Chile decreta estado de emergência
Cartéis vencem no México ▪ Eleições na Bolívia ▪ Repórter morto no Haiti ▪ País a país, um resumo das notícias do continente, no Giro Latino #2
Ao contrário de Gregor Samsa, a América Latina parece nunca despertar de seus sonhos intranquilos: quando as chamas de uma semana começam a ser apagadas, com o Equador voltando lentamente a uma certa normalidade, a fumaça começa a subir em outra parte do continente. Na virada de quinta para sexta-feira, o Cartel de Sinaloa colocou o México de joelhos e obrigou o governo de López Obrador a desistir de prender o filho de “El Chapo”. Enquanto isso, onde há prosperidade também há incerteza: Evo Morales aproxima-se de um histórico quarto mandato nas eleições deste domingo (20), liderando o período de maior sucesso econômico da Bolívia enquanto enfrenta críticas por se eternizar no poder. No Chile, até aqui um raro ponto de estabilidade no mapa latino-americano, a radicalização de protestos estudantis e a violenta resposta do governo fizeram a capital amanhecer sob estado de emergência neste sábado.
No GIRO LATINO #2, esses e outros temas que movimentaram o continente nos últimos dias.
Un sonido:
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ARGENTINA 🇦🇷
Vaca Muerta é o nome dado a uma das maiores reservas de petróleo e gás de xisto do mundo, localizada na Argentina. Visto como uma solução para a duradoura crise do vizinho, a exploração do “pré-sal” argentino afeta a vida de populações locais, sobretudo a dos indígenas mapuche, na província de Neuquén. Em The Guardian.
Favorito para destronar Macri, o candidato peronista Alberto Fernández voltou a fazer críticas à postura da Argentina diante das Ilhas Malvinas. Segundo Fernández, que já teria uma equipe específica para tratar o caso com o Reino Unido, o país “se esqueceu da soberania” que deveria ter sobre o território. O arquipélago foi palco de uma guerra em 1982, que acabou com vitória britânica. A derrota argentina culminou no fim da ditadura militar, no ano seguinte. No Sputnik News.
Uma metáfora sexista de Mauricio Macri deu o que falar na Argentina na última semana. Ao citar o país que herdou do kirchnerismo, o presidente argentino afirmou: “é como se desses o cartão de crédito à tua mulher, ela gasta e um dia hipotecam a tua casa”. Cristina Kirchner, que já havia acusado Macri de machismo anteriormente, alfinetou: “eu disse que ele era um machirulo”. Em La Voz.
BOLÍVIA 🇧🇴
O repórter Javier Lafuente mergulhou na campanha presidencial de Evo Morales, que busca liderar o país pelo quarto mandato consecutivo. Bem-sucedido na economia, mas longe de ser unânime entre os que pedem alternância de poder, o líder boliviano mais longevo da história topa uma dura jornada antes das eleições de outubro. A rotina incansável, na reportagem de El País.
Em 2002, o último McDonald’s da Bolívia fechava as portas, após 15 anos de governos neoliberais. Hoje, com Evo Morales no poder desde 2006, o país tem mais de 300 franquias estrangeiras de todos os tipos. A BBC contou como funciona o paradoxo da economia boliviana, o modelo de “socialismo para uns, capitalismo para outros” que fez o país seguir crescendo e multinacionais voltarem a se instalar por lá na última década, enquanto a pobreza caía. O veículo também falou sobre as diferenças entre a economia boliviana e a venezuelana.
