GIRO anterior a este), o Ministério Público em Assunção anunciou na segunda-feira (9) a abertura de um processo criminal para apurar a veracidade do relato de Francisco Luis Correa Galeano. Desde o início das buscas iniciadas após a matança ocorrida em maio de 2022, as declarações de Galeano têm sido um ‘fio condutor’ da Justiça colombiana nas buscas por culpados pelo assassinato, efetuado na praia de Barú. Também no início da semana, procuradores à frente de uma força-tarefa conjunta entre Paraguai e Colômbia se reuniram virtualmente para trocar informações. O que resta, agora, é entender justamente qual o envolvimento de Cartes na história (uma suspeita que, mesmo sem provas até o momento, ganha eco considerando o histórico de problemas na Justiça do ex-mandatário, além do fato de ser ele mesmo um dos investigados em operações nas quais o procurador estava envolvido antes de ser morto): ao passo que o MP paraguaio sustenta, por enquanto, que o depoimento demolidor “não adiciona nenhum tipo de novos elementos, diretos ou indiretos, que sustentem” as acusações contra o político, o lado colombiano da investigação segue garantindo que tudo dito pela testemunha – até aqui – tem sido devidamente comprovado. Cartes, por sua vez, nega tudo. Na CNN.
Un clic:
Incêndios históricos em Córdoba teriam sido causados por homem que fez fogueira para “passar café”.
MAIS NOTÍCIAS
REGIÃO 🌎
Em disputa na Colômbia, a Copa Libertadores de futebol feminino definiu suas classificadas para a etapa decisiva do torneio, que já começa neste final de semana. Sem surpresas, as três equipes do sempre favorito Brasil avançaram ganhando todos os jogos que disputaram. Já entre as anfitriãs, decepção por conta do Santa Fe, que, mesmo jogando em casa, não repetiu o sucesso das compatriotas classificadas e se despediu ainda nos quadrangulares. Agora, são três fases eliminatórias em partidas únicas até a grande decisão. Neste sábado (14), as brasileiras do Palmeiras – que defendem o título – encaram as paraguaias do Olimpia, enquanto a Universidad de Chile encara o Atlético Nacional colombiano – as vencedoras de cada jogo duelam nas semifinais. No domingo (15), para definir o outro lado do chaveamento, é a vez do Corinthians enfrentar o América de Cali, que joga em seu próprio estádio, enquanto o Internacional de Porto Alegre duela com as chilenas do Colo-Colo. As semifinais acontecem no meio da semana e a definição do título está marcada para o próximo sábado (21). No GE.
ARGENTINA 🇦🇷
Ao menos segundo a cotação do mercado clandestino – popularmente conhecido como “dólar blue” – já são necessários mil pesos para comprar uma única unidade da moeda norte-americana. Reflexo da acelerada inflação que varre o país platino há anos, a marca simbólica, atingida pela primeira vez na história no início da semana, chega na medida em que o governo tenta descomplicar os diferentes câmbios, unificando três diferentes cotações na terça (10). No câmbio oficial, que é utilizado em transações do governo mas não se aplica na vida cotidiana dos argentinos, a disparidade ainda é menor: cerca de 350 a 360 pesos por dólar. Mas, seja como for, o cenário complicado e que força cidadãos argentinos a adaptações diárias, com bolos de dinheiro no bolso para compras cotidianas, tem sido um prato cheio para o libertário de extrema direita Javier Milei, candidato (e, segundo várias pesquisas, favorito) nas eleições presidenciais que tem primeiro turno marcado para o próximo dia 22. Prometendo “dinamitar” o Banco Central, para ele o pai de todos os problemas econômicos do país, o extremista voltou a defender seu tão sonhado plano de dolarização – uma medida que, no entanto, dificilmente seria praticável no curto prazo, avaliam especialistas. No Brazilian Report.
Um cenário apocalíptico tomou conta do horizonte da província de Córdoba durante a semana: favorecido pelo tempo seco e pelo vento, um incêndio de grandes proporções se alastrou nos arredores de Villa Carlos Paz, destino turístico idílico a apenas 40 km da cidade de Córdoba, capital regional e segunda maior área urbana da Argentina. Uma zona de beira de estrada com cerca de 400 casas precisou ser evacuada, por um incêndio de origem aparentemente acidental, mas que vai render denúncia criminal para o responsável: um homem chamado Ulises Xarate, de 27 anos, admitiu ter iniciado uma fogueira para “passar café” e perdido o controle das chamas em função da ventania. Diante do desastre ambiental que também provocou danos materiais, felizmente sem registro de perda de vidas humanas, ele vai responder por incêndio culposo. Em La Voz del Interior.
