El Salvador: Bukele vai à queda de braço pelo Bitcoin
Peru: caos no gabinete de Castillo | Argentina: cocaína adulterada mata 20 | Honduras: Xiomara quer volta da comissão contra impunidade
“Nenhuma organização internacional vai nos forçar a nada”. Foi com essas nada amigáveis palavras que o ministro do Tesouro salvadorenho, Alejandro Zelaya, respondeu ao pedido de diretores do Fundo Monetário Internacional (FMI) para limitar o uso do Bitcoin no país centro-americano. Em 2021, El Salvador se tornou a primeira nação do mundo a adotar uma criptomoeda – nesse caso, a principal e de maior valor unitário – como moeda oficial. Segundo Zelaya, defender o uso da moeda digital é uma questão de “soberania” econômica para o país.
O FMI destaca os “grandes riscos associados ao uso do Bitcoin para a estabilidade e integridade financeira, a proteção ao consumidor e questões tributárias”. Autoridades do Banco Mundial também disseram no ano passado que não ajudariam San Salvador nesse processo de transição, alegando que a implementação da moeda criaria um “terreno para fraudes financeiras” e “problemas ambientais” – por enquanto, a maior parte das criptomoedas vem por meio de ‘mineração’, que são processos de quebra de códigos que dependem da capacidade de supercomputadores, gerando um grande consumo de energia. Por se tratar de um sistema monetário descentralizado, a adoção dessas moedas pode gerar problemas para futuros acordos de empréstimo entre o país e instituições financeiras.
O problema, no entanto, vai além das especulações. Ainda que o mercado de criptomoedas movimente bilhões de dólares, esteja consolidado e cada vez mais acessível, pairam dúvidas sobre a decisão salvadorenha de criar uma carteira digital estatal – chamada de Chivo. Em primeiro lugar, as criptomoedas são alguns dos ativos financeiros que mais oscilam no mundo, o que implica em ganhos e perdas constantes. E foi o caso neste início de ano: o Bitcoin derreteu, já ameaçando atingir um de seus menores patamares dos últimos meses. Com isso, relatórios já apontam que El Salvador teria perdido cerca de US$ 12 milhões nessa queda brusca na cotação da moeda, ainda que o economista do Instituto de El Salvador sobre Estudos Fiscais da América Central diga que “não há informações” sobre a quantidade exata de moedas compradas pelo governo. Na lógica de investimento desse mercado, é totalmente possível recuperar e até obter lucros enormes com a quantia de 1.391 bitcoins que supostamente compõem a carteira estatal (que, na cotação do momento de compra, teriam custado mais de US$ 71 milhões). Mas não deixa de ser uma aposta com dinheiro público.
Outro componente que joga contra os interesses do poder salvadorenho é a forma como tudo aconteceu. O presidente Nayib Bukele, ferrenho defensor dessa medida inédita, conquistou poder quase absoluto no país para aprová-la: já mandava no Executivo de forma cada vez mais autoritária, viu seu partido obter maioria no Congresso e ainda destituiu membros da Suprema Corte a seu bel prazer, indicando nomes mais leais do que os magistrados anteriores. Quando a ideia do Chivo entrou em pauta, então, era sabido que dificilmente seria barrada. Em votações-relâmpago, a proposta foi aprovada, 200 caixas eletrônicos (para converter a divisa digital em dólares) foram instalados em todo país e cada cidadão recebeu cerca de US$ 30 em Bitcoin como forma de incentivar a nova atividade. De forma nada surpreendente, esse mesmo punhado de dólares valia menos dias depois, já que as cotações se alteram a cada segundo.
A realidade se provou mais dura para Bukele. Apesar de ainda ser um dos líderes latino-americanos com uma das maiores aprovações – impulsionada por seu discurso intolerante contra partidos tradicionais e de sua agenda repressiva contra o dominante crime organizado – o mandatário millennial enfrentou seus primeiros protestos em setembro do ano passado, após atropelar o processo e tornar o Bitcoin moeda legal. Pelas ruas, manifestantes quebraram os caixas eletrônicos, denunciando os desmandos do presidente e dizendo que essas mudanças “não ajudam os pobres”. Pesquisas também refletem o ceticismo e o descontentamento: segundo a Universidade Centro-Americana (UCA), 53% dos salvadorenhos aprovavam a novidade financeira em setembro, ao passo que o apoio ao presidente superava a casa dos 80%.
