Chile: Constituinte propõe fim da polícia militar
El Salvador remove um terço dos juízes | Venezuela: oposição promete participar de eleições | Bolívia: Evo teria sido alvo de ataque ao deixar país no golpe de 2019 | Alerta pela variante Mu
Dois meses depois de sua instalação em 4/7, a Convenção Constitucional do Chile ainda é criticada pela lentidão nas discussões que podem moldar o futuro do país. Mas nem por isso deixa de apresentar propostas ousadas: durante a semana, sua Comissão de Direitos Humanos aprovou colocar em votação a substituição dos Carabineros de Chile, a polícia militar que existe desde 1927, por um “serviço público” controlado pelo poder civil – e que se guiaria pela baliza utópica do “respeito irrestrito aos direitos humanos”, objetivo cuja aplicação prática ainda é pouco clara.
Qualificada como “histórica” pelos proponentes, a medida já encontra resistência dos próprios carabineros e da direita. Membros do Congresso, que não tem influência sobre a Constituinte, manifestaram preocupação sobre a incerteza que uma discussão superficial poderia gerar em relação à segurança pública. Embora o Chile também tenha uma polícia civil, hoje o sistema é similar ao do Brasil: as ações ostensivas e repressivas ficam nas mãos dos policiais militares e seus blindados, com as tarefas de investigação e inteligência mais concentradas no órgão civil.
A decisão jogou mais lenha na fogueira da corrida rumo às eleições presidenciais, que têm o primeiro turno marcado para 21/11. No último final de semana, antes da proposta da Constituinte, o ex-ministro do atual governo Piñera e candidato da coalizão conservadora “Chile Podemos Más” para novembro, Sebastián Sichel, já tinha dado declarações duramente criticadas por setores à esquerda no tema da segurança pública: “não é pela desculpa de respeitar os direitos humanos que se vai renunciar a uma das obrigações principais do Estado, que é manter a ordem e controlar a violência”. Candidatos de esquerda e centro-esquerda, como Gabriel Boric e Yasna Provoste, não tardaram em questionar o oponente. “É lamentável ver que para Sichel, como para Piñera, os direitos humanos são só uma desculpa”, tuitou Boric.
Os Carabineros são elemento central em qualquer discussão sobre a continuidade das violações de direitos humanos no Chile pós-Pinochet. Nunca totalmente “controlados” após a volta da democracia, os policiais militares há anos estão envolvidos em episódios de violência nos conflitos agrários do sul do país, incluindo execuções extrajudiciais como a de Camilo Catrillanca, que completa três anos em novembro. Os protestos de 2019, cujas reivindicações populares culminaram na Constituinte, trouxeram uma nova onda de repressão indiscriminada que devolveu o cotidiano de violência policial também ao coração da capital Santiago, dando nova tração a movimentos de mudança. Diferentes comandantes dos Carabineros caíram ou renunciaram na última década após episódios de violações de seus subordinados, e até mesmo o governo Piñera precisou dar o braço a torcer e prometer uma “reforma profunda” na corporação – embora, por enquanto, isso tenha ficado mais no discurso do que na prática.
Como todas as discussões da Constituinte até agora, a proposta é incipiente e não só precisa ser votada como ainda não se debruçou sobre eventuais modelos de transição para o policiamento. Uma coisa é certa: a direita não dispõe, sozinha, de votos suficientes para barrar qualquer medida, mesmo as mais “radicais”. Para os conservadores, será preciso negociar com setores da esquerda moderada e tentar confiar no medo de que alterações audaciosas demais possam reduzir as chances de o texto final ser efetivamente aprovado pela população. Afinal, quando os trabalhos forem encerrados, não há garantia de que a nova Constituição realmente será adotada: ela ainda precisará passar por um plebiscito (e, se nada for aprovado, os pilares legais do país seguem como são hoje: ainda rescaldos dos anos de Pinochet).
A proposta também acontece em um momento de reorganização de forças dentro dos próprios corredores da Convenção Constitucional, o que não muda as tendências à esquerda do organismo, mas promete complicar os cálculos de votos. Os últimos dias viram uma debandada geral da Lista del Pueblo, que se apresentava como a representante mais direta dos movimentos sociais de 2019 e possuía a terceira maior bancada: após uma série de discordâncias internas, vários grupos anunciaram sua retirada para formar organizações próprias, reduzindo o número de representantes formalmente ligados à tal Lista de 27 para apenas dois (de um total de 155 constituintes).
De todo modo, o vice-presidente da Convenção Constitucional, Jaime Bassa, garante que as discussões terão de ser resolvidas internamente, sem levar em conta as pressões que vêm de outros setores do poder em Santiago. “Se a nova Constituição estabelecer a refundação dos Carabineros, o corpo de Carabineros será refundado”, prometeu.