CHILE 🇨🇱
Chegou a vez também de quem fugiu do país: autoridades chilenas confirmaram durante a semana que o ex-militar Pedro Barrientos Núñez, um dos acusados pelo assassinato do cantor e compositor Víctor Jara pouco após o golpe de Estado de 50 anos atrás, foi capturado nos Estados Unidos no último dia 5/10 e deve ser extraditado ao país natal para encarar a justiça. Há uma década, o Chile tentava a repatriação de Barrientos para processá-lo, mas a situação era dificultada devido ao fato de que o antigo militar havia se mudado para os EUA em 1989 e, desde então, mantinha a cidadania daquele país. Tudo mudou em meses recentes: após ser condenado – na vara cível – pelo envolvimento na morte de Jara pela própria Justiça norte-americana em 2016, ele teve sua cidadania estadunidense revogada no último mês de julho, sob a alegação de que teria conseguido os papéis de forma irregular. Agora capturado e visto como chileno aos olhos da lei, Barrientos não tem qualquer proteção para seguir nos EUA. Em agosto, outros sete ex-militares já tiveram confirmadas suas condenações por envolvimento na morte de Víctor Jara, executado brutalmente na primeira semana após o golpe de 11 de setembro de 1973. Em El País.
COLÔMBIA 🇨🇴
Aos 66 anos, morreu na quinta-feira (12) um dos assassinos seriais com maior número de vítimas já registrado, em um hospital da cidade colombiana de Valledupar: homicida e pedófilo condenado, Luis Alfredo Garavito estava preso desde 1999 após ser capturado e confessar ter matado e abusado de quase 200 crianças, em sua maioria de origem humilde, com idades entre oito e 16 anos. Também conhecido como “La Bestia”, chegou a ser condenado a 1.853 anos de prisão, levantando um debate no país sobre a volta da pena perpétua, já que os limites estabelecidos em lei (40 anos) permitiriam que ele recuperasse a liberdade ainda em vida – nos últimos anos, cresceu o temor de que o assassino em série voltasse às ruas ainda em 2023, após cumprir três quintos da pena máxima com bom comportamento, embora o então presidente Iván Duque (2018-2022) tenha assegurado que essa hipótese não seria concretizada. A causa exata da morte não foi divulgada, mas Garavito convivia há pelo menos três anos com diferentes complicações de saúde associadas a uma leucemia linfática crônica. Em El Tiempo.
Una expresión:
Pacto de corruptos – Aliança de líderes políticos, grandes empresários, membros do crime organizado e membros do sistema judiciário para garantir a impunidade diante de eventuais processos por corrupção na Guatemala. Em setembro de 2017, o Congresso guatemalteco aprovou uma mudança no código penal que permitiria a troca de condenações de até 10 anos de prisão por pagamentos de cinco a 100 quetzales (cerca de R$ 3 a R$ 60) por dia de pena – lei que beneficiaria não apenas os condenados por corrupção, mas também pessoas presas por toda sorte de crimes. A novidade desatou imediatamente a ira da população, que cercou a sede do Legislativo e forçou os deputados a revogarem a medida. Nas redes sociais, o caso foi apelidado de #pactodecorruptos e, desde então, a expressão é usada para se referir às figuras poderosas que escapam da justiça.
COSTA RICA 🇨🇷
Toma lá, dá cá – às avessas: dando um passinho atrás nas relações diplomáticas, o governo tico anunciou que, a partir de terça-feira (10), o país passará a solicitar visto consular para todos os cidadãos hondurenhos que queiram entrar no país, com exceção de viajantes que passam por aeroportos costarriquenhos em função de escalas em voos internacionais. Segundo San José, a decisão é tomada por “razões de segurança” – o ministro de Segurança, Mario Zamora, disse que a pasta tem detectado a presença de criminosos hondurenhos, supostamente ligados ao narcotráfico caribenho. Vale lembrar: historicamente conhecida pela tranquilidade, a Costa Rica vive uma onda de violência em função da expansão do crime organizado e já bate recordes de homicídios em 2023. A nova restrição, porém, não ficou sem resposta do lado hondurenho: após a determinação vizinha, Tegucigalpa cobrou na mesma moeda, exigindo, a partir da mesma terça, vistos a todos os cidadãos costarriquenhos que entrem no país, “sem nenhuma exceção”. Várias autoridades temem que medida impacte negativamente o comércio e o turismo entre as duas nações centro-americanas – o presidente Rodrigo Chaves, no entanto, disse que as relações comerciais com Honduras são “secundárias” frente a tudo que envolva o combate à violência. Na DW.
