Cristina Kirchner sobrevive a atentado frustrado com arma de fogo
Ataque ocorreu em frente à casa da atual vice-presidenta da Argentina, em Buenos Aires. Suspeito seria brasileiro
A vice-presidenta da Argentina Cristina Kirchner foi alvo de um atentado malsucedido na noite desta quinta-feira (1º) em frente à casa onde mora, no bairro da Recoleta, em Buenos Aires. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que um homem – segundo o ministro da Segurança, Aníbal Fernández, o suspeito seria Fernando Andrés Sabag Montiel, um brasileiro de 35 anos que já teria sido processado por porte de arma não convencional no ano passado – aponta uma pistola em direção a Kirchner. A arma, que estaria carregada com cinco balas de acordo com as primeiras informações, teria falhado no momento do disparo. O acusado foi detido imediatamente pelas autoridades.
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A tentativa de assassinato aconteceu enquanto a líder peronista acenava a apoiadores, que nos últimos dias têm organizado comícios em rechaço a um pedido do Ministério Público contra Cristina: na semana passada, a Procuradoria pediu 12 anos de prisão para a atual vice, por suposto crime de corrupção cometido durante seus anos na Presidência, entre 2007 e 2015. Os ânimos vêm se acirrando continuamente: no sábado (27/8), uma mobilização em apoio a Kirchner concluiu com repressão policial – e acusação, por parte dos militantes, de que a violência teria sido provocada pelos próprios agentes metropolitanos, em um contexto em que Buenos Aires é governada por aliados do ex-presidente Mauricio Macri. O próprio Macri apressou-se em manifestar “repúdio absoluto” ao atentado contra Cristina.
O episódio também ocorre alguns dias após o presidente Alberto Fernández relatar um aumento no discurso violento na política, sendo ele próprio alvo de ameaças de morte após suas polêmicas declarações a respeito do procurador do caso contra a vice. Recentemente, um deputado da oposição também chegou a sugerir que Cristina recebesse pena de morte pelas acusações que enfrenta.
Até o fechamento desta edição extra, outras lideranças latino-americanas haviam começado a se manifestar nas redes sociais condenando o ataque, como foi o caso do ex-presidente boliviano Evo Morales e do brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente Alberto Fernández também se preparava para entrar em cadeia nacional de televisão para se pronunciar sobre o episódio.
Existe expectativa, ainda, quanto à reação do governo brasileiro em relação ao caso, após virem à tona as primeiras informações sobre a nacionalidade do autor do disparo, mas nenhuma manifestação havia ocorrido até a conclusão desta newsletter. Em dias recentes, observadores de grupos bolsonaristas no Telegram haviam notado um aumento nas mensagens contrárias a Cristina Kirchner, embora até o momento não haja qualquer comprovação de vinculação entre o suspeito e a ultradireita brasileira.
Este GIRO seguirá acompanhando o caso e seus desdobramentos e trará atualizações no Twitter na edição regular do sábado (3).