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DESTAQUES
🇧🇴🇲🇽 2019: foguete contra avião de Evo? – Após o golpe de 2019, o ex-presidente Evo Morales (2006-2019) deixou imediatamente a Bolívia, primeiro rumo ao México, depois para a Argentina, onde permaneceu pelo ano seguinte com status de refúgio – até a posse de seu aliado, Luis Arce, em novembro de 2020. Agora, de acordo com um documento inédito publicado pelo presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador em seu novo livro A mitad del camino, aquela fuga ganhou contornos mais dramáticos: de acordo com a Secretaria de Defesa do México, os pilotos do voo que retirou Evo de Cochabamba observaram um “projétil luminoso” que poderia ser um foguete ou um míssil destinado a derrubar o avião, provavelmente disparado dos arredores do aeroporto. Uma manobra evitou o possível impacto. Segundo AMLO, sua atitude em abrir as portas do México para Morales envolveu um pedido imediato à chancelaria e ao Exército de seu país, temendo pela vida do colega diante “da violência e do racismo dos golpistas”. Em La República.
🇨🇴 Mu, a “nova” variante da região – A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta na quarta-feira (1º) para a circulação de uma nova variante do coronavírus, rastreada inicialmente na Colômbia, em janeiro. Segundo a entidade, a mutação B.1.621, agora chamada de “Mu”, passou à classificação de “variante de interesse” por seu potencial viral. Em agosto, 39 países já haviam relatado casos da variante, que tem presença maior em países sul-americanos. A incidência da Mu apresentou crescimento em Colômbia e Equador. A OMS complementa que, apesar do alerta, “mais estudos são necessários para compreender as características clínicas dessa variante”. Nos últimos dias, muito se repercutiu sobre a possível resistência da Mu às vacinas. Na RFI.
🇸🇻 Bukele remove um terço dos juízes – Seguindo sua escalada autoritária contra adversários, o presidente Nayib Bukele apoiou o Congresso, de maioria governista, a aprovar uma polêmica reforma que resulta na aposentadoria compulsória de um terço dos 690 juízes salvadorenhos, além de dezenas de promotores, criando uma nova idade-limite de 60 anos. Sob o argumento de que o país não quer mais “juízes corruptos e justiça sob medida para os grupos de poder”, o Parlamento seguiu ordens do cada vez mais poderoso Bukele, atingindo, inclusive, magistrados que no passado já pediram investigações contra o presidente. A nova decisão, amplamente criticada pela imprensa local (em especial o jornal El Faro, recorrentemente atacado por Bukele) e pelo o que sobrou da oposição, entra na lista de desmandos do mandatário. Em maio, ele já chegou a destituir o “STF” salvadorenho no momento seguinte à obtenção de maioria entre os deputados (saiba mais neste vídeo). Para os juízes, as novas manobras são “indignas e ofensivas”. Em El País.
🇻🇪 Oposição venezuelana voltará às eleições – A oposição ao chavismo confirmou na terça (31) que participará das eleições regionais de 21/11, com um adendo importante: o bloco vai fazer isso em tom de unidade, em uma lista única, distante do boicote de anos anteriores. A decisão determina um limite de inscrições de candidatos a 23 governadores e 335 prefeitos, além de vereadores e deputados. De acordo com um comunicado lido na sede de Caracas do partido Um Novo Tempo, juntamente com representantes de todos os partidos da coligação opositora, o fim do boicote eleitoral tem sido “um difícil processo de deliberação interna que contou com a participação de líderes locais, regionais e nacionais“. Mesmo assim, o grupo diz que está “comovido com a difícil situação que atravessa nosso país, com o senso de urgência em encontrar soluções permanentes para nossos sofrimentos e com o propósito de fortalecer a unidade”. Com a união, o bloco de oposição reaviva a plataforma que, em 2015, obteve a maioria no Parlamento, que até 2020 foi o único órgão oficial fora do controle chavista. As eleições também são o foco principal da nova rodada de diálogos entre governo e oposição, que começou no México nesta sexta (3), dando sequência à primeira etapa de conversas que aconteceu por lá na metade de agosto (leia no GIRO #94). Em El País.
🇵🇦 Maconha medicinal centro-americana – O Congresso panamenho aprovou no início da semana um projeto que torna legal o uso da maconha medicinal, o que permitiria importação, exportação, cultivo, produção e o mercado da substância canábica e de seus derivados, tudo sob permissão do Estado. A lei, que agora precisa ser homologada pelo presidente Nito Cortizo, torna o país o primeiro da América Central a avançar um projeto desta natureza. O texto, que não teve nenhum voto contra após ser refeito durante os últimos anos, quer incentivar o uso “para fins terapêuticos, médicos, veterinários, científicos e de pesquisa”. Na Prensa Libre.
Un clic:
A história do “papa-léguas” no muro fronteiriço EUA-México, na BBC.