CUBA 🇨🇺
Vivendo uma crise de produção desde a pandemia, Cuba está cada vez mais distante da meta de soberania alimentar preconizada até mesmo pela lei da ilha. Dados oficiais dizem que a produção agropecuária reduziu 35% entre 2019 e 2023, enquanto o açúcar – outrora um dos baluartes da indústria cubana – enfrentou uma queda de mais de 40% entre as safras de 2020/2021 e 2021/2022. Segundo o ministro da Economia Alejandro Gil afirmou em setembro, hoje o país importa “praticamente 100% da cesta básica”, ante os 80% registrados antes da pandemia. Uma reportagem da AFP conta as histórias de agricultores cubanos que buscam maneiras de recuperar a produtividade perdida em tempos de crises contínuas.
EL SALVADOR 🇸🇻
[meme do Pikachu surpreso]. O Congresso salvadorenho, de maioria governista, aprovou na noite de quarta-feira (11) mais uma prorrogação de 30 dias do vigente regime de exceção, imposto pelo presidente Nayib Bukele ainda em março do ano passado e considerado a pedra fundamental de sua infame e brutal guerra declarada contra o crime organizado. Com a extensão da medida, que é vista com ressalvas por atropelar direitos constitucionais e dar superpoderes aos órgãos de segurança pública que operam sob a batuta do presidente, o país chega a um total de 20 meses seguidos sob o decreto. E não é esperado que algo mude tão cedo: “vamos continuar isso enquanto for necessário”, comemorou o presidente da Casa, Ernesto Castro. Enquanto isso, segue a jornada contra as gangues locais: só essa semana, pelo menos 4 mil soldados foram designados a comunidades próximas à capital na busca por pandilleros, dando uma amostra de como a política atual já virou questão de Estado. Na teleSUR.
GUATEMALA 🇬🇹
Em meio ao caos social e político explicado no abre desta edição, notícias que dão (alguma) esperança: segundo informações divulgadas na sexta-feira (13) pela família do jornalista José Rubén Zamora – sentenciado a seis anos de prisão por lavagem de dinheiro em um caso que gerou indignação por acusações de ser fruto de retaliação política – um tribunal de apelação decidiu anular a decisão contra o comunicador e ordenou a repetição de todo o processo. A decisão, trazida à luz do noticiário pelo filho de Zamora, que leva o mesmo nome do pai, foi celebrada pelo círculo próximo do jornalista, sobretudo pela possibilidade de a defesa solicitar prisão domiciliar ao réu (que já é idoso) durante a remontagem do caso. “Esperamos que, agora, possamos ter um julgamento justo onde o direito à defesa seja respeitado”, disse o filho. Segundo o que se sabe até aqui, a decisão ainda pouco detalhada obedeceria um pedido da procuradoria e do próprio jornalista, que também enfrentará novo julgamento por outros delitos dos quais já havia sido absolvido. Como explicado pelo GIRO, Zamora ganhou fama por denunciar escândalos do alto escalão da política local ao longo das últimas décadas, passando à mira do infame judiciário guatemalteco nos últimos anos por críticas ao presidente Alejandro Giammattei e à procuradora-geral Consuelo Porras. O jornalista também é fundador do jornal El Periódico, veículo que acabou fechando as portas em maio pelas pressões contra seu principal nome. Na Prensa Libre.