CHILE 🇨🇱
Uma série de protestos estudantis contra o aumento das passagens de metrô ganhou corpo e tomou conta de Santiago. Entre catracas puladas e objetos atirados na via, várias linhas permaneceram fechadas na capital ao longo da semana. Na sexta (18), pelo menos 19 estações foram incendiadas, e o metrô informou que não funcionará durante todo o final de semana. À noite, o edifício da companhia elétrica Enel pegou fogo, no que a empresa disse ser um ato criminoso. O presidente Sebastián Piñera decretou estado de emergência na Região Metropolitana e o governo promete aplicar a Lei Antiterrorismo contra os manifestantes pegos praticando atos de vandalismo. Em La Tercera. (atualização 21/10 às 10h: no fim de semana, a crise avançou no Chile. Os protestos se expandiram para fora da Região Metropolitana, enquanto Santiago teve toque de recolher à noite. No domingo, Piñera deu um discurso ao país e adotou tom bélico, dizendo que o país vive uma “guerra”. O saldo dos protestos, até o início de segunda-feira (21), era de 10 mortos e 1.462 detidos no país)
Desaceleração à vista: os resultados econômicos abaixo do esperado fizeram o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduzir as expectativas de crescimento do PIB chileno para este ano, de 3,2% para 2,5%. A entidade também revisou para baixo o prognóstico para o próximo quinquênio e diz que, mesmo em um cenário de desaceleração global, a tendência é o Chile crescer ainda abaixo da média mundial pelo menos até 2024. Em La Tercera.
Após um imbróglio de seis anos, um guindaste e 30 voluntários, a elefanta Ramba finalmente chegou ao Brasil. Recebido com uma megaoperação no aeroporto de Viracopos, em Campinas, o animal de 53 anos e mais de 3 toneladas estava em um circo do Chile, onde vinha sofrendo maus tratos. Após negociações entre os países, Ramba finalmente cruzou as fronteiras e ganhará uma nova casa no Santuário de Elefantes do Brasil (SEB), no Mato Grosso. O local já resgatou mais de 50 animais em risco. No G1.
Una palabra:
Machirulo – neologismo de origem incerta utilizado em países de língua castelhana, com frequência para se referir a cafetões. Possível mistura de “macho” e “chulo”. Em português, pode ser traduzida como “macho escroto”.
COLÔMBIA 🇨🇴
Um consórcio chinês venceu a licitação para construir e operar o metrô de Bogotá, um projeto de quase oito décadas que finalmente deverá sair do papel. Idealizado pela primeira vez em 1942, o trem subterrâneo da capital colombiana vem sendo prometido e cancelado através dos tempos. A expectativa, agora, é que as obras comecem em abril de 2020, e a linha inaugural circule a partir de 2025. Reportagem de El Tiempo conta as idas e vindas dos 77 anos de projetos.
Batatas fritas estão no centro de uma guerra comercial protagonizada por Colômbia e Bélgica. Segundo os europeus, o governo colombiano aplica tarifas duras para a importação da batata, o que causa um desconforto entre as partes. Bogotá argumenta que a medida tem o objetivo de proteger os preços internos, para não deixar o alimento de fora se tornar atrativo demais. Na BBC.
COSTA RICA 🇨🇷
Segue a contagem regressiva para o reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em 2018, a Suprema Corte decretou inconstitucional uma lei que o proibia, dando ao governo 18 meses para adequar a legislação. Nesta semana, o Congresso voltou a derrubar um projeto para criar a “união civil” entre homossexuais — na prática, uma tentativa de estabelecer uma figura legal diferente do casamento tradicional para esses relacionamentos. Se nenhuma lei específica for aprovada antes, o casamento homoafetivo torna-se legal automaticamente quando vencer o prazo dado pelo Supremo, em 26 de maio de 2020. Em La Nación.
CUBA 🇨🇺
O governo anunciou que os cubanos poderão utilizar contas em moedas estrangeiras para comprar eletrodomésticos como televisores e ares condicionados, além de passar a importar legalmente esses produtos com intermédio do Estado. O objetivo é reduzir a evasão de divisas causada pelo mercado paralelo de importação desses produtos — nas lojas oficiais do governo, os únicos eletrodomésticos à disposição vêm da China. Estima-se que Cuba perca o equivalente a 2% do PIB (cerca de US$ 2 bilhões) anualmente por conta de importações clandestinas. Via AP.