MAIS NOTÍCIAS
REGIÃO 🌎
Inflação. Essa é a palavra da vez em muitas análises econômicas em uma América Latina com feridas abertas pela crise causada pela pandemia e por mudanças climáticas. Até julho, quem liderava o ranking com folga (ignorando a Venezuela, cuja hiperinflação real de quatro dígitos já se tornou incalculável no curto prazo) era a Argentina, com índice acumulado de 51,8%. Em segundo lugar, bem atrás, está o Brasil, com 9% nos últimos doze meses. A alta dos preços é geral: em toda a região, alimentos, transporte e até serviços básicos como eletricidade e água têm sentido o efeito. Especialistas, porém, acreditam que os próximos meses sejam de estabilização. Em El País.
O caminho até a retomada é, de fato, vagaroso. A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) pedeiu que países com excesso de doses destinem vacinas “rapidamente” às Américas, que precisariam de 540 milhões de unidades do imunizante para avançar com a agenda vacinal contra a covid-19 (nesta semana, os países latino-americanos recém superaram a marca de meio milhão de inoculações, que nem sequer contempla toda a sua população a primeira dose. Leia aqui nosso levantamento semanal). Entre outros motivos, a lentidão na vacinação latino-americana também preocupa a Unicef por atrasar a volta de milhares de alunos às escolas. “Três de cada cinco meninos e meninas que perderam um ano escolar no mundo durante a pandemia vivem na América Latina e no Caribe”, alerta a entidade. Para além da falta de vacinas, o órgão da ONU também faz um chamada para mudanças na infraestrutura educacional do continente, outro percalço para o retorno das aulas. Em El País.
Os Jogos Paralímpicos de Tóquio, que se encerram neste domingo (5), já são os melhores da história da América Latina mesmo com um dia e meio de disputas ainda pela frente. Até o final da noite de sexta-feira, onze países da região já haviam subido ao pódio (um recorde), acumulando o maior número de medalhas de todos os tempos (139, contra as 130 conquistadas no Rio/2016) e também a maior quantidade de ouros (40, superando as 37 de Londres/2012). A região também tem no mínimo mais um ouro e uma prata garantidos, restando definir apenas o destino, já que Brasil e Argentina definem entre si o título do futebol de cinco para deficientes visuais, no início da manhã deste sábado. Os latino-americanos testemunharam a melhor campanha paralímpica já feita por países como Brasil, Colômbia e Chile, além das primeiras medalhas da história de Costa Rica, El Salvador e Equador. Confira aqui a listagem de todas as conquistas latino-americanas nestes Jogos.
ARGENTINA 🇦🇷
A polêmica envolvendo o encontro familiar na casa do presidente segue reverberando. O estrago público já foi feito, mas agora Alberto Fernández deve se entender com a Justiça: tentando mitigar o problema a semanas das primárias legislativas, decisivas para os peronistas, o mandatário tenta fechar um acordo com o procurador que o investiga, prometendo destinar metade do salário durante quatro meses a um centro de referência científica, em troca da extinção da investigação criminal da reunião ocorrida em plena quarentena, em julho de 2020 (o que violava o próprio decreto presidencial que proibia reuniões a feita naquele momento, no aniversário da primeira-dama). O escândalo, que ganhou nome de Olivosgate, não deve sair das manchetes tão cedo. Em El País.
O governo voltou a estender o “cepo da carne”, como vem sendo chamada a restrição à exportação do produto iniciada em junho. Agora, a medida segue valendo até o fim de outubro. O objetivo é garantir que a exportação, mais vantajosa que o mercado interno em função do câmbio, não se torne excessiva e faça a inflação aumentar ainda mais. Obrigados a vender dentro da Argentina e lucrar menos, os pecuaristas dizem que a repetição de medidas desse tipo vem reduzindo cada vez mais os rebanhos pelo país e não passa de uma forma de “rapinar alguns votos”, segundo as Confederações Rurais Argentinas (CRA), organização patronal do agronegócio. A crítica tem a ver com a proximidade das primárias para as eleições legislativas, que vem fazendo Alberto Fernández adotar (ou prorrogar) políticas atacadas pela oposição, em uma tentativa de conter temporariamente a alta dos preços (veja mais na seção de Região). Via Reuters.
Una palabra:
Pacos – é como são chamados, no Chile, os policiais. O termo vem de antes da origem dos atuais Carabineros e ninguém sabe de onde saiu. Há várias versões apócrifas: uma diz que se originou no século 18, quando a antiga ponte de Cal y Canto na capital Santiago teria sido policiada por dois guardas chamados Francisco, nome que em espanhol costuma render o apelido Paco – dali teriam vindo “los pacos”. Outra explicação, muito mais recente, diz que viria do jargão interno da época da fusão das antigas corporações que deram origem aos Carabineros nos anos 1920: os agentes de baixa patente seriam chamados de “Personal A Contrata de Orden y Seguridad”, que daria a sigla PACOS. Por fim, uma suposta origem dicionarizada no século 19 sugere que viria de uma corruptela do quéchua antigo p’aku e faria referência à cor do uniforme, mas mesmo essa versão é disputada – dependendo da fonte, o p’aku se referiria à cor verde ou ao castanho.