HAITI 🇭🇹
Mais uma peça do quebra-cabeça: diante da Justiça dos EUA, o haitiano John Joel Joseph, que atuou como senador em outras primaveras, declarou-se culpado na terça (10) de acusações relativas à trama que matou o presidente Jovenel Moïse em 2021, um crime que segue se desdobrando dentro e fora do Haiti (entenda os impactos políticos). Ao confessar, Joseph espera chegar a um acordo de colaboração com o tribunal, tentando evitar uma possível – e até provável – sentença de prisão perpétua. Extraditado da Jamaica para território estadunidense em junho, o ex-senador é apontado como um dos conspiradores do crime ao lado de pelo menos 11 pessoas – oito aguardam julgamento nos EUA. Embora sem ter cidadãos envolvidos no crime, os EUA afirmam ter jurisdição sobre o caso porque parte da trama assassina teria se desenrolado em seu território, com encontros dos conspiradores em Miami. Desse grupo, dois também já confessaram envolvimento no magnicídio, sendo um deles o empresário haitiano-chileno Rodolphe Jaar, condenado à prisão perpétua há quatro meses. A busca por todas as peças segue. Via AP.
HONDURAS 🇭🇳
Dois ex-presidentes hondurenhos foram indiciados pelo Ministério Público, na quarta (11), por supostos desvios de verbas públicas – que teriam sido redistribuídas em campanhas eleitorais. As denúncias se referem aos dois últimos mandatários conservadores, Porfirio Lobo (2010-2014) e Juan Orlando Hernández (2014-2022), e correspondem a um desfalque de 288 milhões de lempiras (R$ 58,5 milhões), segundo as investigações. Não é a primeira vez que os dois aparecem na mira da justiça, embora, no caso de Hernández, esse esteja longe de ser o maior de seus problemas: no ano passado, poucas semanas após deixar a Presidência, JOH foi preso e extraditado aos Estados Unidos, onde aguarda julgamento por suposta vinculação com o narcotráfico – seu irmão, o ex-deputado Tony Hernández, já cumpre pena perpétua no país do Norte por acusações parecidas. Via Reuters.
Dale un vistazo:
Ya no estoy aquí – Ulisses, um chamaco mexicano de Monterrey, tem apenas uma fixação: os bailes de cumbia. O grupo dele, os Terkos (corruptela de tercos, que significa “teimosos” em espanhol), é conhecido na cena artística suburbana, mas ainda precisa ganhar o respeito nas ruas da cidade. Depois de se envolver em brigas de gangues, Ulisses foge para Nova York e tenta seguir em frente, mas a vida como migrante sem falar inglês é mais hostil do que ele pensa. O filme está disponível na Netflix. Confira o trailer aqui.
📽️ ‘Ya no estoy aquí’ (México/EUA, 2019). Dir.: Fernando Frías de la Parra. 112 min.
MÉXICO 🇲🇽
Se fosse hoje, seria de lavada. Ampliando um favoritismo que já era perceptível em sua vitória nas primárias do partido governista Morena, a ex-prefeita da capital Claudia Sheinbaum voltou a dar uma demonstração de força a menos de um ano das eleições presidenciais de 2024: segundo uma nova pesquisa divulgada na segunda (9), a antiga chefe do Executivo da Cidade do México é o nome preferido entre 55% dos entrevistados contra só 20% das intenções de voto para a senadora Xóchitl Gálvez, que encabeça uma “frente ampla” de oposição – outros nomes na disputa aparecem ainda mais distantes. ‘Pupila’ do popularíssimo presidente Andrés Manuel López Obrador, Sheinbaum colhe os frutos das bênçãos de seu padrinho político, bem como do tempo de cargo à frente da capital: quase 70% dos eleitores dizem conhecer a ex-prefeita, ao passo que 51% enxergam em Gálvez um rosto conhecido. Mantida a atual temperatura e pressão, é pouco provável que o Morena não se mantenha no poder por mais seis anos a partir do ano que vem. Via Reuters.
Enquanto o eleitorado mexicano se prepara para as eleições de 2024, o lado norte da fronteira discute o novo mote eleitoral do Partido Republicano: invadir o México. Essa é a nova guerra defendida por figuras estadunidenses como o ex-presidente Donald Trump e o atual governador da Flórida, Ron DeSantis — que chama os migrantes indocumentados de “aliens ilegais” em seus comunicados oficiais. A ideia uma invasão, vendida como uma forma de combater os cartéis de drogas, tem relação com a nova epidemia de fentantil nos Estados Unidos e já provocou desentendimentos entre López Obrador e Xi Jinping — a China é fonte dos opioides usados na fabricação da droga, embora haja dúvidas sobre quem são os verdadeiros grupos responsáveis por levar a droga aos mercados estadunidenses. Em parceria com o Intercept Brasil, o GIRO conversou com uma cientista política para entender as causas e implicações dos discursos pró-guerra dos pré-candidatos republicanos.