EQUADOR 🇪🇨
A crise não é de hoje. Novos dados do Instituto Nacional de Estatísticas trazem um cenário desalentador sobre o emprego no país. Nos últimos cinco anos, quase 1,3 milhão de equatorianos perderam o emprego ou passaram à informalidade. Ao todo, são mais de 4,7 milhões nessas condições. Desde 2014, a porcentagem da população economicamente ativa que integra o mercado de trabalho formal, recebendo pelo menos o salário mínimo e os benefícios previstos em lei, despencou de 56,4% para 38,5%. Em La Hora.
Em meio aos protestos, uma foto de uma indígena da província de Cotopaxi viralizou. Por meio da imagem, reportagem da BBC conta o que está por trás do protesto no país e como mulheres têm um papel vital em grandes reivindicações populares. A situação do país se acalmou após o governo suspender, no último domingo (13), o decreto em que cancelava os subsídios ao combustível, que havia sido o estopim das manifestações.
Un hilo:
EL SALVADOR 🇸🇻
O embaixador dos EUA em El Salvador, Douglas Johnson, advertiu o governo do presidente Nayib Bukele por conta de relações próximas com a China. Em meio a uma intensa guerra comercial, as duas potências disputam o protagonismo na América Latina. Bukele, liberal e de centro, quer se aproximar de Washington após ter interrompido anos do governo de esquerda do partido da ex-guerrilha FMLN, com quem os EUA tinham uma relação dificultosa. Em La Prensa.
Ao menos sete pessoas morreram e mais de 2 mil estão desalojadas por conta das fortes chuvas que açoitam o país. Especialistas e autoridades apontam para mudanças bruscas na região, como sistemas de baixa pressão e ciclones perto do México. A expectativa é que os fenômenos diminuam nos próximos dias. Em La Página.
GUATEMALA 🇬🇹
Guatemaltecos enfrentam o sexto pior quadro de má nutrição infantil no mundo, segundo a Unicef. A situação leva mais de 3 milhões de de civis à insegurança alimentar. Apesar de rico em recursos naturais, o país tem dificuldade para lidar com índices de pobreza e desigualdade. As fortes secas pioram o cenário. Populações indígenas alocadas em regiões distantes dos grandes centros também estão entre os mais afetados. No Huehuetenango.
O presidente eleito em agosto, Alejandro Giammattei, foi impedido de entrar na Venezuela por autoridades do governo Maduro. Ao chegar no Aeroporto Internacional Simón Bolívar, o novo líder guatemalteco foi escoltado até o avião. Ele tentava entrar no país para reuniões com o opositor e autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, a quem prometeu apoiar durante seu governo. Em El País.
HAITI 🇭🇹
Após 15 anos, a ONU encerrou oficialmente as missões de paz no país, que chegaram a ser chefiadas pelo Brasil. Os primeiros “boinas azuis” haviam chegado ao Haiti em 2004, após o golpe que derrubou o então presidente Jean-Bertrand Aristide. Com o país novamente mergulhado em violentos protestos e sem um governo funcional desde março, o contexto da saída “não é o ideal”, segundo o responsável por missões de paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix. Via EFE.
Entre 2004 e 2017, tropas brasileiras realizaram a missão humanitária mais longa desde a Segunda Guerra. Criada pelo ONU para conter a convulsão social do Haiti, a MINUSTAH enfrentou milícias armadas, acusações de extermínio e ainda viu um dos mais fortes terremotos do mundo moderno resultar em pelo menos 230 mil mortes. Hoje, ao menos quatro militares do gabinete de Bolsonaro estiveram em Porto Príncipe. O legado da missão haitiana, em The Brazilian Report.
O Comitê para Proteção de Jornalistas investiga o assassinato de Néhémie Joseph, repórter das Radio Panic FM e Méga. Joseph foi encontrado morto dentro de um carro, com o corpo alvejado, pouco depois de relatar ameaças feitas por políticos haitianos. O jornalista foi acusado por membros do governo Jovenel Moise de incitar protestos populares.
