Estado do México aprova aborto
Crise no Peru ▪ 5º mandato de Evo ▪ FMI e Macri ▪ País a país, um resumo do noticiário no continente.
Caro leitor,
Bem-vindo.
O Giro Latino traz as principais notícias do continente na semana, país a país, acompanhadas de notas curtas sobre alguns dos temas que apareceram nos últimos dias. Esta é a edição de teste, com as notícias da semana até 28 de setembro, anterior ao lançamento oficial da newsletter, que ocorre em 12 de outubro.
O Giro Latino é um esforço conjunto dos jornalistas Lucas Berti, o homem por trás do Girão da América, e Maurício Brum, editor do Impedimento, com o apoio da Fronteira, em Porto Alegre. No início, teremos um ritmo semanal – mas, conforme formos crescendo, novos conteúdos estão previstos. Envie seus comentários e sugestões para newsletter.girao@gmail.com.
Un sonido:
ARGENTINA 🇦🇷
O Brasil com o PTinder, os argentinos com o Tinder K, que reúne no Facebook peronistas e kirchneristas em busca de um relacionamento. Segundo o criador do grupo, a ideia veio quando Macri venceu as eleições e as pessoas estavam chateadas. Em La Nación.
O FMI confirmou a suspensão da ajuda financeira à Argentina. Segundo o diretor interino David Lipton, o contato deverá esperar diante da situação “extremamente complexa” do país. O valor de empréstimo, maior da história do Fundo, é de US$ 57 bilhões. Na Folha de S. Paulo.
A ditadura militar argentina não foi só um descalabro no âmbito dos direitos humanos. Também foi um desastre econômico, explicam especialistas. Com aumento de dívida externa e acirramento da inflação, pode-se dizer que o regime militar argentino contribui para a crise atual. Na Folha de S. Paulo.
BOLÍVIA 🇧🇴
No clima eleitoral, Evo Morales tenta o quinto mandato. E a crise na Argentina, personificada em Macri, virou material de campanha a favor do partido governista na Bolívia. “É isso que vocês querem para a Bolívia?”, pergunta a propaganda. Em Minuto Uno.
CHILE 🇨🇱
O presidente francês Emmanuel Macron confirmou que irá a Santiago para a COP 25. A conferência climática, originalmente prevista para o Brasil, mas rejeitada por Bolsonaro, tem servido para alçar o Chile a um novo patamar diplomático na atualidade. Em Radio Cooperativa.
COLÔMBIA 🇨🇴
No auge dos atritos com Caracas, o presidente colombiano foi à ONU e atacou o governo chavista. Iván Duque disse que possui provas de que Maduro apoia o terrorismo internacional. Bogotá acusa o regime de acobertar grupos guerrilheiros. Em La Prensa.
COSTA RICA 🇨🇷
A Costa Rica recebeu da ONU o maior prêmio ambiental da entidade, por conta das políticas do país, dentre elas o plano de descarbonizar a economia até 2050. Cerca de 98% da matriz energética costa-riquenha é renovável. No site da ONU.
Em Nova York, o presidente Carlos Alvarado admitiu que a crise na Venezuela ofusca a situação política na Nicarágua. A Costa Rica vem recebendo milhares de nicaraguenses que fogem do regime Ortega ou que buscam novas oportunidades diante da frágil situação econômica. Na BBC.
CUBA 🇨🇺
A American Airlines e a Latam Airlines foram processadas por fazerem voos a Cuba, por conta de uma lei que proíbe que empresas dos EUA façam negócio com estatais cubanas. O caso é maluco: um cubano que mora em Miami se diz herdeiro do aeroporto José Martí. No G1.
O governo dos EUA anunciou sanções contra o ex-presidente Raúl Castro e seus parentes pelo apoio de Cuba ao governo Maduro e por “violações aos direitos humanos” cometidas na ilha. Segundo Washington, as forças de segurança cubanas estariam por trás dos pilares chavistas. Via Reuters.