E os problemas se acumulam. Apesar de denúncias de Bitcoins ‘sumindo’ de carteiras pessoais, da falta de adesão e da queda súbita no valor da moeda frente ao câmbio convencional – o que naturalmente assusta quem não entende tanto do assunto – o governo segue irredutível. Diante dos últimos problemas, a presidência anunciou que vem recebendo uma espécie de consultoria de uma empresa de softwares, mas os sumiços misteriosos seguem sem respostas. Outro fator que torna complexa a adoção de uma moeda tão desconhecida é o contexto socioeconômico salvadorenho: estima-se que 70% da população seja desbancarizada, carecendo dos conhecimentos mínimos para gerir uma carteira digital.
Bukele não vê problemas nesses dados e encara a situação de forma oposta: além da cidade de El Zonte, apelidada de “praia do Bitcoin” e onde uma doação anônima impulsionou o uso da criptomoeda três anos atrás, o presidente anunciou em novembro a criação de uma “cidade do Bitcoin” em Conchagua, no leste salvadorenho. Segundo ele, a medida procura gerar empregos, auxiliar pessoas sem conta bancária e atingir uma possível economia de US$ 400 milhões em tarifas anuais no envio de remessas internacionais (dinheiro que cidadãos no exterior mandam para seus parentes e representa 20% da economia salvadorenha). “Se 1% da capitalização de mercado do Bitcoin for investido em El Salvador, aumentaria o PIB em 25%”, tuitou Bukele. Já foram criados até centros educacionais dedicados ao tema.
Essas perspectivas, no entanto, são tão incertas quanto o próprio mercado de criptomoedas. E já há indícios de que mesmo a prometida economia com transferências de dinheiro talvez não seja uma regra. Enquanto toda a transparência sobre as movimentações públicas com a criptomoeda estiver restrita aos tuítes de Bukele, a incerteza fala mais alto.
O GIRO acompanha a América Latina mais de perto graças a quem nos apoia. Participe de nossa campanha de financiamento coletivo e ajude o GIRO a crescer!
Un sonido:
DESTAQUES
🇵🇪 Chefia de gabinete de Castillo não para de mudar – Apenas quatro meses após ter reformado seu gabinete com a indicação de Mirtha Vásquez para chefia do conselho ministerial, o presidente peruano Pedro Castillo volta a dar sinais de que caminha em corda bamba. No início da semana, o mandatário anunciou uma nova reformulação de seu gabinete, alegando que o governo está “em constante avaliação”. Mas não foi isso que disse a agora ex-chefe de governo: em sua carta de renúncia aceita por Castillo na segunda (31), Vásquez disse que sai “ante a impossibilidade de obter consensos em benefício do país”. E tem sido assim desde a posse do presidente: renúncias, ameaças de destituição, respostas negativas do mercado e ruptura até mesmo com o Perú Libre, partido governista. Tentando acenar para a oposição e se manter no cargo, o presidente indicou o deputado conservador Héctor Valer, que é acusado de ter agredido sua mulher e filha. Na sexta (4) à noite, em novo pronunciamento, Castillo indicou que seu gabinete deve sofrer mais uma mudança – poucos dias após a anterior, e a quarta de um governo que tomou posse há apenas sete meses – e, sem comentar diretamente a situação de Valer, abriu caminho para sua destituição. Em El Comercio.