BOLÍVIA 🇧🇴
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pediu ao governo boliviano que informe sobre a situação de saúde da ex-presidenta interina Jeanine Áñez (2019-2020), que assumiu o poder após o golpe de 2019 e que segue presa desde o início do ano (saiba mais neste vídeo). O quadro mental de Áñez ganhou as manchetes após ela supostamente ter tentado cometer suicídio na prisão, onde aguarda julgamento por crimes cometidos no âmbito do golpe. Segundo a CIDH, que é um braço da Organização dos Estados Americanos (OEA) – organização multilateral que teve papel crucial na contestação dos resultados eleitorais em 2019, uma antessala do golpe – “foi enviada [uma carta ao presidente Luis Arec] em virtude do processo sobre os temas de medidas cautelares” solicitadas pela defesa de Áñez. Em El Mostrador.
CHILE 🇨🇱
O Chile e a Argentina continuaram a velha disputa pelos limites de suas plataformas continentais, porções do território marítimo que correspondem a cada país. Na sexta passada (27), o governo chileno publicou um decreto para abocanhar uma área de cerca de 30,5 mil km² na região mais austral, o que não foi bem recebido pelo governo argentino. A briga tem raízes antigas. Entre a década de 1970 e 1980, as duas nações chegaram à beira de uma guerra por causa de três ilhas localizadas ao sul do Canal de Beagle, conflito que só foi encerrado em 1984 com a assinatura de um Tratado de Paz e Amizade e a mediação do papa João Paulo II. O acordo estabeleceu que o Chile teria soberania a oeste do meridiano 67 e, a leste, a Argentina. Porém, a linha acabaria no chamado “ponto F”: o que o Chile fez com o novo decreto foi projetar sua plataforma marítima para o sul desse ponto e ao leste do meridiano 67 (ver imagem). No fim de semana, o chanceler argentino, Felipe Solá, acusou o país vizinho de “se apropriar” de um pedaço de 5,5 mil km² do mar que faria parte da Argentina, além de ocupar águas de patrimônio universal. Seu homólogo chileno, Andrés Allamand, disse que “ninguém se apropria do que lhe pertence”. Em El País.
COLÔMBIA 🇨🇴
O presidente Iván Duque e diversos investidores têm motivos para sorrir: após o governo assinar em julho um decreto sobre o acesso seguro e informado ao uso médico e científico da cannabis, que veio na esteira de dois anos de negociações entre o poder público e representantes do setor, o país sul-americano se prepara para entrar de cabeça no mercado da maconha, que pode fazer da Colômbia um gigante no ramo. A mísera promessa de avançar com esse mercado atraiu, até agora, cerca de R$ 2,6 bilhões em investimento estrangeiro direto. Com a ameaça de domínio futuro por parte dos colombianos, quem já abre os olhos é o Canadá: mesmo que, por enquanto, filho único no comércio total da planta, os norte-americanos já saibam que não poderão competir com o baixo valor agregado e com as condições climáticas colombianas. Em El País.
O Supremo derrubou, na quinta (2), a nova legislação aprovada no ano passado que havia reinstituído (após 110 anos) a pena de prisão perpétua no país, para assassinos e estupradores de crianças (leia no GIRO #35). De acordo com o entendimento dos magistrados, em uma votação que terminou em 6 a 3, o Legislativo “transgrediu seu poder” ao reformar um elemento intocável da Constituição – no entendimento da Corte, a prisão pela vida inteira contraria o princípio básico de respeito aos direitos humanos preconizado na Carta Magna adotada em 1991. Em El Tiempo.
COSTA RICA 🇨🇷
O país sediou, na terça (31), eventos do primeiro Dia Internacional para Pessoas de Descendência Africana, com palestras, seminários, fóruns e atividades artísticas e culturais com transmissão ao vivo. A data foi estabelecida após uma proposta do governo em San José na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em dezembro de 2020, que pedia um marco para “promover o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais dos afrodescendentes, contribuir para a eliminação de todas as formas de discriminação e promover o patrimônio diversificado e as contribuições extraordinárias da Diáspora Africana”. Na Prensa Latina.