HONDURAS 🇭🇳
Vários pontos do país estão em estado de alerta amarelo por conta das fortes chuvas, que já vitimaram duas crianças. Segundo especialistas, o aguaceiro se deve a um sistema de alta pressão que circunda a região do pacífico. O Sistema Nacional de Estudos Atmosféricos, Oceanográficos e Sísmicos, há risco de cheias de rios e quedas de árvores. Em La Prensa.
MÉXICO 🇲🇽
Ovidio Guzmán López, filho do megatraficante Joaquín “El Chapo” Guzmán, líder do Cartel de Sinaloa, foi preso pelo Exército Mexicano na quinta-feira (17)… E liberado poucas horas depois. Em resposta à detenção, o cartel promoveu o terror em Culiacán, capital de Sinaloa, realizando tiroteios, bloqueios de ruas e enfrentamentos em pelo menos onze pontos da cidade. Intimidado, o governo desistiu da prisão, justificando a soltura de Ovidio como forma de proteger a vida dos cidadãos inocentes. Uma mostra de força de El Chapo que, mesmo preso nos EUA desde 2017, segue capaz de dobrar o México. Em El Universal.
Na manhã de segunda (14), ao menos 14 policiais foram mortos em uma emboscada do violento cartel Jalisco Nova Geração. Os novos capítulos da crise de segurança pública do país novamente colocam o presidente López Obrador em xeque. Crítico às táticas da sangrenta guerra às drogas promovida pelos governos Calderón (2006-2012) e Peña Nieto (2012-2018), AMLO diz que a violência deve ser resolvida com prevenção e anistia a crimes brandos. No entanto, o México vive um dos anos mais violentos da sua história. Em The Guardian.
NICARÁGUA 🇳🇮
Após o presidente Daniel Ortega dedicar minutos de seu discurso para atacar a União Europeia, o bloco impôs sanções à Nicarágua, exaltando a necessidade de diálogo entre o regime e a oposição. A UE também condena as violações aos direitos humanos cometidas pelo governo desde 2018, que já deixou mais de 350 mortos e milhares de exilados. Ortega, por sua vez, culpa ataques imperialistas pela crise econômica que se intensificou desde os protestos do último ano. Em La Prensa.
PANAMÁ 🇵🇦
O governo panamenho instalou chips em árvores na tentativa de conter a alta de cortes ilegais. O chamado Sistema de Rastreabilidade e Controle Florestal (STFC), que o governo diz ser exclusividade do país, também ajuda a fiscalizar o trabalho das madeireiras. O ministro do Meio Ambiente, Milciades Concepción, garante que só engenheiros florestais credenciados pela pasta podem inserir o dispositivo. Via EFE.
Un clic:
PARAGUAI 🇵🇾
A Câmara aprovou a concessão de uma pensão vitalícia aos ex-jogadores campeões da Copa América de 1979, ainda hoje o último título vencido pela Seleção Paraguaia de futebol. O benefício, que inclui estrelas como Romerito, ídolo do Fluminense nos anos 80, causou polêmica no país. Cada ex-atleta receberá 1,5 milhão de guaranis (cerca de R$ 970) mensais. No ABC Color.
PERU 🇵🇪
Uma nova Lei Universitária, adotada em 2014, apertou a fiscalização sobre o ensino superior e vem varrendo instituições do mapa por descumprirem as chamadas “condições básicas de qualidade”. Nesta semana, o Peru ultrapassou a marca de 20 universidades com licença para funcionar negada, entre as 145 que operam no país. A partir da perda da licença, as instituições têm dois anos para fechar as portas. As 20 rejeitadas concentram mais de 55 mil alunos. Em El Comercio.
Já é possível cruzar a fronteira peruana saindo da rodoviária de Cuiabá. Por passagens a partir de R$ 600, o ônibus passa por Rondônia e Acre, indo até Cusco e a capital Lima, em cerca de quatro a cinco dias. A companhia Expresso Internacional Ormeño, que opera o trajeto, garante que será um sucesso. No G1.