🇦🇷 Cocaína adulterada mata 20 – Pelo menos 20 pessoas morreram e mais de 70 seguem internadas com diferentes graus de contaminação após o consumo de cocaína adulterada na localidade de Tres de Febrero, a 40 quilômetros de Buenos Aires. Após autoridades divulgarem um alerta epidemiológico para reduzir os danos, o Ministério Público pediu aos usuários da droga que descartem o que foi comprado nos últimos dias (três argentinos que receberam alta após a contaminação acabaram consumindo a droga adulterada novamente e voltaram ao hospital). O material teria sido supostamente contaminado com opiáceos, causando convulsões e paradas cardiorrespiratórias em quem consumiu. Além da apreensão de mais de 15 mil pinos de cocaína, a polícia já prendeu sete suspeitos. Em La Nación.
🇪🇨 Vazamento de óleo na Amazônia – Semanas após o desastre ambiental da Repsol na costa peruana, um novo vazamento na América do Sul: durante a semana, a ruptura de um oleoduto na região da Amazônia equatoriana após um deslizamento gerou um derramamento de petróleo em um riacho, acendendo o alerta de autoridades e gerando indignação entre populações indígenas que vivem no local. O sistema é controlado pela companhia privada Oleoductos de Crudos Pesados (OCP), que confirmou que a região mais afetada foi a que margeia o rio Piedra Fina, na região de San Luis. O caso foi denunciado pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), maior órgão para a causa no país, diante do risco que o vazamento representa aos mais de 27 mil indígenas que moram na área: “é por essas razões que fazemos oposição a essa atividade”. Em El Comercio.
🇧🇴 Protestos contra liberações por feminicídio – Cerca de 120 acusados de feminicídio e estupro foram libertados na Bolívia, desatando uma manifestação na segunda-feira (31). Mães e familiares de vítimas marcharam da cidade de El Alto à capital La Paz exigindo justiça e denunciando o nome e sobrenome dos juízes e promotores dos processos que libertaram os acusados. A mobilização marcou presença frente às portas do Tribunal de Justiça e dos Ministérios da Justiça e do Governo. Após as manifestações, o presidente Luis Arce comunicou que vai criar uma comissão para analisar os casos. Também foi formada uma comissão mista de entidades estatais – entre elas, o Ministério da Justiça, o Conselho da Magistratura e as presidências do Congresso e da Corte Suprema – para revisar os casos no prazo de 120 dias. Em El Deber.
🇭🇳 Xiomara quer comissão contra impunidade – Ainda sem resolver as duas legislaturas paralelas no Congresso e sem saber se Jorge Cálix, um dos postulantes a chefe do Parlamento, aceitaria seu convite para integrar o gabinete presidencial (entenda a trama na edição #116), Xiomara Castro, já empossada, começa a pensar no dia seguinte. Honrando promessas de campanha, a mandatária disse que enviará um pedido à ONU para a volta da Comissão Internacional contra a Impunidade em Honduras (Cicih), versão local do comitê de investigação independente que costuma auxiliar o Ministério Público de vários países centro-americanos. O governo atesta que isso é uma “prioridade” para os primeiros 100 dias de mandato. O país chegou a ter o órgão anticorrupção ligado à OEA entre 2016 e 2020, mas as relações foram desfeitas após desentendimentos entre o grupo e o agora ex-presidente Juan Orlando Hernández. Na teleSUR.
Un clic:
MAIS NOTÍCIAS
REGIÃO 🌎
Colômbia, Haiti e Honduras. Segundo um novo relatório do Programa Mundial de Alimentos e do Programa da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), são esses os países particularmente afetados pelo risco de uma crise de fome em 2022. Ainda que o novo documento reconheça que o colapso socioeconômico seja de caráter regional, o estudo enfatiza que a junção de fatores como migração (de venezuelanos para território colombiano), falta de chuvas e adversidades climáticas (como o terremoto no Haiti e a baixa produtiva no agronegócio hondurenho), quando aliadas à pandemia, jogam uma manta de incerteza sobre as três nações em particular. Nos casos de Colômbia e Haiti, a violência armada na fronteira e a alta da atividade de gangues, respectivamente, também contribuem para o quadro de insegurança alimentar.