O PAC, Partido Acción Ciudadana, que governa o país desde 2014, já tem um nome para a sucessão do presidente Carlos Alvarado: na segunda (30), oito dias após as votações internas, a sigla anunciou que o deputado Welmer Ramos será seu nome para o pleito marcado para 6 de fevereiro de 2022. Ramos também foi ministro de Economia, Indústria e Comércio durante a presidência de Luis Guillermo Solís (2014-2018), antecessor de Alvarado. Na Costa Rica, os mandatos são de quatro anos, sem direito à reeleição. Embora ainda não haja pesquisas concretas após a confirmação do presidenciável, é certo que a criticada gestão de Alvarado pode se tornar um obstáculo à manutenção do PAC no poder: na mais recente pesquisa, o mandatário contava com apenas 20% de aprovação. No Delfino.
Un hilo:
CUBA 🇨🇺
O Ministério da Economia passou a reconhecer e a regulamentar as criptomoedas no país, argumentando que a mudança tem “razões de interesse socioeconômico”. A medida, que ainda será detalhada, vai de encontro com promessas feitas pelo governo em Havana no início do ano, pouco após a ilha começar um processo de unificação monetária (saiba mais neste vídeo) para corrigir distorções e aliviar a crise econômica, que só piorou com as sanções sofridas em 2020. Por enquanto, negociações de cripto seguem restritas ao governo socialista, que alerta cidadãos sobre riscos de operar “à margem do sistema bancário e financeiro”. Cuba promete, porém, se comprometer com um processo transparente, um dos pontos que mais preocupam as autoridades financeiras. A novidade também poderá, no limite, ajudar cubanos que dependem de remessas em dólar enviadas de fora, como foi o caso de El Salvador (que na próxima semana se torna o primeiro país do mundo a adotar o Bitcoin como moeda oficial). Na Prensa Latina.
A vacina chegou às crianças: nesta sexta (3), a ilha começou a aplicar a Abdala e a Soberana 02, suas vacinas contra a covid-19 de fabricação própria, na população com idades entre 2 e 18 anos. Ainda vivendo seu pior momento na pandemia, com uma média próxima às 80 mortes por dia (no ano passado inteiro, tinham sido 146 óbitos), Cuba tenta voltar à relativa calmaria que manteve durante todo o ano de 2020. Para isso, aposta pesado nos imunizantes: além das doses de fabricação nacional, nesta semana o país caribenho finalmente passou a utilizar também uma vacina importada – no caso, a chinesa Sinopharm. Inicialmente, o plano é dar duas doses da vacina vinda da Ásia e um reforço com algum dos imunizantes locais. Até aqui, pouco mais de 33% da população já recebeu o ciclo vacinal completo. Via AFP.
EL SALVADOR 🇸🇻
Chegou a hora: a partir de terça (7), El Salvador será oficialmente o primeiro país do mundo a adotar o Bitcoin como moeda legal, paralelamente ao dinheiro tradicional (que, por lá, é o dólar estadunidense). A medida foi aprovada às pressas e sob forte crítica da oposição e de grupos civis, além de muita insegurança por parte de observadores internacionais como o Banco Mundial, e começa a valer apesar das reticências da própria população: um levantamento da Universidade Centro-Americana José Simeón Cañas (UCA), da capital San Salvador, constatou que quase 68% dos salvadorenhos é contra o uso da criptomoeda para transações cotidianas, uma rara fissura entre a opinião pública e o presidente Nayib Bukele – apesar da escalada autoritária, o mandatário, um entusiasta do Bitcoin, segue gozando de ampla popularidade em relação a outras medidas. Para tentar conter o medo, a Assembleia Legislativa aprovou um fundo de US$ 150 milhões para facilitar a conversão de dólares em criptomoeda. Via Reuters.
EQUADOR 🇪🇨
O governo de Guillermo Lasso propôs à China a criação de um acordo de livre comércio, que seria estabelecido na esteira de um plano de reestruturação da dívida de Quito com Pequim. “Discutimos um acordo de livre comércio que consolidaria e permitiria aumentar a venda de banana e camarão para a China”, disse o mandatário latino. O comércio com o mercado chinês tem impacto importante na economia equatoriana: entre janeiro e junho, os andinos exportaram US$ 1,411 bilhão para a China, enquanto as importações ficaram em US$ 1,854 bilhão. Atualmente, a dívida é estimada em mais de US$ 5,1 bilhões, o que fez do gigante asiático o principal credor da última década. Segundo o presidente, que acaba de completar 100 dias no cargo, “é impossível pensar no desenvolvimento da América Latina sem a China”. No RT.