NICARÁGUA 🇳🇮
O de sempre: a alta cúpula da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou na quarta (11) o que chamou de “medidas repressivas” adotadas pelo sempre criticado governo do presidente Daniel Ortega, que em tempos recentes – já praticamente livre de oposição, imprensa crítica, entidades não-governamentais e até antigos aliados de guerrilha – vem apontando a mira do aparato estatal para universidades (abruptamente expropriadas) e membros da Igreja Católica. De acordo com a organização multilateral, autoridades em Manágua devem restituir “direitos fundamentais” no país, bem como “proteger a educação como pilar fundamental para o desenvolvimento e o progresso da sociedade”. No marco da declaração, que não é exatamente uma novidade, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) lembrou que já contabiliza quase 3,4 mil “organizações da sociedade civil, cuja personalidade jurídica foi cancelada” após os protestos de 2018, considerados o ponto de inflexão da atual crise política. No Confidencial.
PANAMÁ 🇵🇦
Ainda Darién: diante da migração descontrolada – que elevou a mais de 420 mil travessias só até o que vai do ano – pelo trecho de selva que sempre é notícia nesta seção, os governos de Panamá e Costa Rica anunciaram na terça-feira (10) uma força-tarefa para transportar, em vários ônibus, milhares de migrantes até a fronteira tica. No total, segundo o Serviço Nacional de Imigração do país do istmo, 30 veículos vão levar um grupo de quase 1,6 mil migrantes do Panamá até um centro de controle migratório no interior do país vizinho, de forma a acelerar o caminho que esses grupos fazem até o topo do continente, majoritariamente rumo aos EUA. Além da política de redução de danos – já que os migrantes acabam chegando à América do Norte de um jeito ou de outro – autoridades panamenhas têm implementado uma série de medidas de fiscalização na tentativa de conter a criminalidade que se desenvolve entre as rotas internas do Estreito de Darién. Os esforços costarriquenhos junto ao Panamá se contrastam com a atual relação do país centro-americano com a Colômbia, cujo governo, no sentido contrário da boa vizinhança, é acusado de não cooperar. Via AP.
Só um susto: na sexta (13), um voo da Copa Airlines precisou retornar às pressas para o Aeroporto de Tocumen, na Cidade do Panamá, após uma ameaça de bomba no avião, que havia partido com 144 passageiros rumo a Tampa, na Flórida (EUA). O Boeing 737-800 foi evacuado e isolado na pista de pouso panamenha, onde especialistas antibombas fizeram uma inspeção – sem encontrar qualquer dispositivo explosivo. Até o fechamento desta edição, não se sabia quem estava por trás da ameaça mentirosa. As operações normais em Tocumen foram retomadas no início da tarde. Em La Estrella de Panamá.
PERU 🇵🇪
Fazia algum tempo que o esporte favorito do Congresso peruano não era praticado, então tome lá uma moção de vacância: na quinta (12), deputados de esquerda deram conta da existência de um novo pedido de destituição, equivalente a um impeachment, por “incapacidade moral permanente” da presidenta Dina Boluarte – uma denúncia vaga que é rotineiramente empregada no país para tentar derrubar mandatários impopulares. Com Boluarte em plena excursão oficial pela Europa, o pedido tem justamente a ver com as viagens: os congressistas de oposição alegam que, embora uma nova lei tenha autorizado a presidenta a despachar de modo virtual no exterior, as saídas do país continuam contrariando a Constituição, que não autoriza compromissos fora do país quando não há mais ninguém na linha sucessória do Executivo (Boluarte, vale lembrar, era apenas a segunda vice-presidenta e último nome de sua chapa, mas foi alçada ao cargo máximo após sucessivas crises que tiraram de cena o presidente Pedro Castillo e, muito antes, o primeiro vice, Vladimir Cerrón). Analistas consideram improvável que a vacância avance neste momento em que a classe política parece estar tentando pacificar o Peru após anos de instabilidade no poder, mas os baixos níveis de popularidade e o espectro sempre presente de protestos contra Boluarte – reprimidos violentamente no ano passado – tornam a moção uma arma para os descontentes fazerem mais pressão. Em nome do governo, o ministro de Desenvolvimento e Inclusão Social, Julio Demartini, reclamou do movimento dos legisladores: “precisamos de união”. Na RPP.