BOLÍVIA 🇧🇴
De ex-diretor das Forças Especiais Bolivianas de Combate ao Narcotráfico a atual procurado pelas autoridades estadunidenses… por envolvimento com o narcotráfico. Maximiliano Dávila Pérez é acusado de ter usado sua posição na diretoria, que ocupou até 2019, para proteger aeronaves usadas para transportar cocaína através de terceiros países para distribuição nos EUA. Além disso, tanto antes como durante seu tempo diretor, Dávila estaria envolvido em tráfico de entorpecentes e lavagem de dinheiro. O governo dos EUA anunciou uma recompensa de até US$ 5 milhões por informações que levem à condenação de Maximiliano. No site do Departamento de Estado dos EUA.
CHILE 🇨🇱
250 iniciativas indígenas, 78 iniciativas populares e mais de 500 sugeridas pelos próprios membros da Convenção Constitucional fazem parte das propostas inscritas nos últimos dias de trabalhos do órgão constituinte, que encerrou o prazo para apresentação de novas medidas na última terça-feira (1º). As propostas devem ser analisadas durante os meses de fevereiro, março e abril, para, depois, passar por um processo até ser constituída a Comissão de Harmonização, que buscará trabalhar com o texto já finalizado. O debate para estabelecer se o prazo de análise das normas será estendido ainda não foi amplamente discutido, e o grande número de iniciativas voltou a jogar dúvidas sobre a capacidade da Convenção Constitucional de encerrar seus trabalhos até a data-limite de 4/7. Em El Mostrador.
COLÔMBIA 🇨🇴
Uma pesquisa publicada na revista Tropical Diseases, Travel Medicine and Vaccines apontou que a Coronavac foi 99,9% efetiva para evitar casos graves da covid-19 em uma população da região amazônica da Colômbia – além de oferecer proteção de 94,3% contra casos leves da doença. O estudo foi conduzido entre fevereiro e agosto de 2021 no município de Mitú, em Vaupés, com quase 8 mil pessoas acima de 18 anos. No site do Butantan.
Façanha histórica do beisebol colombiano: com um triunfo por 4 a 1, os Caimanes de Barranquilla derrotaram os Gigantes del Cibao, da anfitriã República Dominicana, e conquistaram o primeiro da Colômbia na Série do Caribe, a mais prestigiosa disputa da modalidade na região. O feito da noite de quinta (3) ganhou ainda mais destaque porque, enquanto para os colombianos o beisebol ainda é um esporte que perde de longe em popularidade para o futebol, entre os dominicanos ele é a paixão nacional – e o país-sede, o maior campeão da história com 22 títulos, esperava vencer o torneio caribenho pelo terceiro ano consecutivo. No Infobae.
COSTA RICA 🇨🇷
Em um clima de incerteza, o país centro-americano enfrenta as urnas no domingo (6), podendo decidir quem será seu próximo presidente para um mandato de quatro anos. É muito pouco provável, porém, que a decisão venha no primeiro turno: votação com mais candidatos na história (25, contra 13 no último pleito), o processo não deve ter nenhum nome superando a marca de 40% dos votos, o que levaria os dois primeiros colocados a um tira-teima no dia 3/4. O presidente Carlos Alvarado, que derrotou o pastor Fabricio Alvarado em 2018, está fora do jogo. O conservador Fabricio, por outro lado, está entre os favoritos deste ano, brigando pelo segundo lugar com a centro-direitista Lineth Saborío. Mas quem larga com vantagem até aqui é o ex-presidente José María Figueres (1994-1998). Em El País.
CUBA 🇨🇺
Uma inesperada frente fria jogou os termômetros da ilha para os menores patamares em décadas, com locais registrando menos de 3 ºC. Foi o caso de Bainoa, na província de Mayaneque, onde o frio bateu uma marca que não era vista desde 1981. Já nos arrabaldes da capital, a temperatura ficou perto dos 10 ºC, ainda que a mínima de 3,2ºC registrada para o Aeroporto José Martí tenha sido a mais baixa desde 1940, segundo um historiador. Especialistas atribuem o frio incomum a uma massa polar ártica. No Metsul.