Começou o julgamento político do Defensor do Povo do Equador, Freddy Carrión, preso preventivamente desde maio sob a acusação de ter tentado abusar sexualmente da esposa do então ministro da Saúde, Mauro Falconí. Enquanto o ex-ministro manteve as acusações da época, Carrión saiu-se com uma nova versão no inquérito que pode destituí-lo formalmente: acredita que foi drogado na reunião que manteve na casa de Falconí, “porque é impossível que eu não lembre do que aconteceu depois de ter tomado duas taças de vinho”. Para o “ombudsman” da República, tudo poderia ser uma represália por ter denunciado o ex-presidente Lenín Moreno (2017-2021) por crimes de lesa-humanidade, chegando a instituir uma Comissão da Verdade para apurar a violenta repressão aos protestos de 2019, que deixou 11 mortos. Ele também acusa a ex-vice-presidenta María Alejandra Muñoz de ter desviado lotes de vacina. Em El Universo.
GUATEMALA 🇬🇹
A Justiça autorizou que dois ex-generais sejam levados ao banco dos réus pelo crime de genocídio, pelo seu papel no sequestro, desaparição e morte de cerca de 1,7 mil pessoas da etnia ixil entre 1978 e 1982, durante a sangrenta guerra civil do país – que massacrou, sobretudo, indígenas maias, sob o pretexto de estarem ligados a guerrilhas armadas de esquerda. Manuel Benedicto Lucas (irmão do ex-presidente Fernando Romeo Lucas, que governou o país na mesma época dos crimes) e Manuel Antonio Callejas, ambos com 85 anos, estão desde 2016 em “detenção preventiva” no Hospital Militar da capital guatemalteca. No Soy502.
A crise agravada pela pandemia se faz sentir em uma estatística alarmante sobre a fome: no período entre 1º/1 e 21/8 deste ano, a Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan) contabilizou a morte de 26 crianças menores de cinco anos por desnutrição – um aumento de exatamente 100% em relação ao mesmo período de 2020, quando tinham sido 13 mortes. A Sesan também informa que os casos oficiais de desnutrição aguda nessa mesma faixa etária aumentaram 16,4% em um ano, passando de 18,2 mil para 21,2 mil. Via EFE.
Una expresión:
Poner los cuernos – de quem traiu o homem com quem está em um relacionamento amoroso, diz-se que puso los cuernos nele. Já do traído, fala-se que virou um cornudo. Utilizada em espanhol com o mesmo sentido do “corno” ou “chifrudo” que temos no Brasil, essa expressão provavelmente tem a mesma origem nas duas línguas, mas a questão é qual origem exatamente: poderia estar associada ao episódio mitológico do Minotauro – nascido de uma traição – ou à figura cristã do demônio, originando-se na ideia de que Eva, ao ser seduzida pelo diabo, teria recebido dele os chifres e os posto em Adão. Daí também vem a versão de que, em pontos da Europa Medieval, um homem traído era humilhado publicamente quando se colocavam cornos na porta de sua casa (ou, mesmo, em sua cabeça), como representação de que estaria em um matrimônio infiel.
HAITI 🇭🇹
É quase redundância dizer que o país mais atribulado do continente segue às voltas com velhos problemas. Entre eles, o mais marcante é o assassinato de Jovenel Moïse, que presidiu o país de 2017 até julho passado, quando foi morto por um bando armado dentro da residência oficial, em condições ainda incertas (saiba mais detalhes neste vídeo). E são essas dúvidas que a agora ex-primeira-dama e viúva, Martine Moïse, quer solucionar. Em um chamado à comunidade internacional, a sobrevivente do magnicídio (ela chegou a ser atingida pelas balas, mas foi operada às pressas em Miami) disse que “segue com esperanças de ver a justiça sendo feita”, reforçando que “os responsáveis pelo crime seguem soltos por aí”. Mas não tem sido fácil: para além da crise natural que a nação mais pobre e instável do continente vive, o que já joga poeira sobre o fraco e corrupto sistema de justiça, a pandemia e um recente terremoto devastador se enfileiram para ver qual problema precisa ser resolvido primeiro. Com isso, investigações ao redor da morte do presidente seguem em marcha lenta. Via Reuters.
HONDURAS 🇭🇳
O prefeito da ilha paradisíaca de Roatán, Jerry Hynds, foi preso por escoltar um caminhão-pipa com 98 pacotes de cocaína, segundo informações do Ministério Público. Na noite da última sexta-feira (27), Hynds foi detido junto a outras três pessoas, durante inspeções veiculares realizadas pela Agência Técnica de Investigação Criminal (ATIC) e pela Promotoria Especial de Combate ao Crime Organizado (FESCCO). Via AFP.
MÉXICO 🇲🇽
A tempestade tropical Nora, que chegou brevemente a ser considerada um furacão de categoria 1, tocou terra no México na segunda-feira (30), causando fortes chuvas e enchentes no Golfo da Califórnia. Em Puerto Vallarta, as autoridades contabilizavam pelo menos sete pessoas desaparecidas e uma morta logo após a passagem do ciclone. O Nora foi o quinto furacão da temporada no Pacífico, que começou em maio e vai até 30/11. Via AP.