REPÚBLICA DOMINICANA 🇩🇴
Após um surto de mortes de turistas norte-americanos, exames toxicológicos de duas vítimas recentes comprovaram que elas ocorreram por causas naturais, uma boa notícia para o setor de turismo. Como o país é altamente dependente da atividade, vinha enfrentando um impacto financeiro negativo diante dos incidentes misteriosos. Empresas do ramo estimam que houve uma queda de mais de 20% na vinda de norte-americanos. Os EUA são a principal origem dos turistas que visitam o território dominicano. No Diario Libre.
URUGUAI 🇺🇾
Dois áudios vazados na sexta-feira provocaram uma crise no Partido Nacional, do presidenciável Luis Lacalle Pou, principal adversário da situação nas eleições marcadas para o dia 27. Neles, o prefeito de Colonia, Carlos Moreira, dá a entender que pedirá sexo a uma mulher em troca da renovação do estágio dela. Com a bomba estourando a nove dias das eleições, o Partido Nacional reagiu rápido e promete uma reunião da sua Comissão de Ética ainda neste sábado, para expulsar Moreira. Apesar da eleição deste ano ser a mais disputada dos últimos anos, a esquerda ainda está em vantagem. O escândalo na oposição pode facilitar ainda mais uma nova vitória da Frente Ampla. No Giro do próximo sábado, traremos um termômetro eleitoral do pleito uruguaio. Em El País.
Políticos do partido governista Frente Ampla participaram de uma cerimônia de homenagem ao militante Eduardo Bleier, torturado e morto durante a ditadura militar (1973-1985). Até agosto deste ano, os restos de Bleier estavam desaparecidos, mas foram encontrados em um batalhão do exército. O presidente Tabaré Vázquez, o ex-presidente Pepe Mujica e o candidato à Presidência Daniel Martínez compareceram. O acontecimento ocorreu sob o lema “nunca mais terrorismo de Estado”. No Subrayado.
VENEZUELA 🇻🇪
Maduro concedeu o terceiro aumento do salário mínimo no ano. Desta vez, um acréscimo de 375%, que fez o valor chegar a 150 mil bolívares, ou 7,60 dólares, por mês. É o salário mais baixo da América do Sul. Guaidó disse que o novo aumento evidencia o “fracasso econômico” do governo. Em El Comercio.
O FMI calcula que a inflação acumulada de 2019 deve terminar o ano em 200.000% — número bem inferior aos 10.000.000% previstos pelo próprio Fundo no fim do ano passado, mas ainda assim pouco animador (e o maior do mundo). Com o país vivendo uma profunda recessão desde 2014, o PIB deve se retrair mais 35% neste ano. Em El País.
📈 Termômetro eleitoral
Nesta e na próxima edição, a equipe do GIRO LATINO mede a temperatura das principais eleições latinas em outubro. Amanhã, é a vez de a Bolívia comparecer às urnas. Veja a situação do pleito na terra de Evo Morales:
Quando é? Domingo, 20 de outubro.
Como funciona? Primeiro turno e segundo turno. Se o primeiro colocado obtiver 50% dos votos mais um, ou a partir de 40% com diferença mínima de 10% para o segundo colocado, vence automaticamente, sem segundo turno. Outros resultados geram uma segunda rodada de votação em 15/12. Para cargos no Congresso, são votos distritais e proporcionais.
Quem é eleito? Presidente, vice, deputados (130) e senadores (36).
O que dizem as pesquisas?