Dale un vistazo:
📚 Classificado por alguns como romance, e para outros como “a bíblia do indigenismo”, El Pez de Oro, do peruano Gamaliel Churata (1897-1969), traz uma série de personagens e contos a fim de remontar o imaginário andino e a colisão, ou encontro, com a cosmovisão ocidentalizada, tudo sob a perspectiva de Churata. A leitura (extensa) é uma viagem pelo encontro de dois mundos, o originário e o mestiço, os ritos camponeses e o sincretismo trazido pela herança colonial. Repleta de simbolismos, expressões, crenças, a obra fala sobre tradições, decolonialidade, resgate e pertencimento, por meio de uma longa viagem em formato de ensaios.
📚
El Pez de Oro
, de Gamaliel Churata, foi lançado em 1957 e pode ser encontrado na internet.
EQUADOR 🇪🇨
Cerca de 23 pessoas morreram devido às fortes chuvas que provocaram um deslizamento de terra na segunda-feira (31) na capital Quito. A tempestade que provocou a tragédia marcou 75 mm de chuva em um único dia, contra uma média histórica de 82 mm para o mês inteiro de janeiro na cidade, segundo o governo local. Na CNN.
GUATEMALA 🇬🇹
O presidente Alejandro Giammattei juramentou na terça (1º) o ex-embaixador Mario Búcaro, que cumpriu missão diplomática no México, como novo ministro de Relações Exteriores do país. Diplomata com longa carreira, Búcaro foi indicado por suas boas relações com o governo mexicano, país estratégico para os interesses guatemaltecos na região, em especial por questões econômicas e migratórias. Ele substitui o agora ex-chanceler Pedro Brolo, que já havia indicado sua intenção de deixar o cargo em 2021, por um possível interesse em ser eleito para a Secretaria-Geral Ibero-Americana (órgão composto pelos 22 países da comunidade ibero-americana de nações) – o que, no entanto, não aconteceu. Na Prensa.
Viver aos pés de um vulcão ativo. Essa é a realidade dos moradores de El Patrocinio, uma comunidade que tem seus caminhos atravessados por rios de lava que, de tempos em tempos, jorram do gigante Pacaya. Quando o imenso caminho vulcânico se solidifica, um novo problema: estradas da região ficam totalmente bloqueadas, obrigando moradores e suas marretas a criar rotas alternativas, quebrando a lava dura apesar dos riscos. Anselino García, 39, é um dos que precisam adotar uma rota alternativa para ir de Amatitlán até El Rodeo, onde vende algodão-doce. A despeito dos ganhos, ele diz que teme pela própria vida quando passa perto do vulcão. Na Prensa Libre.
HAITI 🇭🇹
A Associação de Jornalistas do Haiti condenou uma nova onda de ataques contra a emissora Radio Zenith, que foi alvo de tiros, coquetéis molotov e de uma depredação geral na madrugada do dia 31/1. Cobrando o governo por mais segurança, a entidade lembrou que casos assim não são isolados, mencionando o brutal assassinato de dois jornalistas há duas semanas – Wilguens Louissaint e John Wesley Amady foram queimados vivos em Pétion-Ville enquanto faziam uma reportagem sobre a falta de segurança no país. Desde o assasinato do presidente Jovenel Moïse, em julho passado, o país vem sendo cada vez mais dominado pela violência das gangues armadas. No Sputnik.
HONDURAS 🇭🇳
A Seleção Hondurenha de futebol foi até Minnesota para enfrentar os EUA em mais uma rodada das eliminatórias para a Copa do Mundo 2022. Até aí, tudo bem. Só que os termômetros da cidade norte-americana chegaram a marcar temperaturas abaixo de 20 ºC negativos, em uma escolha deliberada do time local – que fracassou em chegar ao último Mundial – para dificultar a vida dos adversários. O time da casa venceu o jogo sem dificuldades, por 3 a 0, mas esse não foi o único problema enfrentado pelos visitantes, desacostumados ao clima frio: dois atletas do time latino sofreram hipotermia. Indignado, o técnico hondurenho Hernán Gómez disse que “o futebol não é para sofrer”. Na Metsul.