NICARÁGUA 🇳🇮
O governo de Daniel Ortega está cometendo “tortura psicológica”, conforme denúncias de familiares e de um advogado de opositores presos – alguns deles aspirantes à presidência, como Félix Maradiaga, Juan Sebastián Chamorro e Arturo Cruz. Na terça (31), faltando dois meses para as eleições gerais, o governo finalmente permitiu visitas de familiares desde o começo das detenções em massa que atingiram 34 opositores nos últimos três meses. De acordo com o advogado Jared Genser, que representa Maradiaga e Chamorro, os presos estão sendo “submetidos a interrogatórios frequentes e duros”, além de terem perdido mais de 10 kg. Familiares denunciam que os detentos estão confinados em solitárias, têm apenas um banho de sol por semana, ficam com luzes acesas 24 horas por dia em suas celas e não podem ler, assistir à televisão ou realizar outras atividades. A crise nicaraguense forçou milhares de pessoas a deixar o país e seguirem rumo a Costa Rica, México e Estados Unidos. Segundo as autoridades dos EUA, mais de 13 mil nicaraguenses sem documentos ou requerentes de asilo tentaram entrar no país em julho, o dobro do registrado no mês anterior. No UOL.
No país que mais esconde a situação real da pandemia, a situação parece estar piorando outra vez. Mesmo nos dados oficiais, extremamente subnotificados, a Nicarágua acabou de viver sua pior semana de toda a pandemia, com o governo reconhecendo 568 novos casos em sete dias. O Observatorio Ciudadano Covid-19, que desde o início da crise sanitária vem elaborando informes próprios tentando dar uma dimensão mais real do estrago que o coronavírus faz no país, convocou a população a uma “quarentena voluntária” para baixar a curva. De acordo com o governo, apenas 200 pessoas morreram na Nicarágua por conta da covid-19 – o Observatorio Ciudadano, por sua vez, lista vinte vezes mais vítimas, um total de 4.002 mortes atribuíveis à pandemia desde março de 2020. Assim como em relação aos casos, também os dados oficiais sobre a vacinação são precários: segundo os números parcamente atualizados pelo governo, apenas cerca de 5% da população teria recebido o ciclo vacinal completo, o segundo pior índice da América Latina, à frente apenas do Haiti, o último a iniciar sua campanha. Na CNN.
PARAGUAI 🇵🇾
Mirando acelerar a vacinação, o governo fez dois importantes anúncios: primeiro, o recebimento de um lote de 50 mil doses da vacina da Moderna, último carregamento de um total de 400 mil unidades do imunizante doadas pelo Catar. Segundo Assunção, “a cooperação representa solidariedade e um testemunho das excelentes relações bilaterais entre os dois países”. Além da doação, o governo confirmou que fará parte dos ensaios clínicos da fase 3 da vacina taiwanesa Medigen, em uma etapa que contará com cerca de 2 mil doses (há, também, um componente diplomático: o Paraguai é o único sul-americano a estabelecer relações com Taiwan, em vez da China). A vacina exige um intervalo de 29 dias entre as aplicações. Até aqui, o país tem 23% de sua população totalmente vacinada. No ABC Color.
Nacionalidade brasileira, assassinatos nos EUA, e uma morte durante uma fuga cinematográfica no Paraguai há 16 anos. Este é o quebra-cabeças envolvendo o serial killer paranaense Roberto Wagner Fernandes, cujas peças reveladas nesta semana ajudaram a solucionar casos frios ocorridos há duas décadas. Exumado há poucos meses, Fernandes teve amostras de DNA analisadas e foi conectado a três assassinatos cometidos na virada do século na Flórida, onde trabalhou como comissário de bordo e motorista de ônibus de turismo. No Brasil, ele já havia sido acusado pelo assassinato de sua esposa em 1996, mas foi absolvido e se mudou para Miami. Depois, antes que a Justiça dos EUA ficasse em seu encalço, ele voltou para o país natal. As autoridades estadunidenses só conseguiram chegar a ele em 2011, mas era tarde demais: Fernandes, que também era piloto, tinha morrido seis anos mais cedo enquanto fugia de avião rumo ao Paraguai, em uma época em que era acusado de estupro no Brasil. As investigações continuaram e o brasileiro enfim foi ligado aos velhos crimes na Flórida, e a polícia suspeita que ele poderia ser responsável por ainda mais mortes. N’O Globo.
Dale un vistazo:
📺 Street Food: América Latina (2020) – nem só de crises e caos vivem nossos hermanos y hermanas. Esta série documental percorre as ruas de seis capitais do continente para contar as histórias de quem preserva a culinária típica da região. Os episódios são narrados pelos próprios chefs, que mostram como é feita a preparação dos pratos enquanto contam detalhes de suas trajetórias com a comida callejera. Tem memelas mexicanas, ajiacos colombianos, rellenos bolivianos e até moqueca brasileira. O título está disponível na Netflix.