EQUADOR 🇪🇨
A Procuradoria Geral do Equador acusou o ex-vice-presidente Jorge Glas de desviar US$ 28 milhões de recursos públicos na licitação para a exploração de um campo petrolífero na Amazônia, há sete anos. Glas está preso há dois anos por participar de um esquema de corrupção da Odebrecht. Em El Comercio.
EL SALVADOR 🇸🇻
O presidente Nayib Bukele se encontrou com Trump para tratar de assuntos de migração. O país, de onde partem muitos migrantes que querem entrar nos EUA, foi o único a ter uma reunião bilateral com o republicano. Em ElSalvador.com.
Recém-empossado, Bukele esteve em Nova York para seu primeiro discurso na ONU como presidente. Antes de começar a discursar, porém, pediu licença para tirar uma selfie. Com só 37 anos, o mais novo líder salvadorenho da história é conhecido por ser hiperconectado. Veja o vídeo.
GUATEMALA 🇬🇹
Perto do fim do mandato, marcado para janeiro de 2020, o presidente Jimmy Morales também fez um discurso em Nova York que rendeu críticas. Atacou a imprensa e acusou a comissão contra a impunidade da ONU de polarizar o país. Ele deixa o cargo esse ano, com uma popularidade baixíssima. Em Prensa Libre.
HAITI 🇭🇹
O senador haitiano Jean Ralph Féthière atirou contra manifestantes em frente ao Parlamento do Haiti, em Porto Príncipe, ferindo um fotojornalista da AP e um segurança. O político alegou reação “proporcional”, dizendo ter sido atacado por militantes violentos. Em La República.
HONDURAS 🇭🇳
EUA e Honduras firmaram um acordo que determina que os latinos recebam de volta solicitantes de asilo que tenham chegado à fronteira americana. O pacto obriga os migrantes a aguardar no país de origem até que o pedido de entrada seja analisada. Em La Prensa.
MÉXICO 🇲🇽
O congresso do estado Oaxaca aprovou a descriminalização do aborto durante as 12 primeiras semanas da gestação. É a segunda localidade a permitir da interrupção da gravidez nesse período. No caso mexicano, a legislação varia por Estado. Na maioria deles, o aborto só é legal em caso de estupro. Em El País.
No dia 26, o desaparecimento dos 43 de Ayotzinapa completou 5 anos. Os jovens desapareceram no estado de Guerrero. Até hoje as famílias não compram a versão do governo. Com Obrador no governo, o Estado se reaproximou do caso e busca reparação. Na BBC.
NICARÁGUA 🇳🇮
Os jornais El Nuevo Diario e Metro suspenderam suas atividades de forma oficial, diante da escassez de matéria prima forçada pelo regime Ortega. Com sérias violações à liberdades de imprensa na conta, o governo cala críticos retendo papéis e tintas na Alfândega. Em La Prensa.
PARAGUAI 🇵🇾
O Brasil extraditou um dos acusados pelo sequestro e assassinato de Cecilia Cubas, filha do ex-presidente do Paraguai, Raúl Cubas, há 15 anos. O homem detido em 2017 será apresentado à justiça paraguaia. A corpo da vítima foi encontrado meses depois, apesar do pagamento do resgate. Em ABC Color.
PERU 🇵🇪
O Congresso, controlado pela oposição, rejeitou o projeto de antecipar eleições para o ano que vem, proposto pelo presidente Martín Vizcarra. Mergulhado em uma imensa crise política e institucional, com todos os ex-líderes presos ou investigados, o Peru tenta reconquistar a credibilidade do poder público. O próximo pleito está marcado para abril de 2021. Em Peru21.
URUGUAI 🇺🇾
O Uruguai votou contra a aplicação de sanções contra membros do regime Maduro via TIAR, o Tratado Interamericano de cooperação militar. Tradicionalmente neutro e favorável ao diálogo, o governo uruguaio optou por deixar o tratado e denunciá-lo na OEA. Via EFE.