Un hilo:
MÉXICO 🇲🇽
Um jovem de 15 anos morreu baleado por uma metralhadora no estado de Sinaloa, mas não pelos motivos que geralmente viram notícia por lá: o tiro pegou na cabeça enquanto ele gravava um vídeo para a rede social de vídeos TikTok. Segundo a imprensa local, o adolescente foi visitar a casa dos avós, quando pegou a arma que estava no local e começou a fazer a gravação – sem saber que o pente estava carregado. A Procuradoria de Sinaloa confirmou que se tratou de um “trágico acidente”. No T13.
Em Comachuén, comunidade indígena Purepecha de 10 mil habitantes que fica no alto das montanhas do estado de Michoacán, as remessas internacionais (dinheiro que imigrantes latinos mandam para os parentes que ficam no país natal) são mais do que fundamentais: sem elas, a economia da cidade praticamente não funciona. Um dos motivos é a sazonalidade das atividades do campo, fazendo com que muitos habitantes dali, em épocas de baixa de colheita, passem alguns períodos nos EUA para ganhar o dinheiro do ano. A pequena localidade é parte de uma tendência crescente, que, segundo o governo mexicano, fará as tais remessas atingirem um valor anual de US$ 50 bilhões, ou quase 4% do PIB do país. No NPR.
NICARÁGUA 🇳🇮
Dora Sevilla, mãe de um ex-preso político, resolveu protestar de uma forma contundente: costurou os próprios lábios pela “liberação dos detidos, pela paz dos jornalistas e dos direitos humanos”. Seu filho, Francisco Chavarría, esteve preso por quase um ano sob as controversas decisões da polícia aliada ao governo, e decidiu deixar o país em 2019 rumo à vizinha Costa Rica, com sua esposa e filhos. Chegando lá, enfrentou uma situação de indigência, drama que muitos nicaraguenses vivem ao deixarem o país para fugir dos desmandos do poder orteguista. A senhora resolveu chamar a atenção, pedindo a volta de “uma Nicarágua livre”. O protesto acontece à medida que a Justiça do país, aliada ao presidente, dá seguimento a uma série de julgamentos controversos, incluindo contra manifestantes e dissidentes do sandinismo apropriado por Daniel Ortega. No 100noticias.
PANAMÁ 🇵🇦
Após nomear seu novo embaixador no país, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador foi questionado e virou alvo de polêmicas no cenário político do Panamá. O mandatário nortenho é acusado de ter censurado de forma desrespeitosa a chanceler panamenha, Erika Mounyes, após ela se opor à indicação do historiador Pedro Salmerón para o cargo. AMLO definiu Mounyes como a “Santa Inquisição” por sua negativa. O repúdio panamenho à indicação de Salmerón, porém, não é gratuito: o potencial embaixador trazia no currículo uma série de acusações de violência sexual. Mesmo tendo retirado a nomeação para a missão diplomática após o embate, López Obrador manteve Salmerón em sua equipe próxima. Em La Estrella de Panamá.
PARAGUAI 🇵🇾
A região de Caazapá, uma das mais pobres do país, virou alvo de um grupo de imigrantes europeus para o estabelecimento de uma espécie de fazenda ideológica: em pouco mais de 1,6 mil hectares, a chácara El Paraíso Verde abriga uma comunidade contrária à vacinação e que se refugia contra as “tendências socialistas” do mundo. Além de compartilharem teorias conspiratórias contra as vacinas, os habitantes do assentamento (que podem chegar a 3 mil, segundo os responsáveis) também são contra a tecnologia 5G e o consumo de água fluoretada. No Guardian.
Um tiroteio em um festival deixou dois mortos e pelo menos cinco pessoas feridas em San Bernardino, departamento de Cordillera. Segundo a polícia, o alvo era o traficante José Luis Bogado, alvo de mais de 30 processos no Brasil. Ferido, Bogado depôs na quinta-feira (3) na condição de testemunha. Uma das vítimas fatais foi a influencer Cristina Vita Aranda, ex-mulher do jogador de futebol Iván Torres. Na BBC.