Ipsos: Evo Morales 40% — Carlos Mesa 22% (vitória de Morales no 1º turno)
Universidade Mayor de San Andrés: Evo Morales 32% — Carlos Mesa 27%
Cies Mori: Evo Morales 36% — Carlos Mesa 27%
O que mais preciso entender? Eleito pela primeira vez em 2006, Evo Morales já é o presidente boliviano com mais tempo de cargo e tenta seu quarto mandato. Se vencer, prometeu que será seu último. A reeleição por si só é polêmica: Evo recorreu aos tribunais, comandado por pessoas próximas, para ter o direito à reeleição, contrariando um referendo popular. Carlos Mesa, o único que pode frear Morales, é de centro-esquerda e foi presidente entre 2003 e 2005.
⚽ Santiago, Rio e… Miami?
Foram anunciadas na quinta-feira as sedes das finais da Libertadores e da Copa Sul-Americana de 2020 — respectivamente, o Maracanã, no Rio de Janeiro, e o Estadio Mario Kempes, em Córdoba. Segue, assim, a transição: das finais em ida e volta que existiam até 2018, partimos para o jogo único em campo neutro em 2019 e, no ano que vem, para partidas solitárias em campos que não serão tão neutros assim. Se as finais deste ano ocorrem em países que raramente produzem finalistas — Chile e Paraguai — as de 2020 dificilmente escaparão de ter um brasileiro ou um argentino (ou ambos) jogando “em casa” contra um estrangeiro. No momento em que o mais provável ocorrer, virão os gritos de “injustiça”.
Talvez seja precisamente a janela que a Conmebol espera para promover a “solução” ao problema que ela própria criou: desde que a final única começou a ser ventilada, ainda em 2013, parecia que a única maneira de torná-la viável em termos econômicos (sem produzir a injustiça esportiva de jogar em Argentina ou Brasil) seria levá-la para um lugar distante com estádios enormes. Para os Estados Unidos, quiçá? O flerte da Conmebol com o rico futebol norte-americano não é novo. Mexicanos disputaram a Libertadores entre 1998 e 2016 e, apesar das negativas, a cada tanto ressurgem as conversas para trazê-los de volta. Estadunidenses ainda não fizeram isso, mas já compareceram à Copa Sul-Americana em meados dos anos 2000. Pode ser o casamento ideal para as contas da cartolagem do continente se encherem de ainda mais dólares, aproveitando os expatriados latinos e curiosos que lotariam uma eventual final em Miami — enquanto o nosso maior jogo se afasta cada vez mais do torcedor comum.
Na semana, a Conmebol também fez sua controversa proposta para distribuição das seis vagas a que a América do Sul terá direito no Mundial de Clubes ampliado de 2021. O Brasil não gostou. No Globoesporte.com.
🇺🇳 Costa Rica fora. Perde a ONU
Discreta, pacífica e verde. Um bom começo para descrever a Costa Rica, o ponto de calmaria da América Central. Avizinhada do turbulento triângulo norte — El Salvador, Honduras e Guatemala —, a nação mais sustentável do mundo ficou de fora do Conselho de Direitos Humanos da ONU. O pleito disputado com Brasil e Venezuela, na última quinta, decidiu duas vagas. A briga era nivelada por baixo: desde a posse do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil mudou radicalmente sua postura na política externa, aproximando-se de pautas e discursos nacionalistas que desagradam a entidade. Já a Venezuela, que para sorte do Brasil atrai a maioria das críticas pelas violações sistemáticas aos direitos humanos, segue pressionada. Apesar de ter credenciais melhores que os concorrentes, a Costa Rica fez 96 votos, contra os 153 do Brasil e os 105 da Venezuela. San José está em alta nas Nações Unidas, mas terá que esperar um pouco mais. O presidente Carlos Alvarado personifica o centrismo progressista do país. Jornalista, cientista político e músico na juventude, o líder de centro-esquerda é a favor de pautas igualitárias e valoriza a luta pelos direitos humanos — de quebra, rechaça os abusos cometidos na Venezuela, algo que não foi suficiente para vencer Caracas, mas que dá certa esperança para lideranças moderadas na região.
O Giro Latino é uma newsletter produzida por Girão da América, Impedimento e Fronteira.
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