PORTO RICO 🇵🇷
Diante da ignorância, uma mudança que muitos julgavam desnecessária: Porto Rico anunciou que, a partir deste mês, vai passar a adotar as iniciais em inglês para os Estados Unidos – USA – nas carteiras de motorista emitidas na ilha, como uma forma de enfatizar que os porto-riquenhos são cidadãos estadunidenses (ainda que sem direito a voto nas eleições federais). A medida busca combater uma série de constrangimentos que as pessoas nascidas na ilha acabam enfrentando nos EUA continentais, frequentemente tendo acesso barrado a serviços públicos e privados por funcionários que, diante do documento sem o “USA”, acreditam estar lidando com estrangeiros. Em 2017, uma pesquisa nacional mostrou que quase metade dos estadunidenses não sabem que porto-riquenhos têm a cidadania do país. Na BBC.
REPÚBLICA DOMINICANA 🇩🇴
Morde e assopra: após quase um mês de fronteiras fechadas, o governo dominicano anunciou na segunda-feira (9) que passaria a permitir provisoriamente a passagem de produtos essenciais – como medicamentos e alimentos – através da divisa com o Haiti, no que aliviaria parcialmente as tensões entre os dois países. Como explicado pelo GIRO, um impasse cheio de nuances ao redor do Rio Massacre levou o poder em Santo Domingo a fechar todos os passos fronteiriços entre as duas nações vizinhas de ilha, além de impor outras várias restrições legais de travessia. A manutenção das restrições à circulação de pessoas e outros produtos parece ter desagradado os haitianos: embora os portões da República Dominicana tenham se aberto na quarta-feira, o outro lado da fronteira seguia fechado até o final da semana, sem explicação oficial oferecida pelas autoridades haitianas, mantendo o clima diplomático sob tensão. Via AP.
URUGUAI 🇺🇾
O Senado uruguaio votou de forma unânime pela destituição, na quarta (11), de um dos membros governistas da Casa após vir a público que ele seria preso preventivamente por uma longa lista de crimes sexuais: o senador Gustavo Penadés, do Partido Nacional, havia sido formalmente denunciado na véspera pelo Ministério Público por 22 delitos diferentes, incluindo abuso sexual, estupro e exploração sexual de menores. Hoje com 57 anos, Penadés teria cometido as violações ao longo de vários anos, com alguns testemunhos se referindo a casos mais recentes, em 2020. O presidente Luis Lacalle Pou, que chegou a defender Penadés no início do ano alegando que ainda não havia provas suficientes do que então ainda era tratado como um rumor, agora se distanciou do ex-senador e disse que “confirmando-se uma sentença, obviamente ele não é a pessoa que conhecíamos”. Diabético e com problemas cardíacos, o político chegou a ser submetido a uma perícia forense para tentar aguardar o processo em prisão domiciliar, mas foi considerado apto a cumprir a prisão preventiva na cadeia. Via F24.
VENEZUELA 🇻🇪
Em clima de desconfiança por parte da oposição, as eleições presidenciais de 2024 já começam com problemas na parte burocrática. Nesta quarta-feira (11), começou, com quatro dias de atraso, o processo de “inscrição e atualização” de registros de eleitores pelo país, com relatos de vários entraves para conseguir utilizar os equipamentos que inserem dados no sistema – uma dificuldade admitida também pela autoridade eleitoral venezuelana. Até mesmo os locais exatos para fazer o registro são uma informação difícil de encontrar, já que o site do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) informando os endereços passou a maior parte da semana fora do ar. Partidos contrários ao governo de Nicolás Maduro, que tentará reeleição, também reclamam do número reduzido de locais para realizar os trâmites burocráticos: seriam apenas 500 sessões ao redor do país, com um grande contingente de jovens precisando fazer o cadastro para votar pela primeira vez. Ainda sem data, as eleições presidenciais de 2024 devem voltar a contar com a participação de candidatos de oposição, após o boicote ao processo em 2018, embora tudo siga se desenrolando com reclamações de um processo viciado e sob um discurso de vitória inevitável de Maduro. Rostos conhecidos da oposição venezuelana, como Henrique Capriles e Freddy Superlano, já desistiram da disputa. No Efecto Cocuyo.
Gostou do nosso conteúdo? Com o seu apoio, podemos construir juntos um GIRO ainda melhor e mais completo. Faça parte!
Também estamos no ex-Twitter, Instagram, YouTube, Podcast e Telegram.