Una expresión:
Ni tan calvo ni con dos pelucas – traduzido de forma literal como “nem tão careca, nem com duas perucas”, é a versão castelhana para o que no Brasil se encontra como “nem tanto ao mar nem tanto à terra”. Muito popular principalmente na Venezuela, mas também vista em outros países da região, a frase é usada quando alguém quer evitar os extremos em alguma situação ou decisão.
PERU 🇵🇪
Nem mesmo o chapéu característico do presidente Pedro Castillo escapou das manchetes: em Porto Velho, em Rondônia, o presidente peruano se encontrou durante a semana com Jair Bolsonaro, que posou (sem máscara) para a foto usando o tradicional adereço de seu homólogo andino. Segundo Bolsonaro, que chegou um dia a dizer “perdemos o Peru” após a vitória do socialista – que, apesar de ser apresentado como um nome da extrema esquerda na economia durante a campanha, sempre se aliou a ideais conservadores nos costumes –, as divergências entre os dois estão “superadas”. Na IstoÉ.
PORTO RICO 🇵🇷
“Eles não pedem um preço, apenas entregam um cheque e dizem para você preencher com o que acha que vale a casa”. O depoimento de Sánchez Tirado, que vive na região beira-mar de Rincón, é menos incomum do que se pensa. Como Porto Rico é uma ilha, o que não faltam são localizações na beira de praias paradisíacas, que cada vez mais têm chamado a atenção de investidores internacionais ou mesmo endinheirados tentando comprar um pedaço no Caribe. Muitos desses compradores aproveitam uma onda de incentivos fiscais, já que a ilha, que enfrenta uma situação de insolvência, busca atrair capital extrangeiro como pode. Para quem compra, tudo lindo: preços baixos, imóveis em franca valorização e uma bela paisagem. Moradores, porém, reclamam do assédio constante, além do aumento dos preços por conta da alta demanda. No New York Times.
REPÚBLICA DOMINICANA 🇩🇴
18 províncias das 29 províncias do país estão no mapa de chuvas intensas, alerta o Centro Dominicano de Operações de Emergência (COE). Algumas regiões do país já enfrentam chuvas intensas há dias, que deixaram um saldo de mais de 7,7 mil pessoas evacuadas e sete comunidades isoladas. Até o momento, segundo as autoridades, mais de 1,5 mil casas sofreram danos e 12 foram inteiramente destruídas. Em El País.
URUGUAI 🇺🇾
A indignação, a raiva e a sensação de impunidade levaram mulheres uruguaias de volta às ruas na última semana para protestar contra a banalização dos crimes contra a mulher – a chamada “cultura de estupro”. A manifestação foi organizada após o estupro coletivo de uma mulher de 30 anos em Montevidéu no fim de janeiro. Os manifestantes carregavam faixas e entoavam um slogan e dezenas de canções enquanto marchavam da Praça Independência, onde fica a sede do governo, até a Praça Cagancha, onde foi lido o manifesto. Na Prensa Latina.
VENEZUELA 🇻🇪
Alvo de denúncias sobre violações de liberdade de expressão, a Venezuela é apontada pela Associação Interamericana de Imprensa (SIP) como inimiga da comunicação independente. “A ditadura de Nicolás Maduro demonstra mais uma vez sua fixação em amordaçar o jornalismo independente”, disse Jorge Canahuati, presidente da SIP. De acordo com as acusações, o país não apenas barra os sites de meios de comunicação não afiliados ao governo, mas nos últimos anos também bloqueou plataformas de multimídia, streaming e redes sociais, além de utilizar ilegalmente dados pessoais de jornalistas para intimidá-los. Via EFE.
Gostou do nosso conteúdo? Com o seu apoio, podemos construir juntos um GIRO ainda melhor e mais completo. Faça parte!
Também estamos no Twitter, Instagram, YouTube, Podcast e Telegram.