PERU 🇵🇪
Em seu primeiro pronunciamento, o polêmico primeiro-ministro Guido Bellido (saiba mais no GIRO #96) fez uma saudação em quéchua de dois minutos, contrariando muitos deputados da oposição ao governo Pedro Castillo, que viram o uso da língua oficial andina como uma “provocação” para “dividir peruanos”. Mas não deveria ser assim, e tem sido cada vez menos: segundo especialistas, a língua originária de mais 5 mil anos (uma das 47 identificadas na região andina) é falada por quase 4 milhões de pessoas, ou 14% da população. Com a chegada de um governo comprometido em reviver símbolos nativos, especialistas reforçam que há um movimento pelo renascimento da língua, em especial entre os millennials: “são gerações de filhos ou netos de migrantes que viveram com maior estabilidade econômica ou política que seus antecessores e puderam refletir sobre suas origens”, diz o linguista Carlos Molina Vital. Em El País.
Guido Bellido, por sinal, não para de se envolver em crises. A terceira vice-presidenta do Congresso, Patricia Chirinos, denunciou ter sido alvo de uma agressão verbal de gênero em uma conversa com o primeiro-ministro. De acordo com a congressista, a altercação se deu após uma disputa por um escritório: Patricia queria ficar na mesma sala ocupada pelo seu pai, Enrique Chirinos Soto, que ocupou diferentes cargos legislativos entre 1967 e 2000. Diante do pedido, Bellido teria sugerido que Patricia estava se preocupando com questões pequenas e deveria “casar-se” para ocupar seu tempo. Após ouvir da deputada que ela já foi “solteira, casada, divorciada e agora viúva”, Bellido teria respondido: “agora só falta que te estuprem”. Desde que fez a denúncia, Chirinos diz estar sofrendo ameaças. A adjunta para Direitos da Mulher na Defensoria do Povo, Eliana Revollar, condenou as frases atribuídas ao primeiro-ministro e lamentou “uma situação grave na terminologia que muitas vezes se estende à sociedade. O estupro é tido como algo normal, não se levanta a voz contra ele”. Bellido nega tudo e diz que há “outro objetivo e malícia” na denúncia da deputada. No Gestión.
PORTO RICO 🇵🇷
O governador Pedro Pierluisi anunciou na segunda (30) novas restrições para conter o aumento de casos da covid-19, incluindo o fechamento de estabelecimentos e a proibição de venda de álcool após a meia-noite. Depois desse horário, também ficam proibidas aglomerações em “eventos sociais”, como concertos, casamentos e festas privadas. O governo também determina que cirurgias eletivas não-emergenciais sejam adiadas. Segundo Pierluisi, a decisão é “inevitável”, ainda que a ilha estivesse indo “pelo caminho certo”: mesmo com mais de 2 milhões de imunizados (de um total de 3,3 milhões de pessoas), o território associado aos EUA viu a taxa de casos positivos subir de 1,4% dos testes em junho para 10% nas últimas semanas. Via AP.
REPÚBLICA DOMINICANA 🇩🇴
O Senado aprovou um projeto que estabelece a lei nacional de vacinação, passando ao Estado obrigação total em garantir, de forma gratuita, acesso a todas as vacinas contra todas as doenças tratadas por meio de inoculação (ou seja, não apenas a covid-19). O texto rodou bastante e gerou polêmica antes da aprovação, uma vez que não estava claro se a medida tornaria a vacinação algo obrigatório. Após senadores entenderem que a lei apenas obrigaria a garantia de vacinas, o texto encontrou menos rechaço e foi aprovado por unanimidade. Já aplicando a terceira dose do imunizante contra o coronavírus, os dominicanos têm bons números de vacinação para os padrões latino-americanos, com 50% de cidadãos totalmente vacinados. No Diario Libre.
URUGUAI 🇺🇾
Por fim, as fronteiras começam a ser reabertas para valer. Desde quarta-feira (1º), o Uruguai voltou a aceitar estrangeiros proprietários de imóveis (e suas famílias) no país, recebendo 674 pedidos de entrada já no primeiro dia. Em novembro, o plano é que a reabertura seja geral. No retorno, que contempla principalmente argentinos (os maiores “proprietários” estrangeiros no Uruguai), um choque de realidade com os preços: no câmbio real, que considera o valor do dólar paralelo em relação ao peso argentino, a moeda emitida em Buenos Aires se desvalorizou 34% durante a pandemia em relação à sua contraparte uruguaia – e o paisito ficou “caríssimo” para os visitantes do outro lado do Rio da Prata. Segundo o Observatório de Conjuntura Econômica da Universidade Católica do Uruguai, é o pior câmbio para os argentinos desde 1989, quando o país estava mergulhado em uma hiperinflação de mais de 3.000% ao ano. Em El País Negocios.