O programa de podcast Uruguai na Vanguarda retrata os avanços nas liberdades individuais propulsionados pelo governo Mujica, que dão ao país, até hoje, o rótulo de mais aberto da América Latina. Via EBC.
VENEZUELA 🇻🇪
Apesar de Executivo e Legislativo não se reconhecerem, deputados pró-governo compareceram a uma sessão da Assembleia Nacional, controlada pela oposição, por ordem de Maduro. O governo diz que o retorno faz parte do processo de diálogo entre as partes. Em Notimérica.
O governo Trump anunciou que proibirá entrada de funcionários do governo da Venezuela, além dos parentes dessas autoridades. A medida vem em seguida ao aumento da pressão internacional contra o regime Maduro. Via EFE.
O ano do autoproclamado presidente interino Juan Guaidó foi marcado por altos e baixos, mas jamais por ações efetivas. No entanto, os últimos dias têm sido os piores para o líder da oposição. Além de perder Bolton como aliado na Casa Branca, apareceu em fotos suspeitas com traficantes na fronteira. Na BBC.
Un clic:
FINAL SEM MULTIDÕES? ⚽
A primeira final em campo neutro da Copa Sul-Americana será um teste de fogo para a Conmebol: após as eliminações de Corinthians e Atlético Mineiro durante a semana, os gigantes brasileiros que entraram favoritos nas semifinais, a decisão confrontará dois clubes de pouca fama internacional – os argentinos do Colón de Santa Fe e os equatorianos do Independiente del Valle – em Assunção. A torcida santafesina já provou sua capacidade de viajar em bando, colocando mais de 10 mil torcedores em uma partida no Uruguai em maio, mas a outra metade do estádio é uma incógnita: vice-campeão da Libertadores de 2016, o Independiente é um clube de sucesso recente e poucos torcedores, que enche o estádio em Quito muito por conta de simpatizantes e curiosos, que não viajam – e o ingresso mais barato a 40 dólares tende a afastar os paraguaios neutros que poderiam se interessar pela final. Com uma trajetória tortuosa, a final única da Sul-Americana já mudou de país (saindo do Peru para o Paraguai) e de estádio (passando do Defensores del Chaco à Nueva Olla Azulgrana), e agora encontra um novo obstáculo para se viabilizar. O jogo acontece em 9 de novembro, duas semanas antes da final da Libertadores, também em jogo único, marcada para o Chile. A Nueva Olla tem cerca de 45 mil lugares.
“PARA NÃO DEIXAR VIRAR BRASIL”
Depois de anos com a Venezuela dominando os discursos do fracasso, a Argentina de Macri e o Brasil de Bolsonaro têm se tornado exemplos cada vez mais frequentes de histórias a não serem repetidas quando as eleições dos vizinhos se aproximam. Nesta sexta (27), foi a vez da Marcha pela Diversidade, principal evento da comunidade LGBT no Uruguai, fazer referência a ambos. Os coordenadores da manifestação, que lotou a Avenida 18 de Julho, em Montevidéu, alertaram sobre o “governo fascista” de Bolsonaro, que “arrasou” os direitos conquistados nos últimos anos. Além das bandeiras tradicionais da marcha, um dos pontos mais debatidos no evento foi a oposição à reforma constitucional projetada pelo senador nacionalista Jorge Larrañaga – apresentado como uma resposta ao aumento da criminalidade no país sob o nome “Viver sem medo”, o projeto prevê medidas controversas como a criação de uma Guarda Nacional militarizada, que atuaria ao lado da polícia, e a possibilidade de prisão perpétua para crimes hediondos, em um país onde hoje o limite são 30 anos de encarceramento. A revisão constitucional de Larrañaga vai a plebiscito paralelamente com o primeiro turno das eleições presidenciais – nas quais a esquerda está ameaçada de deixar o poder após 15 anos – no próximo 27 de outubro.
O Giro Latino é uma newsletter produzida por Girão da América, Impedimento e Fronteira.
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